A controversa campanha de uma mulher para legalizar a prostituição na China
Quando uma ativista, Ye Haiyan, foi atacada por oito homens em maio próximo à sua casa na província de Guangxi (sudoeste da China), ela não ficou totalmente surpresa. Assim como também não ficou chocada quando policiais locais deram uma batida no Centro Popular de Direitos da Mulher da China onde ela trabalha.
Esses incidentes ocorreram após sua participação em uma ação controversa em janeiro em que ela trabalhou voluntariamente como prostituta para evidenciar as dificuldades das profissionais do sexo.
Em seguida ela descreveu suas experiências detalhadamente no Weibo, um microblog conhecido. A ação pretendia chamar atenção para a campanha de Ye para legalizar a prostituição e logrou sucesso. O debate na internet sobre o crescente setor do comércio do sexo se tornou muito mais intenso desde então.
Mao Tsé-tung aboliu a prostituição em 1949, a qual continua ilegal na China hoje em dia. No entanto, a China conta hoje com 4 a 6 milhões de profissionais do sexo, de acordo com um estudo publicado em 2010 pela Organização Mundial da Saúde.
Ye, 37 anos, descreve condições sórdidas nos hotéis-bordeis onde ele trabalhou voluntariamente na cidade de Yulin na província Guangxi. Trabalhadores alugam cubículos minúsculos e sem janelas por 15 yuan (US$ 2,50) por dia. Não há chuveiros. A maioria das prostitutas é de meia idade, têm pouca educação formal e nenhuma perspectiva de emprego ou conexões.
Em uma sociedade com poucos programas de proteção social ou assistência média, mulheres pobres frequentemente vendem seus corpos devido ao desespero. "Vender serviços sexuais é o único modo de sobreviver", afirma Ye, que acredita que a legalização da prostituição daria mais segurança às mulheres e protegeria a saúde pública.
Mas, em uma sociedade que ainda é essencialmente conservadora em termos sexuais, muitas pessoas discordam, além do que a questão toda carrega uma carga política alta. Muitos membros do governo aprovariam a legalização para estimular a economia, mas poucos ousariam se pronunciar.
02 de novembro de 2012
opinião e notícia
Fontes: The Economist-Old profession, new debate
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