Os países emergentes, como o Brasil, estão crescendo menos e não conseguem compensar a fraqueza dos países ricos
Para explicar a "Grande Desaceleração", a revista dá argumentos para os quatro maiores emergentes, sem levar em consideração a África do Sul, que faz parte do Brics. No caso do Brasil, a reportagem cita que o País correu com a ajuda do boom das commodities e a expansão do crédito doméstico. Mas a combinação da "inflação teimosa com o lento crescimento mostram que a velocidade-limite da economia é muito menor do que a maioria das pessoas pensava". Há argumentos distintos para China, Rússia e Índia.LONDRES - Liderado pelos grandes países emergentes que crescem cada vez menos, inclusive o Brasil, o planeta entrou em um novo processo econômico: a "Grande Desaceleração". A opinião é da revista britânica The Economist.
Em reportagem de capa na edição europeia, a publicação afirma que a desaceleração cada vez mais evidente de grandes emergentes como os Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) não representa um início de um fracasso, mas sim um ponto de inflexão para a economia mundial.
Na reportagem, a revista diz que o abrandamento das economias "será motivo de ansiedade em primeiro lugar para os moradores desses países". "Onde o crescimento econômico já entregou padrões de vida mais elevados e também tem aguçado o apetite por mais. Mas a transição não precisa ser dolorosa", diz.
"Ao longo dos próximos dez anos, as economias emergentes ainda vão crescer, mas de forma mais gradual", diz a publicação. "Isso marca o fim da primeira fase mais dramática da era dos mercados emergentes", completa a reportagem, que destaca especialmente o fato de que em 1990 os mercados emergentes respondiam por menos de um terço da produção mundial conforme o poder de compra. Em 2013, a participação deve superar os 50%.
Outro argumento para a desaceleração é que outras economias emergentes pós-Bric, como os chamados "Next 11" - grupo que inclui Bangladesh, Indonésia, México, Nigéria e Turquia - não conseguirão gerar impacto na economia global comparável ao efeito dos quatro grandes nos últimos 20 anos. "Os gigantes emergentes vão crescer mais e vão continuar subindo nos rankings, mas o seu passo não vão mais abalar a Terra como já fizeram".
A Economist acredita que o "efeito imediato dessa desaceleração deve ser administrável". Um dos argumentos é que economias emergentes têm, atualmente, mais fôlego e espaço de manobra para reagir e se defender. "Mas o impacto (da desaceleração) no longo prazo sobre a economia mundial será profundo", diz.
"A Grande Desaceleração significa que as economias emergentes em expansão já não conseguirão mais compensar a fraqueza dos países ricos. Sem uma recuperação mais forte nos Estados Unidos ou no Japão ou um renascimento na área do euro, é improvável que a economia mundial cresça muito mais rápido do que o ritmo medíocre dos atuais 3%", diz o texto.
Uma das consequências dessa desaceleração emergente é a possibilidade de retomada da cooperação e liberalização econômica ao redor do mundo. "A era Bric aconteceu na ausência de uma maior abertura do comércio exterior (embora a entrada da China na Organização Mundial do Comércio tenha sido um marco importante), com o comércio crescendo bastante e de qualquer maneira", diz. "A desaceleração pode trazer um novo foco para as negociações comerciais globais. Um acordo que aborde as barreiras comerciais não-tarifárias e especialmente o comércio de serviços poderia render grandes benefícios", diz a revista, que nota, porém, que há o risco de o mundo caminhar na direção contrária. "O mundo rico pode estar mais cauteloso sobre a globalização do que uma ou duas décadas atrás".
26 de julho de 2013
Fernando Nakagawa - Agência Estado
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