Já no Brasil, depois de mais de cinco anos e 20 tentativas frustradas de deixar Cuba, a blogueira e dissidente Yoani Sánchez conta em entrevista ao GLOBO que está acostumada a insultos desde a época do colégio, quando usava aparelho nos dentes e óculos.
Ela brinca que tem a “pele curtida” desde então. Ao chegar em Pernambuco - primeiro destino de uma viagem de cerca de três meses que inclui 12 países -, a cubana foi recebida por protestos de pró-castristas. Na Bahia, seu segundo destino, a ativista teve que deixar o aeroporto de Salvador por uma saída alternativa.
- Não tenho armas debaixo da cama, não sou uma pessoa violenta. Minha vida é pública e transparente. Tenho minha palavra, meus textos postados na internet. E muita vontade de que meu país mude - disse a ativista.
Ela explicou ainda as fotos em que aparece no país com uma banana e uma cerveja.
- O mais dramático é que, em Cuba, para que alguém possa beber uma lata de cerveja tem que trabalhar um ou dois dias - conta. - Mas eu bebo muito pouco, sou quase abstêmia. Tomo suco e água.
Em Recife, no aeroporto dos Guararapes, o desembarque da blogueira foi tumultuado. Cerca 30 ativistas do Fórum de Entidades de Solidariedade a Cuba a receberam no saguão do local aos gritos de “Fora Yoani”, e palavras acusando-a de ser uma agente a serviço dos Estados Unidos. Um dos manifestantes puxou o cabelo da blogueira e outros jogaram notas falsas de dólar, chamando-a de vendida. Um ativista ainda tentou esfregar dólares em seu rosto.
Apesar das manifestações e das agressões, a blogueira agradeceu em seu Twitter a acolhida de seus amigos brasileiros. Nas mensagens, disse que se sentia tratada como se fosse uma irmã.
- Eu gostaria que houvesse uma democracia assim em meu país.
Yoani viveu na Suíça entre 2002 e 2004 e, desde então, não conseguiu mais deixar Cuba, ainda que tenha sido laureada com vários prêmios internacionais pelo ativismo na área de direitos humanos.
Ela conseguiu sair do país graças à reforma migratória do presidente Raúl Castro, que determina que qualquer cubano possa viajar com um passaporte em dia e com o visto para o país de destino.
Certas restrições, no entanto, foram mantidas: o regime ainda pode, por exemplo, negar o passaporte a qualquer um por razões de “interesse público”, “segurança nacional” e para profissionais considerados “vitais” para o país, que necessitam de permissão especial das autoridades.
19 de fevereiro de 2013
O Globo
Ela brinca que tem a “pele curtida” desde então. Ao chegar em Pernambuco - primeiro destino de uma viagem de cerca de três meses que inclui 12 países -, a cubana foi recebida por protestos de pró-castristas. Na Bahia, seu segundo destino, a ativista teve que deixar o aeroporto de Salvador por uma saída alternativa.
- Não tenho armas debaixo da cama, não sou uma pessoa violenta. Minha vida é pública e transparente. Tenho minha palavra, meus textos postados na internet. E muita vontade de que meu país mude - disse a ativista.
Ela explicou ainda as fotos em que aparece no país com uma banana e uma cerveja.
- O mais dramático é que, em Cuba, para que alguém possa beber uma lata de cerveja tem que trabalhar um ou dois dias - conta. - Mas eu bebo muito pouco, sou quase abstêmia. Tomo suco e água.
Em Recife, no aeroporto dos Guararapes, o desembarque da blogueira foi tumultuado. Cerca 30 ativistas do Fórum de Entidades de Solidariedade a Cuba a receberam no saguão do local aos gritos de “Fora Yoani”, e palavras acusando-a de ser uma agente a serviço dos Estados Unidos. Um dos manifestantes puxou o cabelo da blogueira e outros jogaram notas falsas de dólar, chamando-a de vendida. Um ativista ainda tentou esfregar dólares em seu rosto.
Apesar das manifestações e das agressões, a blogueira agradeceu em seu Twitter a acolhida de seus amigos brasileiros. Nas mensagens, disse que se sentia tratada como se fosse uma irmã.
- Eu gostaria que houvesse uma democracia assim em meu país.
Yoani viveu na Suíça entre 2002 e 2004 e, desde então, não conseguiu mais deixar Cuba, ainda que tenha sido laureada com vários prêmios internacionais pelo ativismo na área de direitos humanos.
Ela conseguiu sair do país graças à reforma migratória do presidente Raúl Castro, que determina que qualquer cubano possa viajar com um passaporte em dia e com o visto para o país de destino.
Certas restrições, no entanto, foram mantidas: o regime ainda pode, por exemplo, negar o passaporte a qualquer um por razões de “interesse público”, “segurança nacional” e para profissionais considerados “vitais” para o país, que necessitam de permissão especial das autoridades.
19 de fevereiro de 2013
O Globo
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