Pergunta: o leitor espanhol algum dia ouviu a palavra harraga? Resposta: Não,
nunca.
A variante do árabe marroquino chama de harragas os africanos que queimam os próprios documentos de identidade, antes de emigrar para a Europa em balsas, para dificultar a repatriação.
Mas não têm nome na Espanha pós-colonial, pois os jornais e televisões, lá, chamam-nos simplesmente de “imigrantes ilegais” ou “sem papéis”.
Até há poucos dias, a viagem desses sem papéis e sem nome era sempre para o norte. Pois eis que a crise econômica que assola a Europa acaba de nos oferecer uma notícia que é como uma revanche histórica: dia 17 de abril, o jornal argelino Liberté publicou notícia sobre quatro imigrantes ilegais espanhóis, interceptados pela polícia costeira da Argélia.
Dessa vez, haviam partido do norte, rumo ao sul. O curioso é que já se passou mais de um mês do acontecido, sem que nenhum jornal ou rede de televisão na Espanha ou no resto da Europa tenha noticiado.
Vergonha? Sabe-se lá. Façamos votos de que os quatro rapazes tenham melhor sorte na próxima tentativa, talvez rumo à Argentina, Venezuela ou Cuba.
Aqui, a notícia publicada no Liberté, de Alger (traduzida):
###
HARRAGAS ESPANHÓIS
K. Reguieg-Issaad (Jornal Liberté, da Argélia)
A informação é uma bomba e não passou inadvertida, pois são… harragas espanhóis recentemente detidos pela polícia argelina, na costa ocidental do país.
A crise econômica mundial, que afeta a Espanha e alguns países europeus sugeriu uma via a quatro jovens espanhóis, que decidiram procurar trabalho em terras africanas. O que poderia ser mais natural, uma vez que a Argélia negou-lhes os vistos, que tentassem cruzar o mar em sentido oposto?
Os harragas espanhóis foram interceptados num barco, quando desembarcavam na costa da Argélia. Viajaram atraídos pelas oportunidades de trabalho nas muitas empresas espanholas que operam em Orán.
Segundo nossas fontes, os jovens espanhóis, demitidos dos respectivos empregos em empresas que fecharam na Espanha, solicitaram visto de entrada na Argélia, sem sucesso. Os jovens espanhóis, agora, serão repatriados.
19 de maio de 2012
tribuna da internet
A variante do árabe marroquino chama de harragas os africanos que queimam os próprios documentos de identidade, antes de emigrar para a Europa em balsas, para dificultar a repatriação.
Mas não têm nome na Espanha pós-colonial, pois os jornais e televisões, lá, chamam-nos simplesmente de “imigrantes ilegais” ou “sem papéis”.
Até há poucos dias, a viagem desses sem papéis e sem nome era sempre para o norte. Pois eis que a crise econômica que assola a Europa acaba de nos oferecer uma notícia que é como uma revanche histórica: dia 17 de abril, o jornal argelino Liberté publicou notícia sobre quatro imigrantes ilegais espanhóis, interceptados pela polícia costeira da Argélia.
Dessa vez, haviam partido do norte, rumo ao sul. O curioso é que já se passou mais de um mês do acontecido, sem que nenhum jornal ou rede de televisão na Espanha ou no resto da Europa tenha noticiado.
Vergonha? Sabe-se lá. Façamos votos de que os quatro rapazes tenham melhor sorte na próxima tentativa, talvez rumo à Argentina, Venezuela ou Cuba.
Aqui, a notícia publicada no Liberté, de Alger (traduzida):
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HARRAGAS ESPANHÓIS
K. Reguieg-Issaad (Jornal Liberté, da Argélia)
A informação é uma bomba e não passou inadvertida, pois são… harragas espanhóis recentemente detidos pela polícia argelina, na costa ocidental do país.
A crise econômica mundial, que afeta a Espanha e alguns países europeus sugeriu uma via a quatro jovens espanhóis, que decidiram procurar trabalho em terras africanas. O que poderia ser mais natural, uma vez que a Argélia negou-lhes os vistos, que tentassem cruzar o mar em sentido oposto?
Os harragas espanhóis foram interceptados num barco, quando desembarcavam na costa da Argélia. Viajaram atraídos pelas oportunidades de trabalho nas muitas empresas espanholas que operam em Orán.
Segundo nossas fontes, os jovens espanhóis, demitidos dos respectivos empregos em empresas que fecharam na Espanha, solicitaram visto de entrada na Argélia, sem sucesso. Os jovens espanhóis, agora, serão repatriados.
19 de maio de 2012
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