Cristo, ao contrário do que pensam muitos cristãos, não era cristão.
Era judeu. E como tal foi circuncidado. O que gerou uma grave dúvida entre os
teólogos da Idade Média. Ao subir aos céus em corpo e alma, seu sagrado prepúcio
teria ficado na terra?
Corria o ano da graça de 1351. Uma grave discussão tomou conta das mentes da época, o prepúcio de Cristo. A discussão de fundo, em verdade, era outra. Em Barcelona, um guardião franciscano levantou a tese, em um sermão público, que o sangue versado pelo Cristo durante a Paixão havia perdido toda divindade, havia se separado do Verbo e ficado na terra. A proposição era nova e de difícil demonstração. Nicolas Roselli, inquisidor de Aragon, aproveitou a vaza para atacar os franciscanos, que detestava, e a transmitiu a Roma. O cardeal de Sainte-Sabine, sob as ordens de Clemente VI, escreveu que o papa havia recebido com horror esta odiosa asserção.
Sua Santidade, tendo reunido uma assembléia de teólogos, combateu em pessoa esta doutrina e conseguiu que fosse condenada. Os inquisidores receberam em todos os lugares a ordem de abrir os procedimentos contra aqueles que tivessem a audácia de sustentar esta heresia. O triunfo de Roselli foi completo. O infeliz franciscano barceloneta teve de negar sua tese, do alto da mesma cátedra em que a havia proferido.
Restou o problema do prepúcio. Segundo os franciscanos, o sangue do Cristo podia ter ficado na terra, pois o prepúcio extirpado durante a circuncisão havia sido conservado na igreja de Latrão e era venerado como uma relíquia sob os olhos do próprio papa e do cardeal. Um século transcorreu quando, em 1448, o franciscano Jean Bretonelle, professor de teologia da Universidade de Paris, submeteu a affaire à faculdade. Uma comissão de teólogos foi nomeada. Após sérios debates, tomou uma decisão solene, declarando não ser contrário à fé crer que o sangue vertido durante a Paixão tivesse ficado na terra. De inhapa, estava resolvida também a questão do prepúcio.
Os cristãos hoje não são circuncidados graças ao apóstolo Paulo. Para Pedro, também os gentios deviam obedecer à lei mosaica e, portanto, serem circuncidados. Paulo, homem viajante, logo percebeu que não poderia impor a tribos distantes não só a circuncisão, como também os preceitos culinários que identificam os judeus. O que gerou o chamado Incidente de Antióquia.
Diz Paulo em Gálatas 2:11 e seguintes:
Quando, porém, Cefas (Pedro) veio a Antióquia, resisti-lhe na cara, porque era repreensível. Pois antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; mas quando eles chegaram, se foi retirando e se apartava deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimularam com ele, de modo que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando eles chegaram, se foi retirando e se apartava deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimularam com ele, de modo que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam retamente conforme a verdade do evangelho, disse a Cefas perante todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como os judeus, como é que obrigas os gentios a viverem como judeus?
Na Epístola aos Romanos, 4:29, Paulo já via a necessidade de fugir à ortodoxia hebraica quando tratava com estrangeiros:
É porventura Deus somente dos judeus? Não é também dos gentios? Também dos gentios, certamente, se é que Deus é um só, que pela fé há de justificar a circuncisão, e também por meio da fé a incircuncisão.
Os gentios foram liberados da circuncisão, e este é um dos tantos sinais que naquele momento estava surgindo uma cisão no judaísmo, que gerou o cristianismo. Os judeus, no entanto, perseveraram no cumprimento estrito da lei mosaica. Não por acaso, Paulo foi entregue aos romanos e por pouco escapou da morte, por ter levado ao templo o incircunciso Trófimo de Éfeso.
Comentei há pouco a decisão de um tribunal do distrito de Colônia, Alemanha, de declarar a remoção do prepúcio por razões religiosas como lesão intencional e, portanto, ilegal. "O direito de uma criança a sua integridade física supera o direito dos pais", afirma a decisão. Na ocasião, manifestei a dúvida de que os alemães conseguissem proibir uma tradição milenar judaica.
Dito e feito. Sexta-feira passada, o jornal britânico The Guardian noticiava que um porta-voz da chanceler Angela Merkel prometeu às comunidades judaica e muçulmana que ambas estarão livres para realizar a circuncisão em crianças, apesar da uma proibição judicial do tribunal de Colônia. O governo disse que iria encontrar uma maneira de contornar a proibição. "Para todo mundo no governo é absolutamente claro que queremos ter vida religiosa judaica e muçulmana na Alemanha", disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert. "A circuncisão realizada de forma responsável deve ser possível neste país sem punição."
Ainda há pouco, falando sobre os muçulmanos, Merkel declarou que os alemães já deviam ter percebido há muito tempo quanto a imigração vem mudando o país e que eles precisam se acostumar com a existência de mais mesquitas em suas cidades. Até aí, isto se chama liberdade de culto. O problema é que as mesquitas são centros de doutrinação, nos quais os mulás pregam a insubmissão às leis do país que os acolhe.
