"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 29 de junho de 2013

SANATÓRIO (OU SANITÁRIO) DA 'POLÍTICA' BRASILEIRA

Faz sentido


“Acreditamos numa reforma da decisão proferida contra o deputado José Genoíno”.

Luiz Fernando Pacheco, advogado de José Genoino, insinuando que Dilma Rousseff pretende incluir a absolvição dos mensaleiros no plebiscito sobre a reforma política.
 

Esclarecimento necessário

“A defesa de José Genoino não tem com o que se preocupar, porque jamais apresentaremos recursos protelatórios”.

Luiz Fernando Pacheco, advogado de José Genoino, deixando claro que quem tem de se preocupar com cadeia não é o defensor e sim o réu condenado.

Aula magna

“A vida dentro de casa melhorou muito nos últimos dez anos. Fora de casa, nem tanto. Não conseguimos resolver o problema da mobilidade urbana. Na Educação, não conseguimos alfabetizar as crianças com menos de 8 anos. Nas universidades, não conseguimos criar mais vagas de Medicina nem aparelhar de forma adequada o sistema de Saúde no interior. Todos nós que fazemos política temos que ouvir as vozes das ruas e transformar essa energia em energia institucional”.

Dilma Rousseff, na reunião com meio mundo, explicando que, embora ela e Lula tenham feito quase tudo, não fizeram quase nada.

A serviço da pátria

“A situação deve ser mesmo muito grave. Se não fosse, a gente não estava aqui”.

Gilberto Kassab, presidente do PSD, ao chegar para a reunião entre Dilma Rousseff e meio mundo, deixando muito claro que seu partido não está à direita, nem à esquerda nem no meio das manifestações de protesto, mas desde já se coloca à disposição dos manifestantes caso cheguem ao poder e precisem de gente para preencher vagas no ministério, no segundo escalão ou em alguma estatal.

Problema complicado

“Vi em uma das manifestações um rapaz segurando um cartaz que dizia: ‘Estou p… da vida!’ Como resolver isso?”

Michel Temer, vice-presidente da República, revelando que só pode resolver problemas de quem está feliz da vida.
 

Igualdade para os corruptos

“A decisão é um mau presságio para os condenados”.

Ricardo Lewandowski, depois da prisão do deputado federal Natan Donadon por determinação do STF, desconfiando que, para os ministros que não devem obediência a Lula, não há diferenças relevantes entre os mensaleiros e os demais corruptos do Brasil.

Não custa lembrar

“Nós não devemos subestimar a capacidade dos eleitores e do povo e nem da nossa tecnologia”.

Eduardo Braga, líder do governo no Senado, sobre a complexidade da reforma política, fingindo esquecer que também não se deve subestimar a incompetência dos nossos políticos.
 

Ouvido seletivo (2)

“Ficou absolutamente claro que a reforma política é necessária e que o povo deve ser ouvido nessa reforma”.

José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, deixando absolutamente claro que não ouviu o povo que tem avisado nas ruas que acha muito mais necessárias a volta da vergonha na cara e a transferência dos corruptos de estimação para uma cadeia de segurança máxima.

Neurônio calouro

“Meu governo vai disputar a voz das ruas”.

Dilma Rousseff, confundindo a voz das ruas com concurso de calouros.

Abandono de emprego

“Todos os partidos serão formalmente convidados a apresentar suas propostas”.

Aloizio Mercadante, ao comentar o plebiscito sobre a reforma política proposto por Dilma Rousseff, confirmando que, como o Ministério da educação já resolveu todos os problemas legados por FHC, pode dedicar-se em tempo integral ao cargo de ministro de Crises Políticas.

29 de junho de 2013
in Augusto Nunes

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