A Bahia fazia 400 anos em 1949. Houve um Congresso Eucarístico Nacional. Bispos e padres se hospedaram no multissecular Seminário Central, que é hoje o maravilhoso Museu de Arte Sacra, com suas imensas janelas coloniais abertas para Itaparica e o mar infinito.
Cada um de nós, do Seminário Maior, ficou encarregado de secretariar um bispo ou um padre. A mim, com dezessete anos, coube o magérrimo, falante e simpático padre Helder Câmara, do Rio de Janeiro, feito bispo em 1952. Ajudei-lhe as missas, carreguei o Breviário, acompanhei-o pela cidade, a caminho dos atos públicos do congresso.
Uma noite, no salão nobre, ele teve uma longa conversa com professores e seminaristas, sobre o país e a política. Tínhamos alguns padres fervorosamente integralistas. Lembro bem uma frase dele:
- “Também eu fui algum tempo integralista. Naquela época, depois da revolução de 30, o Brasil se dividia entre o integralismo cristão e o comunismo ateu. Fiquei com o integralismo cristão. Hoje temos a Doutrina Social da Igreja, mais cristã e mais profunda”.
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DOM HELDER
Em 1964, no golpe militar, confinado durante meses no medieval e multicentenario Forte do Barbalho, em Salvador, a primeira visita liberada foi do deputado Wilde Lima, líder do governador Lomanto na Assembleia:
- Nery, fomos ridículos, covardes e cretinos cassando vocês (eu, Enio Mendes e Diogenes Alves). Hoje, o “Jornal da Bahia” publica telegrama do general Geisel, chefe da Casa Militar de Castelo, dizendo que “a Assembleia não tem poder para cassar mandato”. Na saída, falou baixo : – Estive com Dom Helder em Recife. Mandou-lhe um recado: “Força”!
Quando sai da prisão e da clandestinidade, em 1966, absolvido pelo Superior Tribunal Militar, fui visita-lo em Olinda. Ele me abraçou:
- “Meu caro sacristão! Maltrataram muito você? Rezei muito”.
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DOM EVARISTO
Boninho, filho do Boni, simpático e inteligente como o pai, era aluno do colégio Santa Cruz, em São Paulo. Foi à Europa de férias, voltou com um punhado de filmes. Quase todos pornôs.
Chamou colegas para verem. O colégio soube, expulsou-o. Um grupo de jornalistas da TV Globo foi ao cardeal dom Paulo Evaristo Arns pedir que intercedesse junto à direção.
Dom Evaristo os recebeu com seu sereno e santo sorriso:
- Sentem-se, meus caros jornalistas. Já imagino porque vocês estão aqui. Vieram dar-me a noticia de que meu nome não continua mais vetado na TV Globo, até mesmo nas missas da Semana Santa e nem nos Lava-Pés.
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DOM EUGENIO
Agora, morreu o cardeal Dom Eugenio Sales, único líder da Igreja Catolica no Brasil que foi sempre amigo de todos os presidentes-ditadores e nunca teve qualquer gesto de critica ou resistência aos generais protetores de torturadores. Pelo contrario, adulava. E a TV Globo resolveu cometer a brutal fraude histórica de tentar transforma-lo em um Marighella de Batina.
Forjaram uma historia ridícula e escandalosamente mentirosa, por ele repetida antes de morrer, de que teria recebido, abrigado, escondido, impedido de serem presos e encaminhado para o exílio 5 mil jovens brasileiros e latinoamericanos procurados e perseguidos pelas ditaduras.
Só no Rio e em São Paulo centenas de dedicados e valentes advogados protegeram e defenderam perseguidos pela ditadura. E nenhum jamais ouviu falar em um só desses 5 mil (!) “acolhidos” por Dom Eugenio.
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HILDE
Na hora em que o Governo Dilma cria a Comissão da Verdade exatamente para que essa dolorosa historia seja contada sem fraudes, é preciso impedir que mentiras como essa prosperem. Como foi forjada pela Globo, a “grande imprensa”, associada ou acovardada, cala-se.
A valorosa Hilde (Hildegarde Angel) desmascarou: em seu blog, ela conta que, procurado por ela e a saudosa mãe Zuzu Angel, Dom Eugenio “fechou-lhes os ouvidos e os portões do Sumaré”, negando-se sequer a recebê-las. E a família do bravo e inesquecível Rubem Paiva foi recebida?
Quantas centenas de familiares de presos e desaparecidos procuraram Dom Eugenio, esperando ao menos uma palavra e ele batia a porta na cara? E os sacerdotes do Rio que ele perseguiu por seus sermões e posições? Na época, denunciei dores inapagáveis. Era um pastor ou um impostor?
