Não
entendo a surpresa com que a imprensa e parte da população tratam o aumento da
delinquência juvenil. Uma análise das transformações ocorridas na sociedade,
especialmente nas últimas três ou quatro décadas, é suficiente para se
estabelecer uma relação de causa e efeito que, infelizmente, não foi observada a
seu tempo.
25 de julho de 2012
A falha na visualização das consequências a longo prazo de
transformações impostas foi determinante para que, hoje, tenhamos o atual
quadro: total falta de responsabilidade de nossos adolescentes e completa falta
de princípios de respeito e autoridade, fundamentais na organização de qualquer
tipo de grupo humano.
Os estudiosos de outrora, que alertaram
acerca dos malefícios da chamada "evolução da sociedade", não foram ouvidos e,
quando ouvidos, não foram levados a sério. Isto deve-se ao fato de que no mundo
dos analistas e estrategistas brasileiros, raríssimos são aqueles que conseguem
enxergar além de dois ou três anos de seu tempo.
Os que o fazem, são rotulados
de teóricos da conspiração, antiquados ou conservadores (que no Brasil, é o pior
dos xingamentos). Como produto desta falta de observâncias dos fenômenos
históricos e sociais em marcha, temos o que vemos agora: crianças e adolescentes
sem qualquer noção de hierarquia social ou responsabilidades, o que resulta em
indivíduos fisicamente adultos e mentalmente
infantis.
A coisa toda começa ainda nos bancos
escolares onde, por influência terrível do famigerado método construtivista, a
autoridade do professor deixa de ser observada. O mestre de outrora passa a ser
mais um "amigo" que "sabe tanto quanto o restante da turma". Ele deixa de ser o
irradiador de conhecimentos para ser um mero aprendiz; as consequências deste
posicionamento são previsíveis: perda de autoridade.
Com a turma de estudantes
fora do controle do professor, fica impossível para este a punição àqueles e,
quando o faz, ele próprio acaba sendo punido. Isto fica ainda mais evidente
quando pais de alunos veem tirar satisfações de uma ou outra atitude dos
professores quando estes impõem a sua autoridade sobre seus alunos.
Em tempos
passados, uma chamada de atenção de um educador era algo extremamente instrutivo
ao aluno que era colocado na sua posição de estudante, isto sem contar na bronca
que se tomaria em casa.
Entretanto, com sucessivas gerações sendo
ensinadas a não respeitarem a autoridade de seus professores e pais, novas
acabam surgindo e sendo educadas por pais que já cresceram em um ambiente
"moderno e descontraído". Resultado: crise de autoridade. Esta característica
irá acompanhar o indivíduo na sua idade adulta, pois ele sabe que não será
repreendido por suas atitudes que serão encaradas com extrema complacência
daqueles que deveriam enquadrá-lo.
Não é culpa do adolescente em si, mas da
estrutura social que o rodeia e o programou para um mundo onde seus atos
inconsequentes não serão interrompidos ou punidos. Fatos que comprovem esta
situação não faltam, sendo que o mais flagrante foi o do adolescente que pichou
a parede de uma escola e foi punido por sua professora a limpar a parede, o que
acabou acarretando a demissão da docente. Não é surpresa, pois, que
adolescentes além de cometerem crimes nas ruas passem a atuar dentro das salas
escolares, desrespeitando totalmente seus
instrutores.
Mas como chegamos a este ponto? Ora, a
progressiva corrosão dos valores religiosos e familiares levada a cabo nas
últimas três ou quatro décadas é a causa primordial dos efeitos que hoje
observamos.
Conceitos como o direito das crianças e dos adolescentes se vestem
de algo aparentemente benéfico e positivo, mas trazem em seu interior leis e
regulamentos que irão deteriorar os princípios de religião e família, seja pela
retirada da autoridade dos pais sobre seus filhos, seja pelo incentivo a que
filhos se revoltem contra eles.
O Estado acaba assumindo o papel de educador,
transformando crianças em difusores de seus ideais, o que é especialmente grave
em casos como o Brasil, onde Estado, Governo e Partido se fundiram em uma coisa
só.
A deterioração dos valores sociais
fundamentais que se verifica no país não é um fenômeno isolado e tampouco obra
do acaso. Trata-se de uma estratégia bastante planejada e de alcance mundial,
que se iniciou na década de sessenta com o movimento hippie, o feminismo e o
ambientalismo. Estes movimentos não foram obras da indignação de um ou outro
grupo, mas o resultado da atuação da propaganda soviética no seio da sociedade
ocidental.
Como disse Yuri Bezmenov, oitenta a noventa por cento da energia
utilizada pela KGB não se concentrava na área de espionagem ou militar, mas na
propaganda. E qual o objetivo disto tudo? Desestruturar a sociedade para que ela
veja nos partidos progressistas (socialistas s comunistas), a solução para os
seus problemas que, na verdade, foram estes partidos que
criaram.
Seria ingenuidade, porém, acreditar que
tal campanha de corrupção social seja feita a olhos vistos, nos discursos de
palanques eleitorais. Esta campanha ocorre ainda nos centros irradiadores de
opinião, especialmente no meio universitário, jornalístico e midiático.
Querem
um exemplo recente? No programa Fantástico de domingo último foi feita uma
reportagem sobre as condições de higiene e segurança a que são submetidos os
menores infratores.
A reportagem encerra-se com a constatação de que o principal
responsável pela existência cada vez maior de menores delinquentes e a
desestruturação da família. E quem promove sua desestruturação? A própria mídia
e a indústria cultural.
Nossos políticos, jornalistas e artistas
são como facas de dois gumes: causam o problema e dizem ter soluções para o mal
que eles próprio causaram. Nossos professores, iludidos por falsas promessas,
endossam e disseminam tais práticas, respaldados por hordas de pedagogos,
psicólogos e educadores que teorizam sobre coisas que não entendem e
potencializam cada vez mais a progressiva destruição de nossa sociedade. O
resultado? É esse que se vê.
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