"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 25 de julho de 2012

MENSALEIRO GUERREIRO

Na noite de ontem, 24 de julho, ocorreu no auditório da Central Única dos Trabalhadores (CUT) um ato em defesa de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do Partido dos Trabalhadores e um dos réus principais no processo do mensalão. Ao chegar ao auditório da central sindical e ser chamado à mesa do ato, o criminoso confesso – que, recentemente, adotou a tática de limpar a barra dos companheiros de quadrilha dizendo que agiu por conta própria – foi entusiasticamente recepcionado pela Juventude do PT (ou melhor, a Arbeiterpartei Jugend*) aos gritos de “Delúbio guerreiro do povo brasileiro”.

O evento ocorreu no auditório da CUT, que fica no CONIC – “shopping do centro de Brasília, uma área de comércio popular, tráfico de drogas e prostituição”, como bem lembrou a
reportagem do Estadão –, porque o próprio Partido dos Trabalhadores impediu a realização do ato na sede do partido. Ocorre algo aqui que é bastante ilustrativo: uma organização política que, a nível internacional, é aliada de grupos narcoterroristas, envergonha-se publicamente de receber em sua sede um ato em defesa de um réu do mensalão, ainda que, às escondidas, arregimente toda a tropa de choque para desacreditar o processo.

Emblemática mesmo era a faixa que a Arbeiterpartei Jugend afixou no auditório: “No fim tudo dá certo, e se não der certo é porque ainda não chegou ao fim”. Por mais ingênua que a frase possa parecer, ela carrega em seu bojo um raciocínio essencial na lógica petista: “as coisas só terminam quando terminam bem para nós”. Não há aqui apenas uma indisfarçável arrogância, mas o pensamento subjacente de que a própria lógica do Universo deve se dobrar ante o bel-prazer do PT. Se esse fato já seria de provocar estarrecimento se se tratasse de um partido pequeno, com pouca capacidade de mobilização, o que dizer de um partido que está na Presidência da República há 10 anos?


Podemos traduzir esse ato da seguinte maneira: militantes do partido da presidenta governanta do País, que acham que o Universo se move de acordo com sua vontade, resolvem homenagear ex-tesoureiro, que é réu confesso de desvio de recursos para formação de caixa 2 de campanha eleitoral, em um notório ponto de tráfico e prostituição. Em qualquer lugar civilizado, isso pareceria um show burlesco; no Brasil, isso tem ares de evento do ano.
*Arbeiterpartei Jugend significa “Juventude do Partido dos Trabalhadores” em alemão.
juventude conservadora da UnB
25 de julho de 2012

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