Cada um de nós, do Seminário Maior, ficou encarregado de secretariar um bispo ou um padre. A mim, com dezessete anos, coube o magérrimo, falante e simpático padre Helder Câmara, do Rio de Janeiro, feito bispo em 1952. Ajudei-lhe as missas, carreguei o Breviário, acompanhei-o pela cidade, a caminho dos atos públicos do congresso.
Uma noite, no salão nobre, ele teve uma longa conversa com professores e seminaristas, sobre o país e a política. Tínhamos alguns padres fervorosamente integralistas. Lembro bem uma frase dele:
- “Também eu fui algum tempo integralista. Naquela época, depois da revolução de 30, o Brasil se dividia entre o integralismo cristão e o comunismo ateu. Fiquei com o integralismo cristão. Hoje temos a Doutrina Social da Igreja, mais cristã e mais profunda”.
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DOM HELDER
Em 1964, no golpe militar, confinado durante meses no medieval e multicentenario Forte do Barbalho, em Salvador, a primeira visita liberada foi do deputado Wilde Lima, líder do governador Lomanto na Assembleia:
- Nery, fomos ridículos, covardes e cretinos cassando vocês (eu, Enio Mendes e Diogenes Alves). Hoje, o “Jornal da Bahia” publica telegrama do general Geisel, chefe da Casa Militar de Castelo, dizendo que “a Assembleia não tem poder para cassar mandato”. Na saída, falou baixo : – Estive com Dom Helder em Recife. Mandou-lhe um recado: “Força”!
Quando sai da prisão e da clandestinidade, em 1966, absolvido pelo Superior Tribunal Militar, fui visita-lo em Olinda. Ele me abraçou:
- “Meu caro sacristão! Maltrataram muito você? Rezei muito”.
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DOM EVARISTO
Boninho, filho do Boni, simpático e inteligente como o pai, era aluno do colégio Santa Cruz, em São Paulo. Foi à Europa de férias, voltou com um punhado de filmes. Quase todos pornôs.
Chamou colegas para verem. O colégio soube, expulsou-o. Um grupo de jornalistas da TV Globo foi ao cardeal dom Paulo Evaristo Arns pedir que intercedesse junto à direção.
Dom Evaristo os recebeu com seu sereno e santo sorriso:
- Sentem-se, meus caros jornalistas. Já imagino porque vocês estão aqui. Vieram dar-me a noticia de que meu nome não continua mais vetado na TV Globo, até mesmo nas missas da Semana Santa e nem nos Lava-Pés.
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DOM EUGENIO
Agora, morreu o cardeal Dom Eugenio Sales, único líder da Igreja Catolica no Brasil que foi sempre amigo de todos os presidentes-ditadores e nunca teve qualquer gesto de critica ou resistência aos generais protetores de torturadores. Pelo contrario, adulava. E a TV Globo resolveu cometer a brutal fraude histórica de tentar transforma-lo em um Marighella de Batina.
Forjaram uma historia ridícula e escandalosamente mentirosa, por ele repetida antes de morrer, de que teria recebido, abrigado, escondido, impedido de serem presos e encaminhado para o exílio 5 mil jovens brasileiros e latinoamericanos procurados e perseguidos pelas ditaduras.
Só no Rio e em São Paulo centenas de dedicados e valentes advogados protegeram e defenderam perseguidos pela ditadura. E nenhum jamais ouviu falar em um só desses 5 mil (!) “acolhidos” por Dom Eugenio.
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HILDE
Na hora em que o Governo Dilma cria a Comissão da Verdade exatamente para que essa dolorosa historia seja contada sem fraudes, é preciso impedir que mentiras como essa prosperem. Como foi forjada pela Globo, a “grande imprensa”, associada ou acovardada, cala-se.
A valorosa Hilde (Hildegarde Angel) desmascarou: em seu blog, ela conta que, procurado por ela e a saudosa mãe Zuzu Angel, Dom Eugenio “fechou-lhes os ouvidos e os portões do Sumaré”, negando-se sequer a recebê-las. E a família do bravo e inesquecível Rubem Paiva foi recebida?
Quantas centenas de familiares de presos e desaparecidos procuraram Dom Eugenio, esperando ao menos uma palavra e ele batia a porta na cara? E os sacerdotes do Rio que ele perseguiu por seus sermões e posições? Na época, denunciei dores inapagáveis. Era um pastor ou um impostor?
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