Ao assumir nesta quarta-feira o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o deputado Pepe Vargas (PT-RS) encontrará um cenário muito mais tenso no campo do que o encontrado pelo seu antecessor, Afonso Florence (PT-BA), no início do governo da presidente Dilma Rousseff. Irritados com o que consideram "lentidão" e "falta de compromisso" do governo com a questão agrária, os movimentos de trabalhadores rurais tomaram a decisão de se unificarem na jornada de lutas e prometem um Abril Vermelho muito mais vigoroso.
"Como a pauta agrária no início do governo Dilma não avançou, as desapropriações foram vergonhosas, pior índice dos últimos 16 anos, isso gera uma coisa conflituosa", analisou um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Alexandre Conceição. "Este ano será um ano atípico na luta no campo que será muito mais forte, sem dúvida", afirmou.
O Abril Vermelho consiste em uma série de manifestações e ocupações feitas anualmente pelo MST para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 7 de abril de 1996 no Pará, e pedir agilidade na reforma agrária. O MST esteve engajado na campanha da presidenta Dilma Rousseff e, em abril do ano passado, de acordo com Conceição, a relação com o novo governo ainda se definia.
"Como na campanha ela assumiu o compromisso de dar continuidade ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nós entendemos que seria dar continuidade às desapropriações", destacou Conceição.
No entanto, ao final de um ano de governo, de acordo com dados do MST, somente 22 mil famílias foram assentadas. Só do MST, há cerca de 100 mil famílias esperando pelas desapropriações de terra. "O governo ficou paralisado na desapropriação de terras. Houve o corte no orçamento, a demora em nomear o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. A presidente assinou um único decreto de desapropriação em dezembro. A burocracia do governo é que gerou esse descontentamento no campo, tanto é que nós, do campo, já fizemos o lançamento público e um chamado de vários movimentos do campo para uma luta conjunta", destacou Conceição.
No início deste mês, as mulheres camponesas comemoraram o Dia Internacional da Mulher com várias atividades que incluíram manifestações em rodovias, ocupações de fazendas e de órgãos públicos em todo País.
As ocupações das agências do Banco do Brasil, realizadas ontem em vários municípios do Paraná, de acordo com o movimento, têm por objetivo demonstrar ao governo que as linhas de créditos destinadas à agricultura familiar não estão sendo suficientes e as condições de juros e pagamento não atendem às necessidades da população do campo.
14 de março de 2012
Postado por Pedro Bougleux
Um painel político do momento histórico em que vivem o país e o mundo. Pretende ser um observatório dos principais acontecimentos que dominam o cenário político nacional e internacional, e um canal de denúncias da corrupção e da violência, que afrontam a cidadania. Este não é um blog partidário, visto que partidos não representam idéias, mas interesses de grupos, e servem apenas para encobrir o oportunismo político de bandidos. Não obstante, seguimos o caminho da direita. Semitam rectam.
"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)
"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)
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