Aumento de calotes assombra financeiras de varejo
O índice de inadimplência das modalidades de crédito mais próximas do varejo praticamente fala por si na hora de mostrar o quão grave é o cenário no segmento.
No espaço de pouco mais de um ano, os empréstimos para compra de bens (como eletrodomésticos e móveis, sem contar veículos) passaram de uma taxa de atraso (mais de 90 dias) de 8,8%, em dezembro de 2010, para 13,9% em maio deste ano - o dado mais recente do Banco Central (BC).
O nível do calote no crédito para compra de outros bens hoje é o mesmo de janeiro de 2009, no pós-quebra do americano Lehman Brothers, mas ainda abaixo da máxima histórica. Somente o crédito de veículos teve subida maior no período, passando de 2,5%, em dezembro de 2010, para 6,1% em maio.O comportamento da inadimplência vem desafiando as projeções da Losango. "Esse é um ano diferente dos anteriores [para inadimplência] e ainda não conseguimos entender o porquê. Esperávamos um ano melhor", admite Hilgo Gonçalves, executivo-chefe da promotora do HSBC.
Ele projeta queda leve no nível de atrasos de créditos da casa até o fim do ano, mas afirma que ainda não é possível ter clareza sobre o tamanho do recuo.Nos seis primeiros meses do ano, os produtos de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) da Losango tiveram taxa de inadimplência acima de 90 dias de 9,4%, ante 8,7% no mesmo período de 2011. Os cartões registraram 9,1%, ante 7,6%.
Segundo Gonçalves, no entanto, os meses mais recentes já apresentaram melhora do índice de atrasos em comparação ao início do ano.
"Hoje, esse índice nos deixa em estado de alerta."Ainda que a melhora nos atrasos entre 15 e 90 dias no financiamento ao consumo apontem para recuo dos calotes, há fatores que podem complicar essa recuperação e até inverter sua trajetória.
O elemento decisivo será a manutenção do crescimento da economia, com a taxa de desemprego em níveis de baixa histórica, avalia o diretor de gerenciamento de risco do Citi, Victor Loyola.Como as carteiras de crédito para varejo têm forte concentração de tomadores de classes mais baixas, elas seriam as primeiras vítimas em caso de aumento no desemprego, acredita Loyola.
"São classes que não têm espaço para absorver uma deterioração no cenário econômico e ficariam inadimplentes", avalia.(...)Desde janeiro, a Losango também intensificou a batalha contra os calotes. A empresa aumentou o ritmo de treinamentos sobre crédito em varejistas e colocou mais esforços em cobrança. O índice de aprovações de novos créditos caiu, passando de 55% há um ano para 50% agora, conta Gonçalves.
"Visitamos as lojas mais problemáticas e apertamos a aprovação. Se for necessário, podemos até parar de operar em alguns lugares", conta.Reforço na qualidade de concessão é uma forma de as financeiras evitarem o quadro de despesas com provisão visto em 2011.
No caso do Banco Ibi, os gastos com provisões para devedores duvidosos saltaram para R$ 728,9 milhões no ano passado, contra R$ 499,6 milhões em 2010.
Na Luizacred, tais despesas foram 67,3% superiores em 2011, fechando o ano com R$ 538,2 milhões.
Felipe Marques | De São Paulo Valor Econômico
No espaço de pouco mais de um ano, os empréstimos para compra de bens (como eletrodomésticos e móveis, sem contar veículos) passaram de uma taxa de atraso (mais de 90 dias) de 8,8%, em dezembro de 2010, para 13,9% em maio deste ano - o dado mais recente do Banco Central (BC).
O nível do calote no crédito para compra de outros bens hoje é o mesmo de janeiro de 2009, no pós-quebra do americano Lehman Brothers, mas ainda abaixo da máxima histórica. Somente o crédito de veículos teve subida maior no período, passando de 2,5%, em dezembro de 2010, para 6,1% em maio.O comportamento da inadimplência vem desafiando as projeções da Losango. "Esse é um ano diferente dos anteriores [para inadimplência] e ainda não conseguimos entender o porquê. Esperávamos um ano melhor", admite Hilgo Gonçalves, executivo-chefe da promotora do HSBC.
Ele projeta queda leve no nível de atrasos de créditos da casa até o fim do ano, mas afirma que ainda não é possível ter clareza sobre o tamanho do recuo.Nos seis primeiros meses do ano, os produtos de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) da Losango tiveram taxa de inadimplência acima de 90 dias de 9,4%, ante 8,7% no mesmo período de 2011. Os cartões registraram 9,1%, ante 7,6%.
Segundo Gonçalves, no entanto, os meses mais recentes já apresentaram melhora do índice de atrasos em comparação ao início do ano.
"Hoje, esse índice nos deixa em estado de alerta."Ainda que a melhora nos atrasos entre 15 e 90 dias no financiamento ao consumo apontem para recuo dos calotes, há fatores que podem complicar essa recuperação e até inverter sua trajetória.
O elemento decisivo será a manutenção do crescimento da economia, com a taxa de desemprego em níveis de baixa histórica, avalia o diretor de gerenciamento de risco do Citi, Victor Loyola.Como as carteiras de crédito para varejo têm forte concentração de tomadores de classes mais baixas, elas seriam as primeiras vítimas em caso de aumento no desemprego, acredita Loyola.
"São classes que não têm espaço para absorver uma deterioração no cenário econômico e ficariam inadimplentes", avalia.(...)Desde janeiro, a Losango também intensificou a batalha contra os calotes. A empresa aumentou o ritmo de treinamentos sobre crédito em varejistas e colocou mais esforços em cobrança. O índice de aprovações de novos créditos caiu, passando de 55% há um ano para 50% agora, conta Gonçalves.
"Visitamos as lojas mais problemáticas e apertamos a aprovação. Se for necessário, podemos até parar de operar em alguns lugares", conta.Reforço na qualidade de concessão é uma forma de as financeiras evitarem o quadro de despesas com provisão visto em 2011.
No caso do Banco Ibi, os gastos com provisões para devedores duvidosos saltaram para R$ 728,9 milhões no ano passado, contra R$ 499,6 milhões em 2010.
Na Luizacred, tais despesas foram 67,3% superiores em 2011, fechando o ano com R$ 538,2 milhões.
Felipe Marques | De São Paulo Valor Econômico
25 de julho de 2012
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