Nesta quinta-feira, durante a visita à favela da Varginha, o papa Francisco disse o seguinte:
“Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. (…) Não deixem que se apague a esperança”.
Embora o recado não tenha mencionado expressamente políticos ou partidos, todo mundo deduziu que o papa resolvera cutucar o governo do PT e seus parceiros. Faz sentido: depois das manifestações de protesto que implodiram a farsa do Brasil Maravilha, ficou claro que a corrupção impune anda de mãos dadas com a seita lulopetista.
Lula acha que isso é preconceito. Tem razão. O país que presta sempre foi preconceituoso com assaltantes de cofres públicos, empresários liberados para transformar canteiros de obras em plantações de maracutaias, gatunos com imunidade parlamentar e outras vertentes da grande família dos corruptos. Neste inverno, o Brasil decente mostrou que é muito maior do que imaginavam os embusteiros no poder.
E não para de crescer, vão admitindo um a um os institutos de pesquisas que, se não tivessem colidido com a revolta da rua, já estariam atribuindo a Dilma Rousseff 100% de popularidade (ou 103%, se a margem de erro oscilasse para cima). Há poucas horas, consumou-se a capitulação do Ibope.
A colecionadora de recordes agora patina nos arredores dos 30% historicamente reservados a qualquer poste do PT.
Durante vários anos, o Ibope confinou em índices inferiores a 8% os brasileiros que acham ruim ou péssimo o governo federal. Subitamente, a taxa de descontentamento decolou. Já está em 31% e continuará subindo. Se apenas tivessem fulminado a desfaçatez dos fabricantes de porcentagens, as manifestações de protesto já teriam valido a pena. Mas as mudanças não se limitaram ao comércio de estatísticas.
26 de julho de 2013
Augusto Nunes, Veja
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