Resenha: 'Dirceu'
Daniel, Hoffmann, Carlos Henrique, Pedro Caroço. Cubano, argentino, brasileiro. Quem foi ou é José Dirceu?
Cabral entrevistou 63 pessoas, anônimas e públicas, para contar a trajetória de José Dirceu, mineiro de Passa Quatro, cidade de 11 mil habitantes no interior de Minas Gerais, que dizia à mãe a frase que repetiria ao longo da vida: ‘Um dia serei presidente da República."
Trajetória: identidade tripla
Líder estudantil em 1968, Dirceu foi o protagonista do histórico congresso da UNE em Ibiúna. Capturado, foi um dos presos trocados pelo embaixador americano.
Exilou-se em Cuba, onde tornou-se um protegido de Fidel Castro que o escolheu para comandar, já com o novo rosto, um foco de guerrilha no Brasil. Com o fracasso do movimento, José Dirceu iniciou um longo período de clandestinidade, só interrompido com a anistia em 1979.
Nesse período, com o nome de Carlos Henrique Gouveia de Melo, levou uma vida dupla de um tranquilo comerciante do Paraná, escondendo da mulher, Clara Becker, sua identidade de fugitivo do regime militar. Mas, na verdade, Dirceu levava uma vida de identidade tripla, porque tinha outra mulher em São Paulo, para onde ia com frequência a pretexto de comprar roupas para sua loja, a Magazine do Homem.
Depois da anistia, conheceu o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, fundou o Partido dos Trabalhadores (PT) e tornou-se um dos mais importantes articuladores do petismo. Em 2003, quase concretizou seu sonho de ser presidente da República, ao ser nomeado, com plenos poderes, ministro-chefe da Casa Civil do recém-eleito presidente Lula.
Porém, a relação de 33 anos entre Dirceu e Lula sempre foi simbiótica e tensa, sem que jamais houvesse um clima de confiança entre os dois e, sim, segredos políticos e pessoais mútuos.
A relação ficou ainda mais desgastada, quando Dirceu foi confrontado com pedidos de investigação sobre sua vida política por parte do PT.
Dirceu procurou Lula e exigiu, para se manter em silêncio sobre o financiamento da campanha presidencial, que ele articulasse sua candidatura à presidência do PT. Lula aceitou.
O envolvimento com as mulheres do bonitão “Ronnie Von das massas”, desde a história da Maçã Dourada, a bela agente do Dops infiltrada, que quase terminou sua carreira de líder estudantil, às alegres “meninas” de Jeany Corner, a cafetina da República, os delírios de grandeza, a avidez de poder e a arrogância com a imprensa, que não se curvava à sua autoridade imperial, culminaram no escândalo do mensalão.
José Dirceu, por 293 votos contra 192, teve seu mandato de deputado federal cassado no processo do mensalão, o julgamento da história, em dezembro de 2005, quando foi condenado a dez anos e dez meses de prisão.
O livro apaixonante de Otávio Cabral prende o leitor, a cada página, à história de um anti-herói, sem ideologia ou princípios morais e éticos e, que, aos 67 anos “jamais chegou a lugar nenhum”, nem chegará.
19 de junho de 2013
Marisa Motta
Líder estudantil em 1968, Dirceu foi o protagonista do histórico congresso da UNE em Ibiúna. Capturado, foi um dos presos trocados pelo embaixador americano.
Exilou-se em Cuba, onde tornou-se um protegido de Fidel Castro que o escolheu para comandar, já com o novo rosto, um foco de guerrilha no Brasil. Com o fracasso do movimento, José Dirceu iniciou um longo período de clandestinidade, só interrompido com a anistia em 1979.
Nesse período, com o nome de Carlos Henrique Gouveia de Melo, levou uma vida dupla de um tranquilo comerciante do Paraná, escondendo da mulher, Clara Becker, sua identidade de fugitivo do regime militar. Mas, na verdade, Dirceu levava uma vida de identidade tripla, porque tinha outra mulher em São Paulo, para onde ia com frequência a pretexto de comprar roupas para sua loja, a Magazine do Homem.
Depois da anistia, conheceu o sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, fundou o Partido dos Trabalhadores (PT) e tornou-se um dos mais importantes articuladores do petismo. Em 2003, quase concretizou seu sonho de ser presidente da República, ao ser nomeado, com plenos poderes, ministro-chefe da Casa Civil do recém-eleito presidente Lula.
Porém, a relação de 33 anos entre Dirceu e Lula sempre foi simbiótica e tensa, sem que jamais houvesse um clima de confiança entre os dois e, sim, segredos políticos e pessoais mútuos.
A relação ficou ainda mais desgastada, quando Dirceu foi confrontado com pedidos de investigação sobre sua vida política por parte do PT.
Dirceu procurou Lula e exigiu, para se manter em silêncio sobre o financiamento da campanha presidencial, que ele articulasse sua candidatura à presidência do PT. Lula aceitou.
O envolvimento com as mulheres do bonitão “Ronnie Von das massas”, desde a história da Maçã Dourada, a bela agente do Dops infiltrada, que quase terminou sua carreira de líder estudantil, às alegres “meninas” de Jeany Corner, a cafetina da República, os delírios de grandeza, a avidez de poder e a arrogância com a imprensa, que não se curvava à sua autoridade imperial, culminaram no escândalo do mensalão.
José Dirceu, por 293 votos contra 192, teve seu mandato de deputado federal cassado no processo do mensalão, o julgamento da história, em dezembro de 2005, quando foi condenado a dez anos e dez meses de prisão.
O livro apaixonante de Otávio Cabral prende o leitor, a cada página, à história de um anti-herói, sem ideologia ou princípios morais e éticos e, que, aos 67 anos “jamais chegou a lugar nenhum”, nem chegará.
19 de junho de 2013
Marisa Motta
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