A imprensa teve livre acesso ao encontro e a Folha de São Paulo manchetou sua edição de quinta-feira 17 com uma foto aberta em oito colunas, tendo ao centro Lula e Haddad ladeados por integrantes da administração municipal.
O impacto foi grande, primeiro pelo caráter singular do encontro, com o eleitor traçando diretrizes para o eleito.
E sugerindo a elaboração de projetos consistentes para obter mais acesso e financiamentos à base de recursos federais. Comparou São Paulo com o Rio de Janeiro, dizendo que o RJ está à frente no índice per capita dos recursos obtidos. Além disso, como publicou a Folha de São Paulo, reproduzindo declarações de Haddad, Lula aconselhou a Prefeitura a buscar parcerias com o governo estadual.
O governador Geraldo Alckmim, do PADB, é candidato à reeleição. Mas segundo comentário recente a respeito da candidatura de Aécio Neves não demonstrou o mesmo entusiasmo revelado mais de uma vez pelo ex-presidente Fernando Henrique.
São Paulo, maior colégio eleitoral do país, reunindo pouco mais de vinte por cento dos votantes, é essencial para qualquer campanha à presidência da República. Sobretudo porque Aécio Neves é forte em Minas Gerais, segundo maior reduto de votos, como demonstrou nas recentes eleições.
Se vier a crescer em São Paulo, Aécio cresce mais do que o previsto inicialmente, tanto por Luís Inácio, quanto pelo Palácio do Planalto. Além disso, existe uma expectativa quanto ao rumo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em ascensão no panorama nacional.
AÉCIO NEVES
Pessoalmente não creio num grande crescimento da candidatura de Aécio Neves, mas, em matéria de sucessão presidencial a expectativa, ainda que remota, não pode ser descartada. Dilma Rousseff, a meu ver, deve ser a candidata do PT à sua própria sucessão. Mas e Lula? Talvez seja candidato ao Senado por São Paulo, a fim de arrebatar os eleitores paulistas, levando-os também a formar em torno de Dilma. São especulações, entre elas a que o próprio Lula poderia voltar ao Planalto.
Não creio, entretanto, ser muito provável esta vontade, já que reduziria o poder da atual presidente e também criaria uma dúvida a respeito de sua satisfação coma candidata que elegeu por ampla margem de votos: 47% no primeiro turno, vitória de 56 a 44 pontos no segundo.
O prestígio de Lula continua firme, não foi atingido pelo resultado do julgamento do mensalão. Tentar identificá-lo com o episódio, sobretudo com as condenações, ninguém conseguirá. Até porque, quando as denúncias vieram a público, ele afastou José Dirceu da Casa Civil e não se empenhou para evitar que tivesse o mandato cassado.
Tanto assim que Aécio Neves vem fazendo críticas à política econômica colocada em prática por Dilma Rousseff, não se referindo em momento algum às condenações determinadas pelo STF como instrumento de retórica. Bem, todas essas interpretações são conjecturas. Podem mudar de repente. Mas que seria da política sem elas?
19 de janeiro de 2014
Pedro do Coutto
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