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“Os homens e as nações agirão racionalmente apenas quando todas as outras possibilidades estiverem esgotadas.”
Quando li A Rebelião das massas do espanhol José Ortega y Gasset (o primeiro escrito sério que li na vida), eu ainda carregava ilusões que me levavam a pensar que os tempos referidos por Gasset já estavam superados. Mas é assim, não? Maior a burrice, maior a propensão a um wishful thinking canalha só possivelmente plantado ali por gente da mais baixa índole; a esse respeito, leia o livro Maquiavel Pedagogo e comprove.
Pois bem, anos de progressismo sendo despejado nos jovens cérebros que vão à escola – uma geração após a outra – e finalmente eles conseguiram criar a geração mais ignorante da história brasileira. Se tomarmos como exemplo as recentes reações aos protestos na cidade de São Paulo, há de se dizer que poucos conseguem perceber que praticamente não existe gratuidade quando se trata de bens e serviços.
É uma coisa que deveria ser de uma obviedade tão, mas tão gritante, que é assustador ver como não se percebe mais isso. Se você quer algo, você tem de fazer alguma coisa para conseguir; não deveria ser óbvio isso?
Que fique claro que este artigo não é para criticar os militantes que estão na Avenida Paulista aplainando uma candidatura petista ao governo estadual nas próximas eleições, mas sim para falar ao sujeito que, do lado de fora, acredita realmente em coisas como “o povo brasileiro acordando”, “transporte público grátis”, etc. Isso, em português claro, é história para boi dormir. Se você acredita nessas mentiras românticas, lamento dizer, mas os acontecimentos desta semana na cidade de São Paulo já fazem parte da campanha eleitoral de facto.
Apoiar esses protestos é fazer o autêntico papel de idiota útil (sim, é triste assim mesmo, e o primeiro parágrafo do artigo “A tarifa da ignorância” do Felipe Moura Brasil resume magistralmente a situação desses simpatizantes). Ademais, essa campanha [olhando de uma perspectiva macro] está englobada em uma outra que começou não nesta semana, não no dia seguinte ao da eleição de Geraldo Alckmin, não; ela começou uma nova etapa [para nunca mais parar] há mais de nove décadas, no ano de 1917.
As pessoas de fora jogando lenha nessa fogueira quase centenária, convictas de estarem fazendo a coisa certa, não sabem que uma hora o fogo não poderá ser mais apagado. Como dizem as prudentes mães, “quem brinca com fogo se queima”. Não se trata de “querer que tudo fique como está”, isso não existe, ninguém pensa absolutamente assim. Trata-se de não se colocar fogo em tudo, pois se assim for, não sobrará nada mais para reivindicar, somente destroços.
Somada essa ignorância dos fatos a uma Petrobrás à beira de uma falência, uma inflação cada vez mais crescente, um poder político cada vez mais “totalizante”, não acho exagero cogitar a possibilidade de que a fogueira dos ânimos perca o controle e se alastre de modo irreversível. Já houve guerras civis por muito menos. Afinal, como diz a Lei de Katz, “Os homens e as nações agirão racionalmente apenas quando todas as outras possibilidades estiverem esgotadas”, e, no Brasil, o poço de irracionalidade parece não ter fundo.
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Quanto aos preços das coisas, lamento dizer, mas os bens e serviços sempre custarão algo; There’s no such thing as a free lunch [Não existe essa coisa de almoço grátis] diz o ditado popular. Sempre alguém pagará; Se não for o usuário propriamente dito, serão os contribuintes, pois colocar um serviço supostamente sem custos, é pedir que o Estado tome conta dele; e quando o Estado toma conta das coisas, invariavelmente só se seguem desgraças.
Por fim, para entender o porquê de tudo custar alguma coisa, leia o ensaio Eu, o lápis. E, para entender a desgraça certa que representa um Estado gigante, leia os livros Intervencionismo – Uma análise econômica do economista austríaco Ludwig von Mises e A anatomia do estado do “libertário-mór” Murray Rothbard.
Publicado no site da revista Vila Nova.
19 de junho de 2013
Leonildo Trombela Júnior é jornalista e tradutor.
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