A Alemanha, que já vinha abrindo as pernas para o Islã, agora desautoriza uma corte judicial alemã, para não descontentar muçulmanos e judeus.
janer cristaldo
16 de julho de 2012
Corria o ano da graça de 1351. Uma grave discussão tomou conta das mentes da época, o prepúcio de Cristo. A discussão de fundo, em verdade, era outra. Em Barcelona, um guardião franciscano levantou a tese, em um sermão público, que o sangue versado pelo Cristo durante a Paixão havia perdido toda divindade, havia se separado do Verbo e ficado na terra. A proposição era nova e de difícil demonstração. Nicolas Roselli, inquisidor de Aragon, aproveitou a vaza para atacar os franciscanos, que detestava, e a transmitiu a Roma. O cardeal de Sainte-Sabine, sob as ordens de Clemente VI, escreveu que o papa havia recebido com horror esta odiosa asserção.
Sua Santidade, tendo reunido uma assembléia de teólogos, combateu em pessoa esta doutrina e conseguiu que fosse condenada. Os inquisidores receberam em todos os lugares a ordem de abrir os procedimentos contra aqueles que tivessem a audácia de sustentar esta heresia. O triunfo de Roselli foi completo. O infeliz franciscano barceloneta teve de negar sua tese, do alto da mesma cátedra em que a havia proferido.
Restou o problema do prepúcio. Segundo os franciscanos, o sangue do Cristo podia ter ficado na terra, pois o prepúcio extirpado durante a circuncisão havia sido conservado na igreja de Latrão e era venerado como uma relíquia sob os olhos do próprio papa e do cardeal. Um século transcorreu quando, em 1448, o franciscano Jean Bretonelle, professor de teologia da Universidade de Paris, submeteu a affaire à faculdade. Uma comissão de teólogos foi nomeada. Após sérios debates, tomou uma decisão solene, declarando não ser contrário à fé crer que o sangue vertido durante a Paixão tivesse ficado na terra. De inhapa, estava resolvida também a questão do prepúcio.
Os cristãos hoje não são circuncidados graças ao apóstolo Paulo. Para Pedro, também os gentios deviam obedecer à lei mosaica e, portanto, serem circuncidados. Paulo, homem viajante, logo percebeu que não poderia impor a tribos distantes não só a circuncisão, como também os preceitos culinários que identificam os judeus. O que gerou o chamado Incidente de Antióquia.
Diz Paulo em Gálatas 2:11 e seguintes:
Quando, porém, Cefas (Pedro) veio a Antióquia, resisti-lhe na cara, porque era repreensível. Pois antes de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; mas quando eles chegaram, se foi retirando e se apartava deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimularam com ele, de modo que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando eles chegaram, se foi retirando e se apartava deles, temendo os que eram da circuncisão. E os outros judeus também dissimularam com ele, de modo que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação. Mas, quando vi que não andavam retamente conforme a verdade do evangelho, disse a Cefas perante todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como os judeus, como é que obrigas os gentios a viverem como judeus?
Na Epístola aos Romanos, 4:29, Paulo já via a necessidade de fugir à ortodoxia hebraica quando tratava com estrangeiros:
É porventura Deus somente dos judeus? Não é também dos gentios? Também dos gentios, certamente, se é que Deus é um só, que pela fé há de justificar a circuncisão, e também por meio da fé a incircuncisão.
Os gentios foram liberados da circuncisão, e este é um dos tantos sinais que naquele momento estava surgindo uma cisão no judaísmo, que gerou o cristianismo. Os judeus, no entanto, perseveraram no cumprimento estrito da lei mosaica. Não por acaso, Paulo foi entregue aos romanos e por pouco escapou da morte, por ter levado ao templo o incircunciso Trófimo de Éfeso.
Comentei há pouco a decisão de um tribunal do distrito de Colônia, Alemanha, de declarar a remoção do prepúcio por razões religiosas como lesão intencional e, portanto, ilegal. "O direito de uma criança a sua integridade física supera o direito dos pais", afirma a decisão. Na ocasião, manifestei a dúvida de que os alemães conseguissem proibir uma tradição milenar judaica.
Dito e feito. Sexta-feira passada, o jornal britânico The Guardian noticiava que um porta-voz da chanceler Angela Merkel prometeu às comunidades judaica e muçulmana que ambas estarão livres para realizar a circuncisão em crianças, apesar da uma proibição judicial do tribunal de Colônia. O governo disse que iria encontrar uma maneira de contornar a proibição. "Para todo mundo no governo é absolutamente claro que queremos ter vida religiosa judaica e muçulmana na Alemanha", disse o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert. "A circuncisão realizada de forma responsável deve ser possível neste país sem punição."
Ainda há pouco, falando sobre os muçulmanos, Merkel declarou que os alemães já deviam ter percebido há muito tempo quanto a imigração vem mudando o país e que eles precisam se acostumar com a existência de mais mesquitas em suas cidades. Até aí, isto se chama liberdade de culto. O problema é que as mesquitas são centros de doutrinação, nos quais os mulás pregam a insubmissão às leis do país que os acolhe.
A Alemanha, que já vinha abrindo as pernas para o Islã, agora desautoriza uma corte judicial alemã, para não descontentar muçulmanos e judeus.
janer cristaldo
16 de julho de 2012
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