Esta semana conversando com um amigo, falávamos sobre a tão decantada “decadência” do mundo ocidental e em especial da chamada democracia burguesa. Dizer ou afirmar que o Ocidente está decadente é coisa antiga e que o mundo democrata idem, também.
Ao término da conversa fiquei ruminando sozinho com os meus pensamentos sobre o assunto. Claro, quando se fala em decadência do mundo ocidental a idéia central que percorre está sempre relacionada aos valores que de um modo geral entraram em colapso.
Fiquei matutando sobre esse tipo de idéia em especial quando emerge da boca de um “comunista” ou socialistas. Aqui em Natal o que tem de “socialistas” burgueses não está no gibi.
Mas voltando ao nosso assunto propriamente, penso eu que quando se critica um valor, o certo é ter-se outro valor para substituir aquele que está sendo criticado. Penso eu, ainda que alguém mais espertinho possa sair com um “não necessariamente”.
De qualquer forma caberia uma reflexão se essa “saída estratégica” não seria algo também decadente? Bom, o certo é que fiquei me perguntando que “valores” teriam a oferecer ao mundo ocidental, o pensamento comunista depois da queda desse mesmo pensamento comunista com a derrubada do muro de Berlin e com “explosão” da ex-União Soviética? Nessas horas, o critico ocidental fica em silencio. Estratégico?
Mas levando a frente minhas ruminações, comecei a refletir e me perguntar se criticar o “decadentismo” dos valores ocidentais e da democracia não seria algo, no mínimo, conservador? Taí uma boa palavra para se pensar. E penso eu que sim, se levarmos em conta que a acusação da perda dos valores diz respeito quase sempre a “selvageria” do mundo ocidental.
Foi ai que resolvi me perguntar se essa “selvageria” nas artes, por exemplo, não teria inicio com o surgimento do rock and roll e toda sua contestação e selvageria? Pense bem.
O incrível é que entre gente jovem (e mesmo entre não tão jovens) muitos deles são defensores do rock and roll e parece nesse momento não perceber na “arte” nenhuma decadência de valores. (vídeo Bill Haley – Rock Around The Clock 1956)
Vou poupar você leitor das minhas elucubrações pessoais, e dizer que em toda comparação que aborde o tema da decadência ocidental é comum vermos surgir como afirmação que a decadência do ocidente democrata nasce ou tem como origem as criticas do mundo socialista. Esse é quase um axioma em sociologia e outras ciências.
Mas a minha conclusão é que se há um responsável pela decadência da democracia burguesa ocidental outro não é que a própria democracia. Pela sua permanente abertura e convívio com o contrário e com o regime de criticas a democracia permite o surgimento da própria “decadência”.
Mas isso é bom. Ruim é a estagnação. E, claro em regimes fechados (ditaduras, vá lá) é impossível, eu falei impossível, a contestação e acusação. Duvido que um fenômeno como o rock and roll surgisse em um país comunista. Duvido. Em Cuba? Jamais. Logo, é bom repensar o que seria decadente. Talvez para quem acusa seja apenas uma outra forma encoberta, velada, de defender as ditaduras e os regimes fechados.
Laurence Bittencourt
06 de julho de 2012
(*) Foto: Bill Haley
Ao término da conversa fiquei ruminando sozinho com os meus pensamentos sobre o assunto. Claro, quando se fala em decadência do mundo ocidental a idéia central que percorre está sempre relacionada aos valores que de um modo geral entraram em colapso.
Fiquei matutando sobre esse tipo de idéia em especial quando emerge da boca de um “comunista” ou socialistas. Aqui em Natal o que tem de “socialistas” burgueses não está no gibi.
Mas voltando ao nosso assunto propriamente, penso eu que quando se critica um valor, o certo é ter-se outro valor para substituir aquele que está sendo criticado. Penso eu, ainda que alguém mais espertinho possa sair com um “não necessariamente”.
De qualquer forma caberia uma reflexão se essa “saída estratégica” não seria algo também decadente? Bom, o certo é que fiquei me perguntando que “valores” teriam a oferecer ao mundo ocidental, o pensamento comunista depois da queda desse mesmo pensamento comunista com a derrubada do muro de Berlin e com “explosão” da ex-União Soviética? Nessas horas, o critico ocidental fica em silencio. Estratégico?
Mas levando a frente minhas ruminações, comecei a refletir e me perguntar se criticar o “decadentismo” dos valores ocidentais e da democracia não seria algo, no mínimo, conservador? Taí uma boa palavra para se pensar. E penso eu que sim, se levarmos em conta que a acusação da perda dos valores diz respeito quase sempre a “selvageria” do mundo ocidental.
Foi ai que resolvi me perguntar se essa “selvageria” nas artes, por exemplo, não teria inicio com o surgimento do rock and roll e toda sua contestação e selvageria? Pense bem.
O incrível é que entre gente jovem (e mesmo entre não tão jovens) muitos deles são defensores do rock and roll e parece nesse momento não perceber na “arte” nenhuma decadência de valores. (vídeo Bill Haley – Rock Around The Clock 1956)
Mas a minha conclusão é que se há um responsável pela decadência da democracia burguesa ocidental outro não é que a própria democracia. Pela sua permanente abertura e convívio com o contrário e com o regime de criticas a democracia permite o surgimento da própria “decadência”.
Mas isso é bom. Ruim é a estagnação. E, claro em regimes fechados (ditaduras, vá lá) é impossível, eu falei impossível, a contestação e acusação. Duvido que um fenômeno como o rock and roll surgisse em um país comunista. Duvido. Em Cuba? Jamais. Logo, é bom repensar o que seria decadente. Talvez para quem acusa seja apenas uma outra forma encoberta, velada, de defender as ditaduras e os regimes fechados.
Laurence Bittencourt
06 de julho de 2012
(*) Foto: Bill Haley
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