"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 14 de julho de 2012

NOTÍCIAS ENIGMÁTICAS E PERIFÉRICAS SOBRE O MENSALÃO

COMEÇAM A SURGIR DE REPENTE NA GRANDE IMPRENSA REPORTAGENS ENIGMÁTICAS E PERIFÉRICAS A RESPEITO DO MENSALÃO
 
Com o julgamento do processo do mensalão marcado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para o dia 2 de agosto próximo, começam a aparecer na grande imprensa, como no caso desta matéria do site do jornal O Estado de S. Paulo, reportagens enfocando o mensalão em que dialogam, como é o caso desta matéria, advogados de Duda Mendonça e Marcos Valério.
Os protagonistas daquilo que se poderia designar como uma espécie de "minueto do mensalão", são dançarinos coadjuvantes da peça principal. Afinal, há um comandante. O que transparece do que se lê é que o comando central do mensalão vai conduzindo a discussão para uma área periférica. Não resta nenhuma dúvida que há no ar uma estratégia, vamos dizer assim, para descarregar o ônus da culpa sobre meia dúzia de bagrinhos.
 
Transcrevo parte da reportagem do Estadão com link ao final para leitura completa:
 
Nas suas alegações finais encaminhadas aos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, a defesa de Duda Mendonça sugere que o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza pode ter feito outras remessas para o exterior além dos recursos depositados na conta de uma offshore criada pelo publicitário nas Bahamas.
 
Em agosto de 2005, no auge do escândalo do mensalão, durante depoimento à CPI dos Correios, Duda Mendonça afirmou aos parlamentares que, do pacote de R$ 25 milhões fechado com o PT para a campanha de 2002, cerca de R$ 10, 5 milhões foram depositados no ano seguinte na conta da Dusseldorf Company, vinculada ao BankBoston em Miami.
Contestando a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR), versão sustentada também pela defesa de Valério, os advogados do publicitário afirmam que “é falacioso o argumento de que eles (os acusados, Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes) foram os únicos que receberam valores no exterior e que, por essa razão, mentiram ao afirmar que agiram assim por determinação de Marcos Valério”.
No documento de 16 páginas encaminhado em abril ao Supremo, os advogados Tales Castelo Branco e Frederico Crissiúma - que posteriormente deixaram a representação dos réus - destacam que a revelação “dessas operações só veio à tona em razão da confissão dos acusados”. “O que ocorreu, na verdade, é que o Ministério Público Federal e a CPMI dos Correios não foram capazes de descobrir outros pagamentos efetuados por Marcos Valério no exterior.
 
Isso não significa, em absoluto, que outras situações irregulares não possam ter ocorrido, ainda mais considerando-se a identificação das ‘unidades externas do Banco Rural, formais e clandestinas’, como o Ministério Público Federal anotou em alegações finais.”
No depoimento à CPI - considerado bombástico e que fez a oposição suscitar a tese de impeachment do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, Duda Mendonça disse que os recursos foram depositados em uma conta aberta por sua agência no exterior, por determinação de Valério. O empresário mineiro, apontado como o principal operador do mensalão, rebateu afirmando que foi o próprio Duda quem exigiu que os recursos fossem depositados na conta que ele já possuía no exterior.
 
(....)
 
“Não há nenhum outro caso em que o pagamento tenha sido feito no exterior a não ser o de Duda”, reagiu o criminalista Marcelo Leonardo, que defende Marcos Valério. “Ele (Duda) insinua, supõe, faz conjectura, mas não tem prova concreta. De todas as pessoas da lista de pagamentos feitos pelo Marcos Valério, atendendo ao pedido do Delúbio (Soares) para o PT e partidos da base aliada, o único pagamento no exterior foi o do Duda.”
 
Leonardo é taxativo: “A versão dele (Duda) de que o pagamento no exterior foi por exigência do Marcos Valério ficou desmentida documentalmente”.
 
“Primeiro, foi localizada no escritório da Zilmar (Fernandes) uma pasta com instruções sobre abertura de conta no exterior, no Banco de Boston. Segundo, com a quebra do sigilo da conta Dusseldorf ficou provado que ela tinha sido aberta em data bem anterior ao pagamento, o que revela que Duda já mantinha conta no exterior havia muito tempo. Está documentalmente demonstrado que foi ele (Duda) quem fez questão de receber lá fora.”
 
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14 de julho de 2012
in aluizio amorim

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