Rui Falcão nega exclusão de mensaleiros do palco da festa do PT. Medida teria sido tomada para evitar saias justas à presidente Dilma Rousseff
O presidente nacional do PT, o deputado estadual paulista Rui Falcão, negou nesta terça-feira que a escolha dos participantes do palco para a celebração dos dez anos do partido no comando governo federal tenha sido feita para evitar saias-justas à presidente Dilma Rousseff. Entre outros, o palco principal do evento, que será realizado na quarta-feira, contará com Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o próprio Rui Falcão, ministros do atual governo e representantes de partidos aliados.
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu - apontado como chefe da quadrilha do mensalão e condenado a dez anos e dez meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - estará presente, mas ficará entre os demais convidados.
Questionado por que o mensalão ficou de fora do balanço que será divulgado sobre os dez anos de governo petista, Rui Falcão respondeu atacando a oposição:
- Nós também não fizemos menção à compra de votos no governo Fernando Henrique. Não falamos do mensalão do PSDB de Minas. É uma revista de balanço econômico, social. E no meu discurso eu vou fazer um balanço político falando do ponto principal que eu acho que nos distingue dos antecessores que é o fortalecimento da democracia brasileira e a colocação do povo como principal protagonista dessas mudanças.
Falcão também disse que não haverá nenhum ato de desagravo aos condenados no mensalão.
- Nós já nos manifestamos publicamente em uma nota sobre o julgamento. Essa não é a nossa pauta hoje. E há um processo ainda de recursos, chamados embargos declaratórios e infringentes. Então, formalmente, até o momento não há condenações em relação aos companheiros. E nós temos a expectativa que, com a apresentação dos embargos, haja uma reflexão mais ampla e que essas penas, tanto as pecuniárias quanto as restritivas de liberdade sejam revistas - disse o presidente do PT.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também saiu em defesa da presença dos condenados do mensalão no evento de dez anos do PT no governo. O partido teve quatro filiados julgados culpados pelo STF: Dirceu, o deputado e ex-presidente do PT José Genoino (SP), o deputado e ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP), e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares.
- Todas essas pessoas, José Dirceu, José Genoino, João Paulo e Delúbio Soares, eles, de alguma maneira, deram uma contribuição muito importante à história do Partido dos Trabalhadores. Então, nós temos um respeito muito grande (por eles) - disse Suplicy, afirmando também que os quatro ainda podem recorrer da decisão do STF.
Falcão e Suplicy participaram nesta terça da cerimônia de lançamento da ampliação do programa Brasil Sem Miséria, realizada no Palácio do Planalto. Os dois ainda tentaram pôr panos quentes no possível lançamento de um candidato de partido aliado ao Senado por São Paulo em 2014, deixando Suplicy sem legenda para tentar a reeleição.
- Eu falei o seguinte. Como este ano nós temos só uma vaga em disputa no Senado, nos estados em que o PT tiver candidato a governador, há uma tendência de que os aliados queiram ficar com uma vaga no Senado ou na vice . Foi isso que falei. Não procede a preocupação do senador Suplicy de ser substituído. Vamos discutir isso no devido momento. Ele é bom senador, tanto que está aí há 24 anos - disse Falcão.
- Se for escolhido na prévia, e possam todos os filiados votar, o resultado dessa prévia eu aceitarei. Eu tenho a convicção absoluta que o Partido dos Trabalhadores jamais vai impor uma solução que não seja democrática - afirmou Suplicy.
Eleição de 2014
Rui Falcão negou que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-ministra Marina Silva, potenciais candidatos à presidência em 2014, sejam pedras no caminho do PT. Ele disse que Dilma Rousseff é a candidata do partido no pleito do ano que vem, e demonstrou convicção de que ela será reeleita.
- Eu me preocupo com a candidata do PT, que é a presidente Dilma Rousseff. Ela é o nosso nome e será homologada no devido momento - disse o presidente do PT.
19 de fevereiro de 2013
André de Souza, Catarina Alencastro e Demétrio Weber - O Globo
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