Reunidos em Mendoza, chanceleres do Mercosul chegam a pré-acordo que deve ser ratificado por presidentes
Nenhum país defendeu sanção econômica, diz Patriota, que é evasivo sobre adesão plena da Venezuela a organismo
Os chanceleres dos países do Mercosul, reunidos ontem em Mendoza, concordaram em manter a suspensão do Paraguai do bloco, mas descartaram sanções econômicas contra o país. O pré-acordo deve ser referendado hoje, em encontro de chefes de Estado na cidade argentina.
O Mercosul havia suspendido o Paraguai no domingo, dias após o presidente Fernando Lugo ter sido destituído do poder em um processo sumário de impeachment.
O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, evitou falar de prazos para a suspensão. Fontes diplomáticas citavam ontem que ela se estenderia até as eleições no Paraguai, previstas para abril de 2013.
"O Protocolo de Ushuaia, do qual são signatários Paraguai, Uruguai e Argentina, além de Chile e Bolívia, preconiza que a plena vigência democrática é uma condição essencial para o processo de integração. Foi nesse sentido que se tomou a decisão no domingo passado e que deverá ser tomada amanhã", afirmou. "Não existe plena vigência democrática."
Antes da conferência, o bloco parecia estar dividido entre aqueles que defendiam a aplicação de punições econômicas ao Paraguai, conforme está previsto nos acordos que constituem o organismo, e aqueles que, como o Brasil, buscavam sanções apenas de ordem diplomática e política.
Segundo Patriota, porém, nenhum chanceler defendeu punições econômicas.
"O entendimento é com base no Protocolo de Ushuaia, artigo 5º. Existe uma primeira frase que fala da suspensão da participação das reuniões e uma segunda frase que fala da suspensão de direitos e obrigações. A decisão foi de nos circunscrevermos à primeira frase", disse.
"Nenhum país quer que o povo paraguaio sofra as consequências do que aconteceu", afirmou o chanceler argentino, Héctor Timerman, que presidiu as conversas.
VENEZUELA
Outra questão discutida foi aceitar ou não a participação plena da Venezuela no bloco -hoje, ela é "país pleno em estado de adesão". O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, estava presente.
Até o momento, a aceitação plena do país de Hugo Chávez havia sido bloqueada pelo Paraguai, que não ratificou a adesão venezuelana no Parlamento. Nos bastidores da cúpula, discutia-se se o Mercosul aproveitaria a suspensão paraguaia para aprovar a entrada da Venezuela.
Segundo algumas versões, a anfitriã Cristina Kirchner, aliada de Chávez, estaria por trás dessa manobra. O governo negou. "A situação do Paraguai não altera a situação da Venezuela. São processos distintos", disse Timerman.
Patriota foi evasivo. "Há um grande interesse em promover a plena participação da Venezuela, que já participa das reuniões regulares. É um tema que mantém toda sua urgência."
CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL A MENDOZA - Folha de S. Paulo
29 DE JUNHO DE 2012
Nenhum país defendeu sanção econômica, diz Patriota, que é evasivo sobre adesão plena da Venezuela a organismo
Os chanceleres dos países do Mercosul, reunidos ontem em Mendoza, concordaram em manter a suspensão do Paraguai do bloco, mas descartaram sanções econômicas contra o país. O pré-acordo deve ser referendado hoje, em encontro de chefes de Estado na cidade argentina.
O Mercosul havia suspendido o Paraguai no domingo, dias após o presidente Fernando Lugo ter sido destituído do poder em um processo sumário de impeachment.
O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, evitou falar de prazos para a suspensão. Fontes diplomáticas citavam ontem que ela se estenderia até as eleições no Paraguai, previstas para abril de 2013.
"O Protocolo de Ushuaia, do qual são signatários Paraguai, Uruguai e Argentina, além de Chile e Bolívia, preconiza que a plena vigência democrática é uma condição essencial para o processo de integração. Foi nesse sentido que se tomou a decisão no domingo passado e que deverá ser tomada amanhã", afirmou. "Não existe plena vigência democrática."
Antes da conferência, o bloco parecia estar dividido entre aqueles que defendiam a aplicação de punições econômicas ao Paraguai, conforme está previsto nos acordos que constituem o organismo, e aqueles que, como o Brasil, buscavam sanções apenas de ordem diplomática e política.
Segundo Patriota, porém, nenhum chanceler defendeu punições econômicas.
"O entendimento é com base no Protocolo de Ushuaia, artigo 5º. Existe uma primeira frase que fala da suspensão da participação das reuniões e uma segunda frase que fala da suspensão de direitos e obrigações. A decisão foi de nos circunscrevermos à primeira frase", disse.
"Nenhum país quer que o povo paraguaio sofra as consequências do que aconteceu", afirmou o chanceler argentino, Héctor Timerman, que presidiu as conversas.
VENEZUELA
Outra questão discutida foi aceitar ou não a participação plena da Venezuela no bloco -hoje, ela é "país pleno em estado de adesão". O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, estava presente.
Até o momento, a aceitação plena do país de Hugo Chávez havia sido bloqueada pelo Paraguai, que não ratificou a adesão venezuelana no Parlamento. Nos bastidores da cúpula, discutia-se se o Mercosul aproveitaria a suspensão paraguaia para aprovar a entrada da Venezuela.
Segundo algumas versões, a anfitriã Cristina Kirchner, aliada de Chávez, estaria por trás dessa manobra. O governo negou. "A situação do Paraguai não altera a situação da Venezuela. São processos distintos", disse Timerman.
Patriota foi evasivo. "Há um grande interesse em promover a plena participação da Venezuela, que já participa das reuniões regulares. É um tema que mantém toda sua urgência."
CAROLINA VILA-NOVA
ENVIADA ESPECIAL A MENDOZA - Folha de S. Paulo
29 DE JUNHO DE 2012
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