Excelente a reportagem de Filipe Coutinho e Sheila D’Amorim, Folha de São Paulo de 22, comparando a rentabilidade dos fundos de renda fixa com a das cadernetas de poupança, apresentando vantagens para as cadernetas.
Iluminam a questão os repórteres. A diferença é, concretamente, de 1%. A poupança, incluindo o redutor, soma anualmente 4,8%, enquanto os fundos em função da taxa de administração que cobram, ficam na escala de 3,8%.
A incidência da diferença sobre o volume aplicado produz, creio, cerca de 15 bilhões de reais. E há, ainda, em caso de saque a incidência do Imposto de Renda.
A reportagem coloca em confronto o que a publicidade veicula maciçamente, de um lado, e o que a realidade confirma de outro. Perfeito. Mas, ainda por cima, no meio deve se colocar o peso da inflação. Claro. Pois se esta situa-se, como a própria FSP assinala, na escala de 5,5% para doze meses, de fato a rentabilidade da poupança é zero, praticamente, e a dos fundos menos 1%.
Informações assim devem ser transmitidas à opinião pública, na qual o mercado se baseia. Afinal, o mercado é toda a população, que sofre direta ou indiretamente os efeitos da flutuação dos índices. No Brasil, não existe a mesma preocupação comparativa como a que predomina, por exemplo, nos Estados Unidos, na França, Inglaterra, Alemanha. Na Itália e Espanha, também.
A compreensão dofenômeno socioeconômico é bem mais ampla. Não tem, é claro, precisão matemática sofisticada, até porque não interessa aos anunciantes. Porém a visão é mais nítida.
É por isso que somos a sexta ou sétima economia do mundo em matéria de produto bruto, algo em torno de 2 trilhões de dólares, mas ocupamos o septuagésimo oitavo lugar no que se refere à distribuição de renda.
Não é somente este o motivo, mas um dos motivos a explicar a defasagem.
A diferença entre os índices de captação e remuneração da poupança no Brasil ocupa um abismo.
É só comparar os juros dos bancos e do comércio com as taxas pagas às aplicações especialmente das pessoas físicas, os assalariados.
Não existe perspectiva de mudança em busca de um equilíbrio. São, na melhor das hipóteses, a média de 3 a 4% ao mês contra a de 0,4%. A primeira é mais de 10 vezes superior à segunda. O que fazer? Nada. Impossível. A nossa realidade permanecerá assim. Inclusive já foi pior.
Os juros do mercado recuaram em face das medidas do governo Dilma Rousseff, através do Banco Central. Mas fica nisso.
O avanço já foi substancial. A diferença permanece grande, como se vê. Mas já foi muito maior.
A dívida interna passa de 2 trilhões de reais. É do nível do orçamento da União para este ano, praticamente.
Os juros que o governo paga são de 7,25%. Ao ano. Mas e a dívida interna dos Estados Unidos? É de quase 15 trilhões de dólares, por coincidência o patamar orçamentário do país.
A impressão que se tem é a de que há, não apenas um, mas dois estados. Lá e cá. Um dentro do outro. Porém no caso americano atuam firme as multinacionais. Elas marcam presença forte aqui, no Brasil.
24 de outubro de 2012
Pedro do Coutto
Iluminam a questão os repórteres. A diferença é, concretamente, de 1%. A poupança, incluindo o redutor, soma anualmente 4,8%, enquanto os fundos em função da taxa de administração que cobram, ficam na escala de 3,8%.
A incidência da diferença sobre o volume aplicado produz, creio, cerca de 15 bilhões de reais. E há, ainda, em caso de saque a incidência do Imposto de Renda.
A reportagem coloca em confronto o que a publicidade veicula maciçamente, de um lado, e o que a realidade confirma de outro. Perfeito. Mas, ainda por cima, no meio deve se colocar o peso da inflação. Claro. Pois se esta situa-se, como a própria FSP assinala, na escala de 5,5% para doze meses, de fato a rentabilidade da poupança é zero, praticamente, e a dos fundos menos 1%.
Informações assim devem ser transmitidas à opinião pública, na qual o mercado se baseia. Afinal, o mercado é toda a população, que sofre direta ou indiretamente os efeitos da flutuação dos índices. No Brasil, não existe a mesma preocupação comparativa como a que predomina, por exemplo, nos Estados Unidos, na França, Inglaterra, Alemanha. Na Itália e Espanha, também.
A compreensão dofenômeno socioeconômico é bem mais ampla. Não tem, é claro, precisão matemática sofisticada, até porque não interessa aos anunciantes. Porém a visão é mais nítida.
É por isso que somos a sexta ou sétima economia do mundo em matéria de produto bruto, algo em torno de 2 trilhões de dólares, mas ocupamos o septuagésimo oitavo lugar no que se refere à distribuição de renda.
Não é somente este o motivo, mas um dos motivos a explicar a defasagem.
A diferença entre os índices de captação e remuneração da poupança no Brasil ocupa um abismo.
É só comparar os juros dos bancos e do comércio com as taxas pagas às aplicações especialmente das pessoas físicas, os assalariados.
Não existe perspectiva de mudança em busca de um equilíbrio. São, na melhor das hipóteses, a média de 3 a 4% ao mês contra a de 0,4%. A primeira é mais de 10 vezes superior à segunda. O que fazer? Nada. Impossível. A nossa realidade permanecerá assim. Inclusive já foi pior.
Os juros do mercado recuaram em face das medidas do governo Dilma Rousseff, através do Banco Central. Mas fica nisso.
O avanço já foi substancial. A diferença permanece grande, como se vê. Mas já foi muito maior.
A dívida interna passa de 2 trilhões de reais. É do nível do orçamento da União para este ano, praticamente.
Os juros que o governo paga são de 7,25%. Ao ano. Mas e a dívida interna dos Estados Unidos? É de quase 15 trilhões de dólares, por coincidência o patamar orçamentário do país.
A impressão que se tem é a de que há, não apenas um, mas dois estados. Lá e cá. Um dentro do outro. Porém no caso americano atuam firme as multinacionais. Elas marcam presença forte aqui, no Brasil.
24 de outubro de 2012
Pedro do Coutto
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