"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 19 de janeiro de 2013

UM QUILO, TUDO INDICA, NÃO É MAIS UM QUILO

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A massa permanece teimosamente empacada em Paris (Fonte: Reprodução/AFP)
 Ao longo dos anos o quilograma padrão ganhou peso, ou talvez tenha perdido

No século XIX, o apogeu da colonialismo europeu, aqueles dois grandes rivais imperiais, a Grã-Bretanha e a França, concordaram em moldar não apenas o mundo, mas também o universo. A capacidade para descrever este universo depende da habilidade dos cientistas de relacionarem suas descobertas às quantidades fundamentais de comprimento, tempo e massa.
Os britânicos ficaram com o controle do tempo, o que explica por que o principal meridiano da Terra cruza Greenwich, um subúrbio de Londres. Os franceses ficaram com o comprimento e a massa.
 
Eles os mantiveram, na forma de dois pedaços de metal, em frascos selados no Bureau International des Poids et Mesures em Sèvres, um subúrbio de Paris. O metro era a distância entre duas marcas em uma barra composta por uma liga especial de platina e irídio.
O quilograma era o peso de uma pequena barra de uma liga semelhante. Concordou-se legalmente, para o descontentamento britânico, que o pé e a libra eram mera frações dessas unidades fundamentais.

A ciência vai adiante. O tempo hoje é definido por relógios prontamente disponíveis que usam átomos de césio como pêndulos, enquanto a distância é especificada em termos da velocidade da luz em metros por segundo (sendo que os átomos de césio já forneceram o valor de um segundo), e hoje em dia essa velocidade pode ser medida com grande precisão com o uso de equipamento disponível no mercado.
A massa, no entanto, permanece teimosamente empacada em Paris, sob três tampas de vidro concêntricas que se destinam a impedir que a barra perca ou absorva massa e tenha seu valor alterado.
 
Ao longo dos anos o quilograma padrão ganhou peso, ou talvez tenha perdido. Ninguém sabe ao certo. Mas o que se sabe é que a barra não tem o mesmo peso que costumava ter em 1889.
Ninguém concebeu uma maneira mais precisa de medir a massa do que tirar a barra parisiense do seu sarcófago de tempos em tempos e colocá-la em uma série de balanças. Alguns físicos acreditam ter uma resposta.
Esta envolve a constante de Planck (o princípio fundamental da física quântica), a velocidade da luz e um aparelho chamado de balança watt. Se uma reunião no ano que vem aprovar essa ideia, a massa parisiense finalmente se tornará redundante. Mas a abordagem da balança watt tem seus críticos, uma vez que tais balanças são bastante caras.

19 de janeiro de 2013

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