De olho em 2014
Este mês, o grupo já analisa, estrategicamente e com mais profundidade, as realidades e dificuldades que o PT enfrentará nos diversos estados em 2014. Tantos nos palanques para Dilma quanto nas disputas para governador, senador, deputado federal e estadual. Há três meses, Falcão reuniu, em São Paulo, presidentes e representantes dos 27 diretórios estaduais, em um encontro preliminar.
O presidente do partido pediu para que cada dirigente fizesse raio X de como está a situação da legenda nos estados. Quais aliados são confiáveis, onde estão os palanques garantidos, como estão os movimentos dos oposicionistas — incluindo as ações do PSB, de Eduardo Campos. E deu prazo até este mês para que eles tragam o resultado. “O xadrez começará a ser jogado com as peças que tivermos em mãos”, comparou um interlocutor de Rui Falcão.
Na luta em busca da reeleição, a presidente Dilma Rousseff reeditou o formato “Três porquinhos”, que deu certo em 2010, nas eleições que a conduziram ao primeiro mandato no Palácio do Planalto. O trio anterior, era formado pelo hoje ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; pelo ex-ministro Antonio Palocci; e pelo ex-presidente do PT, José Eduardo Dutra. A nova tríade responsável, até o momento, por tentar mais quatro anos para Dilma é composta pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e pelo atual presidente do PT, Rui Falcão. Ao lado da própria presidente e do marqueteiro João Santana, eles se reúnem uma vez por mês para examinar as peças que já estão colocadas no tabuleiro, desde o início do ano, quando as eleições de 2014 foram antecipadas pelo partido.
Este mês, o grupo já analisa, estrategicamente e com mais profundidade, as realidades e dificuldades que o PT enfrentará nos diversos estados em 2014. Tantos nos palanques para Dilma quanto nas disputas para governador, senador, deputado federal e estadual. Há três meses, Falcão reuniu, em São Paulo, presidentes e representantes dos 27 diretórios estaduais, em um encontro preliminar.
O presidente do partido pediu para que cada dirigente fizesse raio X de como está a situação da legenda nos estados. Quais aliados são confiáveis, onde estão os palanques garantidos, como estão os movimentos dos oposicionistas — incluindo as ações do PSB, de Eduardo Campos. E deu prazo até este mês para que eles tragam o resultado. “O xadrez começará a ser jogado com as peças que tivermos em mãos”, comparou um interlocutor de Rui Falcão.
Oscilação natural
Até o momento, asseguram aliados do grupo de comando, não há desespero pela queda da presidente DUma nos índices de intenção de voto. A avaliação é de que a oscilação é natural e não decorre de erros cometidos na gestão do governo federal. As dificuldades com a economia, materializadas no aumento da inflação, na disparada do preço do dólar ou no pífio crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) são reflexos de um cenário de contração que não afeta apenas o Brasil. Os petistas apostam que, após o destravamento dos editais de concessão, o jogo será revertido pró-Dilma.
Como a campanha ainda não começou efetivamente, fica mais difícil definir com clareza o papel de cada um. Livre do peso de ocupar o Planalto, mas também sem a caneta que turbinou a campanha de sua pupila, Lula é o grande mentor do grupo. Eles conversam com frequência e, diversas vezes, a presidente abandonou agendas públicas para se encontrar com o antecessor, em São Paulo.
Animado após eleger Fernando Haddad como prefeito da capital paulista, e disposto a provar que não está morto politicamente, apesar das acusações do ex-pubficitário Marcos Valério sobre seu suposto envolvimento com mensalão, Lula aposta na reeleição de Dilma para consolidar seu carisma político. Ele tem definido diretamente com João Santana o tòm dos pronunciamentos presidenciais e ú que deve ser explorado nas inserções partidárias do PT.
Depois que decidiu abandonar a lista de pré-candidatos ao governo de São Paulo, o ministro da Educação, Aloizio Mercadan-te, mergulhou de cabeça na articulação política. He tem conversado diretamente com representantes e presidentes dos partidos aliados, dentre eles o PMDB, PP, PTB, PR e PSD. Após a vitória do governo na votação da MP dos Portos, encontrou-se em duas oportunidades, a sós, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Aliados de Mercadante garantem que ele não se envolve nas questões pontuais dei votação no Congresso, deixando essa missão para a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, e para a chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann. "As conversas dele são macro, de político no sentido mais amplo", confidenciou um petista próximo ao ministro. Por estar amarrado ao cargo, ele não pode viajar para articulações políticas. Assessores garantem que, toda as vezes em que Mercadante se ausenta de Brasília, as viagens envolvem atividades da pasta que ocupa.
Esse trabalho de andar pelo país, para desenhar o mapa eleitoral, é atribuição direta de Rui Falcão. Ele também tem interesse pessoal nessa vida itinerante: em novembro, tentará reeleger-se para comandar o PT por mais dois anos, e precisa manter amarrado o apoio ao próprio nome. "Rui não terá dificuldades. Ele soube bem reunir todas as tendências do PT", elogiou o deputado Carlos Zarattmi (SP).
Tão logo o partido defina os nomes que disputarãò as eleições estaduais, outros integrantes porquinhos. Figura importante na campanha de três anos atrás, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pi-mentel, estará mais preocupado em conduzir a própria campanha ao governo mineiro. Se não for o ministro José Eduardo Cardozo um dos porquinhos em 2010 — fatalmente se unirá ao grupo. Caso permaneça na Esplanada, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já tem missão definida. "Ele sabe tudo de Pará e é lógico que será mandado para lá", ironizou um militante partidário.
16 de julho de 2013
Paulo de Tarso Lyra / Correio Braziliense
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