Cearense de Sobral, gênio da raça, nosso professor de grego, latim, português e todas as sabedorias literárias, no seminário aqui da Bahia, o padre Correia não nos deixava ler seu conterrâneo José de Alencar:
- Tem mulher demais. É “Iracema”, “A Viuvinha”, “Lucíola”, “Diva”, “Senhora”, “A Pata da Gazela”.
Esse filho de padre não fez só uma obra literária. Fez também um harém, impróprio para jovens seminaristas – dizia.
Quando saí do Seminário, tirei a diferença. E descobri o grande patrono do nacionalismo literário brasileiro, “chefe aclamado da literatura nacional” (Machado de Assis), na “busca ansiosa de uma intensidade e ressonância brasileira” (Augusto Meyer”), “preocupado em dar um conteúdo eminentemente nacional a seus livros” e atualíssimo em sua luta para escrever “em língua brasileira, com um sentir brasileiro”.
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O DEPUTADO ALENCAR
1. José de Alencar nasceu em Mecejana, em 1829, e morreu no Rio, como deputado, em 1877, aos 48 anos. Foi quatro vezes deputado pelo Ceará, de 1861 a 1877, mas nunca foi senador porque, embora eleito na lista tríplice, o imperador, que não gostava do jornalismo crítico dele, o vetou.
2. – Dizem que José de Alencar teria “lutado pela maioridade de dom Pedro II”, que foi antecipada e reconhecida em 1840, mas naquela época ele tinha apenas 11 anos (já que nasceu em 1829)
3. – O pai de José de Alencar, padre José Martiniano de Alencar, foi senador, aliás, “o primeiro senador a ser escolhido durante o período regencial, em 1832, e teve atuação destacada no movimento que antecipou a maioridade de dom Pedro II, em 1840”(Enciclopédia Britânica).
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O PADRE PAI
De certa forma ofuscado pelo sucesso do filho, o pai padre José de Alencar foi um grande sujeito, com uma bela vida pública, até mais valente e bonita do que a do filho, que ainda teve a honra de ser neto de Bárbara de Alencar, a heroína cearense da Revolução de 1817.
Ainda seminarista, o padre Alencar participou, com a mãe, da Revolução de 1817. Presos juntos, levados para Pernambuco, o padre ficou quatro anos na cadeia. Em 1821, saiu da prisão e foi eleito deputado às Cortes de Lisboa, que abandonou, “por não concordar com as medidas neocolonizadoras aprovadas contra o Brasil”.
“Deputado à Constituinte de 1823, dissolvida por d. Pedro I, figurou entre os principais chefes da Confederação do Equador. Preso em 1824 e remetido ao Rio, após um ano de reclusão foi absolvido”.
Eleito deputado em 1830 para a segunda legislatura do Império, em 1834, já senador, foi nomeado presidente do Ceará, até 1837, voltando à chefia do Estado em 1840. Morreu no Rio em 1860 (nasceu em 1794).
As ruas e praças do Ceará dedicadas ao “Senador Alencar” são dele, e não do filho escritor genial.
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MAGALHÃES E GLADSTONE
Sobre José de Alencar, o filho, há dois excelentes livros: “José de Alencar e Sua Época”(1917), de Raimundo Magalhães Júnior, incansável e fecundo jornalista e historiador, que escreveu sobre tudo.
E Gladstone Chaves de Melo, sábio lingüista, durante tantos anos da “Tribuna da Imprensa”: – “Alencar e a Língua Brasileira”(1972).
Alencar continua tualíssimo, como um dos patronos do nacionalismo brasileiro.
25 de julho de 2012
Sebastião Nery
Esse filho de padre não fez só uma obra literária. Fez também um harém, impróprio para jovens seminaristas – dizia.
Quando saí do Seminário, tirei a diferença. E descobri o grande patrono do nacionalismo literário brasileiro, “chefe aclamado da literatura nacional” (Machado de Assis), na “busca ansiosa de uma intensidade e ressonância brasileira” (Augusto Meyer”), “preocupado em dar um conteúdo eminentemente nacional a seus livros” e atualíssimo em sua luta para escrever “em língua brasileira, com um sentir brasileiro”.
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O DEPUTADO ALENCAR
1. José de Alencar nasceu em Mecejana, em 1829, e morreu no Rio, como deputado, em 1877, aos 48 anos. Foi quatro vezes deputado pelo Ceará, de 1861 a 1877, mas nunca foi senador porque, embora eleito na lista tríplice, o imperador, que não gostava do jornalismo crítico dele, o vetou.
2. – Dizem que José de Alencar teria “lutado pela maioridade de dom Pedro II”, que foi antecipada e reconhecida em 1840, mas naquela época ele tinha apenas 11 anos (já que nasceu em 1829)
3. – O pai de José de Alencar, padre José Martiniano de Alencar, foi senador, aliás, “o primeiro senador a ser escolhido durante o período regencial, em 1832, e teve atuação destacada no movimento que antecipou a maioridade de dom Pedro II, em 1840”(Enciclopédia Britânica).
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O PADRE PAI
De certa forma ofuscado pelo sucesso do filho, o pai padre José de Alencar foi um grande sujeito, com uma bela vida pública, até mais valente e bonita do que a do filho, que ainda teve a honra de ser neto de Bárbara de Alencar, a heroína cearense da Revolução de 1817.
Ainda seminarista, o padre Alencar participou, com a mãe, da Revolução de 1817. Presos juntos, levados para Pernambuco, o padre ficou quatro anos na cadeia. Em 1821, saiu da prisão e foi eleito deputado às Cortes de Lisboa, que abandonou, “por não concordar com as medidas neocolonizadoras aprovadas contra o Brasil”.
“Deputado à Constituinte de 1823, dissolvida por d. Pedro I, figurou entre os principais chefes da Confederação do Equador. Preso em 1824 e remetido ao Rio, após um ano de reclusão foi absolvido”.
Eleito deputado em 1830 para a segunda legislatura do Império, em 1834, já senador, foi nomeado presidente do Ceará, até 1837, voltando à chefia do Estado em 1840. Morreu no Rio em 1860 (nasceu em 1794).
As ruas e praças do Ceará dedicadas ao “Senador Alencar” são dele, e não do filho escritor genial.
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MAGALHÃES E GLADSTONE
Sobre José de Alencar, o filho, há dois excelentes livros: “José de Alencar e Sua Época”(1917), de Raimundo Magalhães Júnior, incansável e fecundo jornalista e historiador, que escreveu sobre tudo.
E Gladstone Chaves de Melo, sábio lingüista, durante tantos anos da “Tribuna da Imprensa”: – “Alencar e a Língua Brasileira”(1972).
Alencar continua tualíssimo, como um dos patronos do nacionalismo brasileiro.
25 de julho de 2012
Sebastião Nery
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