A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) decidiu em 2007 adotar cotas no vestibular. O problema do acesso ao nível superior não está, porém, ali, mas no vexaminoso ensino público brasileiro de base, retardatário nos índices mundiais. Não é novidade: desde muito antes das cotas e até hoje, a educação não deu sinal de melhoras. Além disso, como fazem cotas raciais, diferenciar uma pessoa pela cor da pele é discriminação em qualquer dicionário.
Muitos defensores das cotas na UFRGS, porém, sempre foram fãs de métodos pou
co ortodoxos, quase nunca civilizados. Estudantes contrários, quando tinham a chance de falar, eram obstruídos. Argumentar era falar com as paredes.
Até um corredor polonês foi feito por militantes do DCE no dia da votação do Conselho Universitário. Os “manifestantes” gritavam palavras de ordem nos ouvidos dos conselheiros que tentavam passar, fossem alunos, professores ou servidores. Com direito a pressão política de senador e ministro presentes, as cotas passaram.
A decisão definia que ocorreria uma avaliação em cinco anos. Agora, portanto, o que se nota é o mesmo não debate de 2007: urros, corredores poloneses, bandeiras comunistas e até Che Guevara e Zumbi dos Palmares invocados na defesa da manutenção e também da ampliação das cotas.
Ignoremos, por ora, a contradição com o argumento anterior de que seriam uma mera medida paliativa, temporária, limitada. O que choca mais é a impossibilidade de qualquer debate racional em tal circunstância.
Renan é um estudante não ligado ao DCE; já os “manifestantes” não só o são como postaram orgulhosamente fotos da ação. Por que essa reação truculenta se Renan queria, como representante de estudantes de oposição ao DCE, apenas expressar seu pensamento com palavras?
Em um ambiente tumultuado, em que chutes e pontapés passam por “manifestação de estudantes”, como esperar que se chegue a uma decisão democrática e racional? Que ao menos nos ouçam as paredes.
25 de julho de 2012
Marcel van Hattem
Fonte: Zero Hora
Muitos defensores das cotas na UFRGS, porém, sempre foram fãs de métodos pou
co ortodoxos, quase nunca civilizados. Estudantes contrários, quando tinham a chance de falar, eram obstruídos. Argumentar era falar com as paredes.
Até um corredor polonês foi feito por militantes do DCE no dia da votação do Conselho Universitário. Os “manifestantes” gritavam palavras de ordem nos ouvidos dos conselheiros que tentavam passar, fossem alunos, professores ou servidores. Com direito a pressão política de senador e ministro presentes, as cotas passaram.
A decisão definia que ocorreria uma avaliação em cinco anos. Agora, portanto, o que se nota é o mesmo não debate de 2007: urros, corredores poloneses, bandeiras comunistas e até Che Guevara e Zumbi dos Palmares invocados na defesa da manutenção e também da ampliação das cotas.
Ignoremos, por ora, a contradição com o argumento anterior de que seriam uma mera medida paliativa, temporária, limitada. O que choca mais é a impossibilidade de qualquer debate racional em tal circunstância.
Intolerância, infelizmente, pode matar. E não leva a lugar nenhum em tempos de democracia e liberdade de expressão – mas se acompanhada de violência deveria levar ao menos à delegacia
Quando chegava à reunião do Conselho Universitário (Consun) para debater o tema, na manhã de sexta-feira, Renan Artur Pretto postou no Facebook: “Comecei bem a manhã: tomando chutes de manifestantes antidemocráticos que fazem corredor polonês na porta de acesso à reitoria”. Renan é um estudante não ligado ao DCE; já os “manifestantes” não só o são como postaram orgulhosamente fotos da ação. Por que essa reação truculenta se Renan queria, como representante de estudantes de oposição ao DCE, apenas expressar seu pensamento com palavras?
Em um ambiente tumultuado, em que chutes e pontapés passam por “manifestação de estudantes”, como esperar que se chegue a uma decisão democrática e racional? Que ao menos nos ouçam as paredes.
25 de julho de 2012
Marcel van Hattem
Fonte: Zero Hora
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