Muitos servidores estaduais convocados para o ato público em defesa do Iaserj, que seria realizado na manhã do último domingo, tiveram que se antecipar,uma vez que durante a madrugada de sábado enfrentaram de peito aberto a invasão das autoridades constituídas do Estado, Procuradores, Secretaria de Saúde e Secretaria de Segurança, que de forma, totalmente equivocada e truculenta, removerem pacientes em estado grave, sem liberação médica, sem aviso aos familiares, à força e ao arrepio da lei, para unidades de saúde do Estado, com base na decisão prolatada pela juíza Simone Lopes da Costa, da 10ª Vara de Fazenda Pública, requerida pelo corrupto desgovernador Sergio Cabral
Os funcionários do Iaserj afirmam que, “um crime foi praticado, na noite de sábado, pelas autoridades do Rio de Janeiro contra servidores e pacientes”, após ações e lutas em defesa de um hospital público.
Um forte aparato policial cercou o Iaserj, para a operação da secretaria de estado de saúde, fazer as transferências dos pacientes internados no Hospital do Iaserj (hospital central dos servidores que atende o SUS) serem retirados ilegalmente das UTIs em uma noite fria, sem condições de transferência e sem paradeiro para onde foram levados’.
Na verdade, uma operação ilegal de desmonte e fechamento do Hospital do Iaserj para demolição (acordo de ampliação que o Estado do Rio entrega o terreno do Iaserj para a construção de um centro do Inca – Instituto Nacional do Câncer).
As transferências contrariam a ética médica, o ato ilegal tem sido denunciado, mas nem a Justiça, nem o MP se pronunciaram e as liminares que garantiam o funcionamento do Iaserj foram cassadas.
Vale ressaltar que, alguns pacientes não puderam ser removidos devido o estado de saúde grave em que se encontram. Apesar disso, nesta segunda-feira, a água e luz de alguns setores do hospital foram cortadas, segundo os funcionários que permanecem acampados na frente do hospital.
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TRATAMENTOS AMEAÇADOS
Ali viviam, há 8 anos, Rosa Barcelos Rosa, de 56 anos, portadora de Síndrome de Down, e Andreia Paixão, de 38, que sofre de paralisia cerebral. De pacientes abandonadas, sem vínculos sociais, transformaram-se em mascotes daquela comunidade. A remoção delas para o Hospital Eduardo Rabello, no longínquo bairro de Campo Grande, na zona Oeste, comoveu e revoltou todos, do porteiro ao pessoal da CTI.
Antônia Maria dos Santos, técnica de enfermagem que os funcionários consideram como a “mãe” das duas internas, não conteve as lágrimas e as críticas ao comentar a remoção. Sem ter assistido a transferência das ocupantes dos leitos 9 e 10 da enfermaria 53, ‘Tuninha’, como a enfermeira é chamada pelas pacientes, misturou indignação, tristeza, saudade, e medo ao falar das pacientes:
“Sou casada, mas nunca tive filhos. Encontrei nelas o amor filial e sabia que elas gostavam de mim como a uma mãe. Ao longo dos anos em que viveram aqui, nós demos roupas, móveis, tudo.
É inadmissível saber que foram arrancadas daqui no meio da madrugada, carregadas em lençol. É muita truculência e desrespeito ao paciente. Nem uma maca foram capazes de lhes fornecer”, protestou. “Fico imaginando o rostinho delas quando chegarem ao novo hospital, com pessoas diferentes, outro ambiente. Ficarão amedrontadas, perdidas”.
A enfermeira Márcia Silveira, no Iaserj desde 1990, lembrou da entrada delas, em 1994. Triste, ela teme uma ‘provável regressão’ nos avanços cognitivos e motores apresentados pelas duas ao longo da internação no Iaserj.
“Elas chegaram aqui se alimentando na mamadeira, pouco falavam. São pessoas que carregam traumas antigos, de abandono familiar, agressão. Encontraram aqui abrigo, amor, que as fez melhorar. Já se alimentavam sozinhas, faziam festas, retribuíam ao carinho recebido. Tenho medo que elas possam piorar, e até mesmo morrer”.
