Artigos - Globalismo
Como a máfia globalista russa e seus ideólogos espalham sua influência pelo planeta por meio dos "mensageiros de batina".
A sexta parte da terra já não quer mais ser apenas sexta. Sobre isso se evidencia a forte promoção do ideal do "mundo russo" em todas as partes do globo, especialmente intensificada em 2010.
E não é somente ideia: em diversos países do mundo "as pessoas locais" com espanto assistem sua realização. Digamos, uma guerra sem derramamento de sangue, pelos templos, entre ROC (Russian Ortodox Church - Igreja Ortodoxa Russa) e comunidades ortodoxas da diáspora subordinadas à Constantinopla.
O governo russo faz aquisições de terras nas capitais europeias para a construção de novas e grandiosas catedrais. E tudo porque os templos do Patriarcado de Moscou são símbolos da presença russa e centros de disseminação de "trabalhos culturais".
Segundo palavras do ministro do exterior russo Sergei Lavrov, a Igreja é aliada de seu departamento e vai com ele de "par em par".
O Estado, por enquanto, ainda não trabalha efetivamente com os compatriotas no estrangeiro e, neste setor precisa de apoio da ROC - declarou o presidente Dmitry Medvedev, semanas atrás em uma reunião com os participantes do Conselho Episcopal da ROC. Ele ressaltou que a Igreja deve consolidar os milhões de russos fora da Rússia.
No final de ano o chefe dos diplomatas russos Sergei Lavrov assegurou aos participantes das Leituras Internacionais Natalinas no Palácio de Kremlin que, de várias formas vai amparar a ROC na arena internacional.
Propriedade politicamente conveniente
O ano de 2010 tornou-se o ano da virada para o Patriarcado de Moscou. O Patriarca Cirilo, ambicioso e cheio de força e experiência, elegantemente dissimulado no jogo internacional, mergulhou no seu elemento.
Por trás de seu trabalho fecundo, sempre avança como sombra, a configuração de Vladimir Putin. Em 05.01.2010 ambos promulgaram a campanha de transferência de valores de "significado religioso" para ROC.
Durante o ano as informações sobre a retomada dos templos das comunidades da diáspora e "apropriação" dos prédios, que pertenciam aos moradores da Rússia antes de 1917 abalam o ambiente.
Em novembro, o Primeiro Ministro da FR (Federação Russa) pressionou o seu homólogo em Israel, Benjamin Netanyahu, exigindo transferir para Rússia as dependências do quintal de Sergiev, em Jerusalém. Como escreve a revista israelense "antes queriam apenas uma parte do complexo, agora a FR exige a totalidade do território, juntamente com o parque arqueológico e instalações das comunidades - defesa da conservação, preservação da natureza e monumentos".
O quintal de Sergiev localiza-se ao lado da missão espiritual da Rússia. Até 1917 aqui era paragem de peregrinos. Nos tempos da União Soviética, a Rússia não teve acesso a esses edifícios.
Durante a visita de Vladimir Putin em 2005, as autoridades israelenses receberam dele uma mensagem correspondente e em 2008 registraram o símbolo da presença russa na Terra Santa como propriedade da FR.
Curiosamente, os ministros das Finanças e Assuntos do Exterior tentaram persuadir a comunidade de que a transferência destas instalações para Rússia "é de grande importância para defesa de Israel". Provavelmente, isso lhes garantiram os diplomatas russos.
No entanto a mais brilhante transação de propriedade do ano passado foi a decisão da justiça referente à maior igreja ortodoxa da França - Catedral de São Nicolau em Nice - a favor da Rússia.
Em fevereiro de 2010 escrevia o semanário americano Time: "Ortodoxo - não é sinônimo da palavra pertencente ao Estado russo". No entanto, quando prometeram à administração francesa da cidade "85.000 turistas ricos da Rússia a cada ano", o caso pôde ser resolvido.
