Faz tempo que ninguém elogia o governador Sérgio Cabral. Tudo o que se diz a seu respeito é depreciativo, ácido, terrível.
Pois quero me contrapor a essa quase unanimidade para dar um pouco de conforto espiritual ao querido governador de todos os fluminenses.Começo argumentando que ele foi mal compreendido desde o princípio, quando São Pedro mandou aquele aguaceiro na passagem de ano de 2010 que derreteu as encostas da Serra do Mar e soterrou parte de Angra, inundou a Baixada e quase sepultou Niterói sob escombros.
Sérgio Cabral demorou quatro dias para aparecer. Disseram que ele era omisso. Não concordo. Acho que toda personalidade pública tem direito a um pouco de descanso. E, tenho certeza, o governador estava presente — em espírito — ao ambiente da tragédia. Não adiante me contrariar aqui.
É impossível pensar que alguém pudesse permanecer impassível diante de tantas mortes e de tanto sofrimento só por conta de uma esbórnia de réveillon.
Observem a segurança pública do Rio. Obra dele, Cabral. Apesar do morticínio nas favelas, onde no poder político se alternam traficantes e policiais milicianos, hoje já se pode caminhar com relativa tranquilidade pela Ataulfo de Paiva quase sem preocupação quando não há manifestações… na porta da casa do governador.
Não adianta argumentar que a PM do Rio de Janeiro teve, de longe, a pior atuação ao longo da onda de protestos que assolou o País.
É certo que os policiais cariocas agiram com brutalidade, que se revelaram despreparados. Mas o que é que o governador tem a ver com isso ? Só porque ele é comandante-em-chefe dos trogloditas não significa que ele mesmo seja um troglodita, certo ?
E o próprio Cabral já falou: polícia é com o Beltrame, não com ele. Pois cobrem do secretário que ele nomeou, e não dele.
Também dizem que o Sérgio Cabral tem uma queda pela fanfarronice. Mostram umas fotos dele em Paris numa esbórnia com empreiteiros suspeitos. Coisa que qualquer um faz quando fecha um dos melhores restaurantes do mundo — e mais caros — para uma festa particular.
No Rio mesmo já fizeram coisa pior. O Baile da Ilha Fiscal, por exemplo. Derrubou a monarquia. Lembra ?
Outra coisa: Por que as pessoas estranham tanto o fato de Cabral ter amigos importantes no segmento empresarial ? E que culpa ele tem se esses amigos de repente se transfiguram em estrelas de grandes escândalos de corrupção ? Amigos, amigos, negócio à parte.
Para mim, aquelas fotos em Paris apenas revelam que Sérgio Cabral é um homem de gostos e hábitos refinados e sofisticados. Talvez seja um personagem fora de seu tempo. Santos Dumont também frequentava a noite e a corte parisienses e ninguém falava nada de ruim sobre ele.
Por que tratam a memória de Santos Dumont de um jeito e as aventuras de Sérgio Cabral de outro ? Só porque suspeitam que lobistas pagavam as contas ? E quem pagava as contas de Santos Dumont ? Vai dizer que não era a indústria aeroespacial ?
Não estou falando em Santos Dumont para fazer uma alusão velada ao caso do helicóptero. Quem inventou o helicóptero nem foi Santos Dumont. Se você quer criticar Sérgio Cabral por motivos relacionados a helicópteros, é melhor começar a falar em Leonardo Davinci, Hanna Reitsch e Igor Sikorsky. Foram eles que inventaram o aparelho que o governador do Rio tanto estima.
É uma puta invenção. Imagine o tempo que Cabral economiza indo trabalhar de helicóptero. Só três minutos de voo — quando o destino é a Prefeitura, e não a Quinta de Mangaratiba. Mas tenha em conta que Cabral economiza sete minutos em relação ao que gastaria se fosse de carro ao trabalho como todo mundo (que não é governador) faz.
Sete minutos por dia é muito. Multiplique isso por cem, que deve ser o número de dias ao ano em que Cabral comparece ao Palácio, e você terá 700 minutos — quase 12 horas por ano — a mais de trabalho desse dedicado servidor público em prol das boas causas que representa. Será que o contribuinte carioca não percebe a vantagem de arcar com o custo operacional dessa incrível máquina logística chamada helicóptero ?
Entenderam a perseguição ? Ou vocês também estão entre os que acham que, só porque é funcionário público, o governador não pode mandar seus pilotos buscarem os brinquedos que as babás esqueceram de levar para o fim-de-semana das cabraizinhos ? Me poupem!
Só mais duas coisas. É absolutamente normal e compreensível que policiais à paisana se infiltrem em movimentos populares para provocar agitação. É muito natural que desordeiros que filmam manifestações sejam presos sob a acusação de lançar e portar coquetéis Molotov.
Mesmo que a acusação não corresponda à realidade, é preciso botar na cadeia esses vândalos que transformam a internet numa cruzada denuncista. Como dizem os jornalistas da BESTA (Blogosfera Estatal), só mesmo uma Ley de Medios vai disciplinar essa molecada. Censura neles! E baixem a porrada também!!!
Por tudo isso, afirmo aqui que Sérgio Cabral é vítima de uma sórdida campanha de fundo eleitoreiro. Querem — e estão conseguindo! — detonar a imagem dele, justamente uma das maiores promessas de futuro na seara da política.
Leio hoje que seus eleitores o qualificaram como o pior governador do País. Vejam só isso! Sérgio Cabral, o pior governador do País! Que horror! Que coisa injusta !
E quantas exclamações é necessário botar em um só parágrafo para expressar minha indignação!!!!!!!!!
26 de julho de 2013
blog do pannunzio
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