No último dia 6 de julho, os 50 anos da morte do escritor norte-americano William Faulkner quase passaram despercebidos em virtude de tantas efemérides literárias que estão sendo comemoradas neste ano.
No entanto, a editora Folio Society reparou essa falta publicando uma edição especial e limitada do livro O som e a fúria – uma das obras mais importantes da literatura do século XX por causa de suas sofisticadas técnicas narrativas: fluxo de consciência, brusca passagem de tempo e múltiplos narradores.
Prevendo que muitos leitores poderiam ter dificuldade para acompanhar a história, Faulkner usou itálico em vários trechos do primeiro e segundo capítulos para expressar a passagem do tempo e a confusão mental das personagens. No entanto, seu verdadeiro desejo era imprimir o livro com fontes e cores diferentes, mas a pouca tecnologia da época não pôde atender a vontade de Faulkner.
Por incrível que pareça, essa nova edição é a primeira a publicar o livro impresso usando cores – foram usados 14 tipos diferentes de cores. O trabalho contou com a ajuda de dois especialistas na obra do autor, Stephen M. Ross e Noel Polk. Antes disso, apenas o site The Sound and the Fury tentou recriar a experiência de leitura dessa maneira.
O livro vem num estojo, tem capa dura e acompanha ainda um volume com comentários dos especialistas e um marcador de página com todas as cores e datas em que a história acontece. São apenas 1.480 exemplares numerados e únicos pelo preço de $345 cada – não haverá reedição, pelo menos por enquanto.
Se você tem interesse em adquirir um exemplar pela editora, esqueça! O livro já foi totalmente vendido.
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No Brasil, O som e a fúria saiu pela editora Cosac Naify com bela tradução de Paulo Henriques Britto. A edição não é colorida. Quem sabe a editora possa pensar na possibilidade de publicar uma nova edição especial e limitada.
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Talvez nem todo mundo saiba, mas William Faulkner esteve no Brasil em agosto de 1954. Ele desembarcou no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para participar do I Congresso Internacional de Escritores. Ficou hospedado no Hotel Esplanada no centro da cidade, conheceu Lygia Fagundes Telles (segundo dizem, elogiou os belos olhos da jovem autora) e emocionou as pessoas que acompanharam sua palestra. O fato foi registrado com entusiasmo por alguns jornais paulistas da época, mas parece que passou despercebido pelo biógrafo do autor.
Curiosidades não necessariamente literárias a respeito de Faulkner aparecem na sua clássica entrevista concedida à revista The Paris Review (publicada em português pela Companhia das Letras no livro As entrevistas da Paris Review – volume 1). Entre outras coisas, ele confessa ser fã do ator Humphrey Bogart e manifesta seu desejo de adaptar 1984, de George Orwell, para o cinema.
20 de julho de 2012
Rafael R., autor do blog Casmurros, participa semanalmente do Mente Aberta (Foto: Flip/Divulgação)
Época
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