Em seu tempo a Catedral foi construída pelos "emigrantes brancos" (pessoas que nos primeiros anos da União Soviética conseguiram emigrar ou fugir da Rússia, onde sofriam perseguições, inclusive religiosas - O.K.) e não para que nele orassem os anátemas. A paróquia estava subordinada ao Patriarcado de Constantinopla, mas o domínio de cada paróquia é "uma vitória para Moscou, que aspira a se tornar uma Terceira Roma".
O pároco da Catedral, arcipreste Ioann Gheit, acredita que Moscou usa as igrejas ortodoxas para satisfazer suas ambições e para glorificar seu regime político - como na época de Ivan o Terrível e Pedro I.
Significativa é a reação ao evento em Nice do redator substituto da revista "Pensamento Russo" Viktor Lupanov. Ele argumenta que a história da Igreja na Europa Ocidental, do Patriarcado de Constantinopla chegou a termo porque seus lideres não compreenderam a situação e não seguiram o exemplo da ROCOR (Igreja Ortodoxa Russa além fronteira), que se juntou ao Patriarcado de Moscou.
Esta é uma sentença tchekista (Tcheká - o mais antigo nome da polícia secreta soviética, de 1917 a 1922).
A Rússia, com mãos da ROC PM (Igreja Ortodoxa Russa - Patriarcado de Moscou) ativamente retira dos emigrantes que não são subordinados ao Patriarcado de Moscou, os templos construídos na época pré-revolucionária. É o que escreve o jornalista francês Vinsan Zhover. Como princípio usa-se normalmente o método da divisão, criação de conselhos "paralelos" dos representantes da igreja, recém-chegados da máfia russa, os quais começam cansativos processos judiciais com os conselhos dos imigrantes anteriores.
Paralelamente à política
Não é nenhum segredo que, ao longo da estrutura da ROC no exterior a FR exerce influência política em diferentes países. "A política do Estado russo é clara e acessível. Sua estratégia prevê a transformação do Patriarcado de Moscou em órgão principal, líder em todo mundo ortodoxo e o ambiente da igreja - em peculiar, paralelo ao esquema político global - diz o renomado professor e estudioso das doutrinas religiosas, da Universidade de Lviv - Ucrânia, Andriy Yurash. Para isso é necessário minimizar ao máximo o papel do Sínodo Patriarcal. O Estado russo e a Igreja realizam um programa único, em estreita cooperação. Como prova o fato que percorreu todas as mídias: "O Arcebispo da ROC, em dezena e meia de anos de permanência na cátedra em Viena aliciou para a então KGB (órgão da polícia secreta soviética) cerca de 30 diferentes agentes no ambiente da igreja".
Nos dias de hoje, a missão de "organizar agentes" é executada com abnegação pelo Patriarca de Moscou, Cirilo. Ele tem experiência: por algumas décadas encabeçou o Departamento de Relações Externas da ROC, mas antes viajou pelo mundo várias vezes, convencendo o Ocidente de que na União Soviética havia liberdade de religião. Exteriormente, o vetor político do Patriarcado de Moscou é mais importante do que qualquer direção interior de, digamos, o aprofundamento da evangelização ou outros trabalhos relacionados com o autoaperfeiçoamento, segundo Andriy Yurash.
Ocupação "espiritual"
Além da ocupação histórico-espiritual, o Patriarcado de Moscou, evidentemente, está interessado em ocupação de propriedade física e jurídica. "Devolver para o seio da mãe-igreja canônica as paróquias ortodoxas no Báltico e Ásia Central. Em 02.02.2011 o Patriarca Cirilo, em discurso no Conselho dos Bispos da ROC falou sobre o "problema" na Estônia (onde os templos podem ser transferidos para a propriedade da igreja com a permissão de Constantinopla), na Lituânia, Uzbequistão, Turcomenistão...
No Canadá, por enquanto, as tentativas iniciais de Moscou foram rechaçadas.
