"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 18 de setembro de 2012

PEDIDO PARA BLOQUEAR BENS DE QUADRILHA SAI AMANHÃ


Bloqueio estendido a laranjas
CPI que investiga o bicheiro vai encaminhar o requerimento ao Ministério Público ou diretamente à Justiça Federal. Decisão foi tomada após o Correio revelar que integrantes do esquema estão vendendo terras para fugir do país.
CPI do Cachoeira anuncia que pedido para sequestrar os bens de pessoas ligadas à quadrilha do bicheiro será encaminhado até amanhã ao MPF ou à Justiça Federal
O relator da CPI do Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), assegurou, na tarde de ontem, que a comissão vai entrar até amanhã com um pedido de sequestro dos bens que pertencem ao bicheiro, mas estão registrados em nomes de laranjas. Os parlamentares não decidiram ainda se o requerimento será encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF) ou diretamente à Justiça Federal. O parlamentar afirmou que a reportagem publicada pelo Correio, domingo, revelando que os integrantes da organização criminosa tentam se desfazer de propriedades no DF e no Entorno por metade do preço de mercado é bastante grave e suficiente para a Justiça agir.
"Claro que faremos esse movimento. É urgente que a Justiça determine o sequestro dos bens, nem que seja em caráter liminar neste primeiro momento. Estamos convencidos de que José Olímpio de Queiroga Neto é mais do que um funcionário de Cachoeira. Ele funcionava como uma micro organização criminosa dentro da quadrilha comanda pelo bicheiro. Verificamos um grupo de empresas ligadas ao esquema, todas em nome de parentes de Queiroga", explicou Odair Cunha.
Queiroga Neto é o homem forte do contraventor no Distrito Federal. De acordo com as investigações da Operação Monte Carlo, ele era o responsável pela operacionalização das casas de jogos de azar e também cuidava dos investimentos do patrão.
Assim como o relator, outro integrante da CPI, deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), voltou a cobrar ação por parte do MPF. Ambos alertaram para o risco de se comprar terrenos que pertencem à quadrilha. "Quem adquire essas terras pode ficar sem o terreno e sem o dinheiro pago", lembrou Miro Teixeira. Odair Cunha complementou: "Fazer uma transação como esta, sem checar a origem e o real proprietário do bem, é tão seguro quanto aceitar comprar um terreno na lua".
Queiroga é suspeito de arrecadar recursos com o intuito de fugir do país
Corretores
José Olímpio de Queiroga Neto acionou uma rede de corretores para vender propriedades em regiões administrativas do DF e no Entorno que, segundo a polícia, foram compradas com dinheiro sujo do crime. Ele ganhou a liberdade, por força de habeas corpus, em 14 de junho, e estaria juntando recursos para fugir para os Estados Unidos.
Na tarde de ontem, o Ministério Público Federal comunicou oficialmente que não iria se pronunciar sobre procedimentos adotados no âmbito da Operação Monte Carlo. Os procuradores da República que atuam no caso têm uma lista de bens da quadrilha registrados, em sua grande parte, em nome de laranjas. A instituição já pediu à Justiça o sequestro de vários imóveis. Caso os endereços patrimoniais mostrados na reportagem do Correio não constem nessa relação, o MPF vai solicitar a inclusão das áreas para que seja adotado o mesmo procedimento.
A Polícia Federal comunicou, ontem à tarde, que "qualquer medida assecuratória com vista a impedir a dilapidação do patrimônio dos denunciados somente é possível por determinação judicial, que será prontamente atendida por esta instituição caso ocorra."

Correio Braziliense (DF) - 18/09/2012
João Valadares e Gabriel Mascarenhas

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