Se a recente declaração da Presidenta Dilma, dando conta que a violência envergonha o Brasil - referindo-se aos atos de vandalismo que estão acompanhando as manifestações por todo o país - fosse precedida de um pouco de reflexão, teria asido travada, a conselho de seus assessores, supostos minimamente sensíveis às questões que atualmente angustiam a sociedade que protesta, despertando de seu longo sono.
23 de junho de 2013
Qualquer indivíduo dotado de um mínimo de consciência política, diante da declaração, deve ser conduzido ao seguinte raciocínio: a convergência de milhões de pessoas, desde que se iniciaram as mobilizações ao longo do território nacional - turbinadas pela insatisfação geral e pela falta de confiança nas instituições e autoridades - resultou num número de mortos ou feridos infinitamente menor que o das vítimas diárias de homicídios e arrastões, responsáveis pela sensação de insegurança que os órgãos encarregados de zelar pela ordem pública, com elementos mal equipados, mal treinados, mal pagos e desassistidos, não conseguem minorar.
Assim, prossegue o nosso cidadão, essa violência diária é muito mais letal do que a que se refere a Presidenta. Quanto aos vandalismos, muito se tem escrito ultimamente sobre os verdadeiros, mais devastadores - os autênticos - representados pela educação pessimamente ranqueada, mesmo em relação a países menos desenvolvidos; pelas emergências hospitalares quase genocidas; pelo populismo eleitoral, materializado por bolsas que incentivam a indolência e não promovem a dignidade dos supostamente beneficiados; pela classe política vergonhosamente pragmática, visando somente à manutenção do poder de poucos - os mesmos - ; pelos sistemas de mobilidade pública indignos; pela corrupção endêmica; pelos 39 ministérios; pelos superfaturamentos sem explicação; pelas ajudas injustificadas a ditadores sul americanos, mediante a utilização de recursos do povo; pela dilapidação, para fins políticos, da nossa outrora eficiente empresa de petróleo, só para citar alguns exemplos .
Diante desse quadro macabro o nosso cidadão consciente perguntará: não serão essas as fontes da verdadeira violência que deveria envergonhar o Brasil?
23 de junho de 2013
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-mar-e-guerra reformado.
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