Construir novas igrejas também é uma forma de aumentar sua presença no mundo. A partir deste motivo eclodiu escândalo na França. Durante o Ano da Rússia na França, a Rússia comprou em Paris uma área de terra (9 mil metros quadrados) - próximo a Torre Eiffel e do Palácio do Eliseu - para construção da Catedral do Patriarcado de Moscou e Centro de Cultura e Espiritualidade.
Escreve a publicitária Anna Dobanton:
"a operação influenciada por alavancas poderosas, e muito hábeis, concretizou os negócios do presidente russo Vladimir Kozhin - um antigo participante da KGB, associado com o Patriarcado de Moscou, Alexy II, depois com o metropolita Cirilo, com o qual V. Kozhim intensamente "cultivava" os funcionários parisienses.
As negociações sobre um "centro espiritual" da Rússia, na pessoa do então Patriarca Alexy II teve início com o presidente francês Nicolas Sarkozy em 2007. Finalmente, depois de uma visita de Putin a Paris, em junho de 2010 - a área foi comprada pelo Gabinete de Assuntos Presidenciais da FR.
Quando a compra já estava sendo efetuada, o assunto despertou interesse da inteligência francesa - "sob o disfarce da espiritualidade lá poderão colocar espiões", escreve em seu artigo na "Novaya Hazyeta" Alexander Soldatov.
Os peritos alertam, que em troca de um "centro espiritual e cultural", Dmitry Medvedev concordou na compra de helicópteros "Mistral", permitiu a participação dos franceses no projeto estratégico do Gasoduto da Europa do Norte (Nord Stream) e participar de sanções internacionais contra o Irã.
Vinsan Zhover publicou no semanário "Le Nouvel Observateur" o artigo "Especulação com a Catedral de Kremlin em Paris", onde expôs os resultados de sua investigação jornalística. Ele afirma que este assunto é parte de a muito tempo desenvolvida estratégia global: a legitimação do regime de Putin com a Igreja. A construção da catedral no centro de Paris equivale a uma declaração da retomada da influência russa na França e mesmo na Europa Ocidental.
No verão do ano passado, Moscou comprou para sua igreja um pedaço de terra na capital da Espanha, Madri. A primeira paróquia da Rússia foi criada nesta cidade em 2001.
É bom saber
O Sínodo Patriarcal da ROC dos anos 1917 - 1918 elegeu o Patriarca Tikhon (Byelavina) e declarou anátema ao governo soviético.
A repressão começou. No entanto, o ataque total à Igreja começou em 1921. A maioria dos bispos da ROC que não optaram pela "cooperação" foi exterminada e substituída pelos trabalhadores do NKVS (órgão da polícia secreta anterior a NKVD). A Tcheká desenvolveu estratégias e táticas para destruir as igrejas. Milhares de padres recalcitrantes foram presos e executados. Permaneceram "no serviço" apenas os leais às autoridades que tinham por obrigação transmitir aos "órgãos" os temas das confissões de seus paroquianos.
Em 21.10.21 o Metropolita Sergei determinou aos padres e leigos rezar nas igrejas pelo poder dos "vermelhos ateus". Em seguida, por ordem de Stalin, ele foi "nomeado" Patriarca da ROC.
Em 28.04.1923 a estrutura paralela da ROC, subordinada a Tcheká e encabeçada pelo Metropolita Sergei organiza o Sínodo Patriarcal da ROC, e toma decisões importantes para os bolcheviques, destacando:
- apoio ao poder soviético e da necessidade histórica do sistema socialista;
- celebrar o poder soviético nas missas;
- condenar as atividades contra revolucionárias da chefia anterior da Igreja;
- condenar a Igreja Ortodoxa Russa no exterior;
A Igreja Ortodoxa Russa do Patriarcado de Moscou até hoje não fez o ato de arrependimento e purificação em sua estrutura.
26 de julho de 2013
Yaroslava Muzechenko
Título original traduzido: Globalização da "Fé Ortodoxa"
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Publicado em Ukraina Moloda (Nova Ucrânia), em 10.02.2011.
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