"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 20 de julho de 2012

50 ANOS SEM WILLIAM FAULKNER



No último dia 6 de julho, os 50 anos da morte do escritor norte-americano William Faulkner quase passaram despercebidos em virtude de tantas efemérides literárias que estão sendo comemoradas neste ano.
No entanto, a editora Folio Society reparou essa falta publicando uma edição especial e limitada do livro O som e a fúria – uma das obras mais importantes da literatura do século XX por causa de suas sofisticadas técnicas narrativas: fluxo de consciência, brusca passagem de tempo e múltiplos narradores.


Prevendo que muitos leitores poderiam ter dificuldade para acompanhar a história, Faulkner usou itálico em vários trechos do primeiro e segundo capítulos para expressar a passagem do tempo e a confusão mental das personagens. No entanto, seu verdadeiro desejo era imprimir o livro com fontes e cores diferentes, mas a pouca tecnologia da época não pôde atender a vontade de Faulkner.


Por incrível que pareça, essa nova edição é a primeira a publicar o livro impresso usando cores – foram usados 14 tipos diferentes de cores. O trabalho contou com a ajuda de dois especialistas na obra do autor, Stephen M. Ross e Noel Polk. Antes disso, apenas o site The Sound and the Fury tentou recriar a experiência de leitura dessa maneira.


O livro vem num estojo, tem capa dura e acompanha ainda um volume com comentários dos especialistas e um marcador de página com todas as cores e datas em que a história acontece. São apenas 1.480 exemplares numerados e únicos pelo preço de $345 cada – não haverá reedição, pelo menos por enquanto.
Se você tem interesse em adquirir um exemplar pela editora, esqueça! O livro já foi totalmente vendido.


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No Brasil, O som e a fúria saiu pela editora Cosac Naify com bela tradução de Paulo Henriques Britto. A edição não é colorida. Quem sabe a editora possa pensar na possibilidade de publicar uma nova edição especial e limitada.


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Talvez nem todo mundo saiba, mas William Faulkner esteve no Brasil em agosto de 1954. Ele desembarcou no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para participar do I Congresso Internacional de Escritores. Ficou hospedado no Hotel Esplanada no centro da cidade, conheceu Lygia Fagundes Telles (segundo dizem, elogiou os belos olhos da jovem autora) e emocionou as pessoas que acompanharam sua palestra. O fato foi registrado com entusiasmo por alguns jornais paulistas da época, mas parece que passou despercebido pelo biógrafo do autor.


Curiosidades não necessariamente literárias a respeito de Faulkner aparecem na sua clássica entrevista concedida à revista The Paris Review (publicada em português pela Companhia das Letras no livro As entrevistas da Paris Review – volume 1). Entre outras coisas, ele confessa ser fã do ator Humphrey Bogart e manifesta seu desejo de adaptar 1984, de George Orwell, para o cinema.

20 de julho de 2012
Rafael R., autor do blog Casmurros, participa semanalmente do Mente Aberta (Foto: Flip/Divulgação)
Época

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