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PACIENTES EM RISCO
No Chefe do Centro de Tratamentos de Feridas (Cetafe), única unidade na especialidade no estado, a dermatologista Cristina Maria Machado Maia criticou a falta de planejamento ao se iniciar, ‘de forma repentina e despreparada’, o fechamento do Iaserj. Segundo ela, que tem sob sua responsabilidade 600 prontuários, os pacientes não foram comunicados.
“Temos aqui 105 salas de ambulatório. O prédio no Maracanã, para onde será transferido o Cetefe, tem somente 30 salas”, explicou. “Alguns pacientes precisam trocar os curativos das feridas a cada 7 dias. O prazo de alguns deles termina nesta semana que entra. Ninguém sabe se o Iaserj abre amanhã (segunda-feira, 16) ou quando abre.
A situação é gravíssima. Pode haver, inclusive, amputações”.
Para membros da equipe de intensivistas (que atendem no tratamento intensivo) do Iaserj, que foi toda transferida para o Hospital Getúlio Vargas (HGV), na Penha (Zona Norte) junto com os pacientes, a remoção é assustadora. Seus médicos lamentam o fechamento do CTI, criado em 2008 e com ‘muita lenha pra queimar’.
“Recentemente, foram inauguradas 24 UTIs no Hospital Getulio Vargas. Com a transferência do setor daqui para a Penha, o ganho real na rede estadual de saúde será de apenas oito leitos. Esta situação, em um Estado que tem 150 pessoas aguardando uma vaga em CTI, é lamentável. Eles não estão nem aí se 10% destes pacientes morrerem esperando vaga”.
Funcionária do Hospital, onde é secretária da direção da unidade há 8 anos, Andrea Assunção criticou a administração do Iaserj. Para ela, além do risco dos funcionários perderem o emprego, a população do entorno do local ficará desassistida.
“O Iaserj não existe para o governo estadual. Que hospital a população do Centro vai utilizar? O Souza Aguiar já está completamente lotado, com filas gigantes. As pessoas entravam aqui e saíam vivas, saudáveis. Acabaram com um hospital excelente”, disse. “A administração do Pedro Cirilo pode ser considerada horrorosa, ele fez de tudo para fechar isso daqui. Os funcionários que não são concursados sairão com uma mão na frente e outra atrás”.
Paulo Peres
Os funcionários do Iaserj afirmam que, “um crime foi praticado, na noite de sábado, pelas autoridades do Rio de Janeiro contra servidores e pacientes”, após ações e lutas em defesa de um hospital público.
Um forte aparato policial cercou o Iaserj, para a operação da secretaria de estado de saúde, fazer as transferências dos pacientes internados no Hospital do Iaserj (hospital central dos servidores que atende o SUS) serem retirados ilegalmente das UTIs em uma noite fria, sem condições de transferência e sem paradeiro para onde foram levados’.
Na verdade, uma operação ilegal de desmonte e fechamento do Hospital do Iaserj para demolição (acordo de ampliação que o Estado do Rio entrega o terreno do Iaserj para a construção de um centro do Inca – Instituto Nacional do Câncer).
As transferências contrariam a ética médica, o ato ilegal tem sido denunciado, mas nem a Justiça, nem o MP se pronunciaram e as liminares que garantiam o funcionamento do Iaserj foram cassadas.
Vale ressaltar que, alguns pacientes não puderam ser removidos devido o estado de saúde grave em que se encontram. Apesar disso, nesta segunda-feira, a água e luz de alguns setores do hospital foram cortadas, segundo os funcionários que permanecem acampados na frente do hospital.
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TRATAMENTOS AMEAÇADOS
Ali viviam, há 8 anos, Rosa Barcelos Rosa, de 56 anos, portadora de Síndrome de Down, e Andreia Paixão, de 38, que sofre de paralisia cerebral. De pacientes abandonadas, sem vínculos sociais, transformaram-se em mascotes daquela comunidade. A remoção delas para o Hospital Eduardo Rabello, no longínquo bairro de Campo Grande, na zona Oeste, comoveu e revoltou todos, do porteiro ao pessoal da CTI.
