Artigos - Globalismo
O Dr. Murray, que trabalhou na OMS antes de iniciar o projeto EGPD, tem discordado de outras estatísticas geradas por seu ex-empregador.
Um estudo global recém-publicado demonstra que as doenças que estão provocando a maioria das mortes e doenças prematuras do mundo, principalmente entre crianças, não está recebendo atenção adequada dentro das instituições internacionais de políticas públicas.
De acordo com o Estudo Global de Peso de Doenças de 2010 (EGPD 2010) publicado na revista médica The Lancet em dezembro, mais de 1,4 milhão de pessoas morreram de diarreia em 2010.
Apesar de uma queda de 41,9% dos níveis de 1990, a diarreia permanece uma das principais causas de morte, principalmente para crianças. Contudo, a diarreia não recebe a mesma atenção da ONU quanto questões mais politicamente corretas tais como mortes causadas por aborto provocado.
O EGPD 2010 registrou 37.100 mortes de complicações de aborto, mas grupos pró-aborto que promovem acesso a abortos “seguros” são proeminentes e influentes dentro do sistema da ONU e têm ganhado tração ligando o aborto provocado à mortalidade materna.
Os promotores do aborto tentaram impedir que o Lancet publicasse um relatório anterior de Christopher Murray, autor do EGPD, que revelava que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estava registrando o dobro do número de reais mortes maternas no mundo inteiro.
O relatório de saúde materna teve importantes implicações para muitas iniciativas da ONU que se apoiavam nos números errôneos, bem como no caso de seu contínuo financiamento. O novo EGPD 2010 informa uma redução adicional de mortalidade materna para 254.700 mortes por ano — não um número insignificante, mas mais do que cinco vezes menos do que as mortes de diarreia.
O Dr. Murray, que trabalhou na OMS antes de iniciar o projeto EGPD, tem discordado de outras estatísticas geradas por seu ex-empregador: em fevereiro, ele e seus colegas informaram que a malária causou 1,24 milhão de mortes em 2010, muitas delas de crianças. Esse número é o dobro do que a OMS havia estimado para esse mesmo ano.
O EGPD 2010 foi conduzido por pesquisadores independentes em vez de pesquisadores ligados a uma instituição de políticas públicas. Introduzindo o estudo, Richard Horton, editor do Lancet, apontou para o fato de que “o sucesso do EGPD, então e agora é que fornece condições iguais para todos avaliarem de forma independente (e imparcial) as prioridades de saúde que estão diante dos países”.
De acordo com uma fonte da ONU, o Dr. Murray se tornou persona non grata dentro de algumas partes do sistema da ONU quando deixou a OMS para formar uma organização competidora cujo objetivo era desafiar os dados da OMS e as prioridades de políticas de saúde da ONU.
Embora se gabasse de um número maior de doenças e fatores de risco em sua avaliação do que as edições anteriores, o EGPD 2010 continha uma omissão surpreendente. Práticas sexuais inseguras não foram examinadas como um fator de risco para o HIV/AIDS. Os autores explicaram a exclusão como devido à “ausência de estimativas robustas de exposição ou enfoques disponíveis para apurar a proporção de infecção do HIV que é atribuível a práticas sexuais inseguras por país durante o tempo”, acrescentando que “se fossem quantificadas, as práticas sexuais inseguras seriam responsáveis por uma grande fração do peso mundial de saúde”. No entanto, os autores mediram essas práticas numa avaliação anterior de risco comparado.
De acordo com a UNAIDS, as drogas contra o HIV estão salvando vidas, mas as condutas sexuais de alto risco continuam a sabotar os esforços para impedir novas infecções, o jornal The Guardian informou em novembro passado. Apenas 5% do financiamento do HIV nos países mais afetados foram para programas de mudança de conduta, uma estatística que se torna muito mais difícil de aumentar na ausência de dados quantitativos de risco sobre conduta sexual.
19 de janeiro de 2013
Rebecca Oas
Publicado no ‘Friday Fax’ do C-FAM.
Tradução: Julio Severo
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