Acusado pelo Tesouro dos EUA de colaborar com o narcotráfico, o general venezuelano Hugo Carvajal acaba de ser nomeado vice-ministro do Interior, um cargo criado há pouco pelo presidente Hugo Chávez.
É a segunda vez neste ano que Chávez promove militares de alto escalão que fazem parte da "Lista Clinton", que congela bens e movimentações financeiras de suspeitos de elo com o narcotráfico nos EUA.
Chávez diz que a lista é mais uma agressão. Afirma que Washington usa o combate às drogas para intervir politicamente e desafiou o país a apresentar provas.
Antes de Carvajal, o promovido foi o general em chefe Henry Rangel Silva. Silva, também parte da "lista", é agora ministro da Defesa. Em junho, Chávez promoveu a comandante-geral do Exército Carlos Alcalá.
O novo comandante é irmão do general Cliver Alcalá, na "lista" desde 2011.
O tema provocou controvérsia em maio, com as declarações de Eladio Aponte Aponte, um ex-juiz do Supremo Tribunal da Venezuela destituído por suposta ligação com o tráfico.
Foragido nos EUA, Aponte promete agora delatar chavistas importantes, entre eles Carvajal e Rangel Silva, à DEA, a agência antidrogas americana. Os EUA não comentam, mas não negam o contato com o ex-juiz.
CARTEL DOS SÓIS
Em 2008, Washington começou a listar os militares como suspeitos. Parte das acusações está ligada a supostos contatos deles com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), guerrilha que se financia com o narcotráfico.
Os acusados têm um ponto em comum: todos são do núcleo tradicionalmente leal a Chávez. As promoções para integrantes do grupo coincidem com o período de convalescença do presidente em meio à sua quarta campanha à Presidência.
O tema mereceu análise do centro de estudos International Crisis Group. "O outro preço que o presidente parece disposto a pagar em troca de lealdade é a implicação de integrantes do alto escalão militar em delitos", diz relatório de 2011.
"Fala-se de um chamado Cartel dos Sóis (uma referência às insígnias dos uniformes dos generais) que tem um papel importante no narcotráfico venezuelano", prossegue o texto.
06 de julho de 2012
in aluizio amorim
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