Antônia Maria dos Santos, técnica de enfermagem que os funcionários consideram como a “mãe” das duas internas, não conteve as lágrimas e as críticas ao comentar a remoção. Sem ter assistido a transferência das ocupantes dos leitos 9 e 10 da enfermaria 53, ‘Tuninha’, como a enfermeira é chamada pelas pacientes, misturou indignação, tristeza, saudade, e medo ao falar das pacientes:
“Sou casada, mas nunca tive filhos. Encontrei nelas o amor filial e sabia que elas gostavam de mim como a uma mãe. Ao longo dos anos em que viveram aqui, nós demos roupas, móveis, tudo.
É inadmissível saber que foram arrancadas daqui no meio da madrugada, carregadas em lençol. É muita truculência e desrespeito ao paciente. Nem uma maca foram capazes de lhes fornecer”, protestou. “Fico imaginando o rostinho delas quando chegarem ao novo hospital, com pessoas diferentes, outro ambiente. Ficarão amedrontadas, perdidas”.
A enfermeira Márcia Silveira, no Iaserj desde 1990, lembrou da entrada delas, em 1994. Triste, ela teme uma ‘provável regressão’ nos avanços cognitivos e motores apresentados pelas duas ao longo da internação no Iaserj.
“Elas chegaram aqui se alimentando na mamadeira, pouco falavam. São pessoas que carregam traumas antigos, de abandono familiar, agressão. Encontraram aqui abrigo, amor, que as fez melhorar. Já se alimentavam sozinhas, faziam festas, retribuíam ao carinho recebido. Tenho medo que elas possam piorar, e até mesmo morrer”.
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PACIENTES EM RISCO
No Chefe do Centro de Tratamentos de Feridas (Cetafe), única unidade na especialidade no estado, a dermatologista Cristina Maria Machado Maia criticou a falta de planejamento ao se iniciar, ‘de forma repentina e despreparada’, o fechamento do Iaserj. Segundo ela, que tem sob sua responsabilidade 600 prontuários, os pacientes não foram comunicados.
“Temos aqui 105 salas de ambulatório. O prédio no Maracanã, para onde será transferido o Cetefe, tem somente 30 salas”, explicou. “Alguns pacientes precisam trocar os curativos das feridas a cada 7 dias. O prazo de alguns deles termina nesta semana que entra. Ninguém sabe se o Iaserj abre amanhã (segunda-feira, 16) ou quando abre.
A situação é gravíssima. Pode haver, inclusive, amputações”.
Para membros da equipe de intensivistas (que atendem no tratamento intensivo) do Iaserj, que foi toda transferida para o Hospital Getúlio Vargas (HGV), na Penha (Zona Norte) junto com os pacientes, a remoção é assustadora. Seus médicos lamentam o fechamento do CTI, criado em 2008 e com ‘muita lenha pra queimar’.
“Recentemente, foram inauguradas 24 UTIs no Hospital Getulio Vargas. Com a transferência do setor daqui para a Penha, o ganho real na rede estadual de saúde será de apenas oito leitos. Esta situação, em um Estado que tem 150 pessoas aguardando uma vaga em CTI, é lamentável. Eles não estão nem aí se 10% destes pacientes morrerem esperando vaga”.
Funcionária do Hospital, onde é secretária da direção da unidade há 8 anos, Andrea Assunção criticou a administração do Iaserj. Para ela, além do risco dos funcionários perderem o emprego, a população do entorno do local ficará desassistida.
“O Iaserj não existe para o governo estadual. Que hospital a população do Centro vai utilizar? O Souza Aguiar já está completamente lotado, com filas gigantes. As pessoas entravam aqui e saíam vivas, saudáveis. Acabaram com um hospital excelente”, disse. “A administração do Pedro Cirilo pode ser considerada horrorosa, ele fez de tudo para fechar isso daqui. Os funcionários que não são concursados sairão com uma mão na frente e outra atrás”.
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