"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

GARSCHAGEN CONSIDERA ESCANDALOSA DECISÃO DO SENADO SOBRE CUSTEIO DO IR

 

bruno garschagen 5 140x105 Garschagen considera escandalosa decisão do Senado sobre custeio do IRBruno Garschagen

Esta semana o Senado aprovou o custeio do Imposto de Renda (IR) devido pelos parlamentares no período de 2007 a 2011 sobre o 14º e 15º salários, de R$ 26,7 mil cada. Especialista do Imil, o advogado e mestre em Ciência Política, Bruno Garschagen, considera a decisão um escândalo.

“É um escândalo que parlamentar receba vencimentos extras, como é escandalosa a verba de gabinete, auxílio disso e daquilo – para não dizer escandaloso o fato de receberem pelo que efetivamente fazem na política nacional –“, denunciou Garschagen.

Segundo ele, enquanto houver todos esses incentivos políticos e econômicos perversos que permitem aos políticos agirem dessa maneira, a sociedade brasileira continuará a enfrentar problemas desse tipo e até os mais graves, como o caso do Mensalão. “Sem contar aqueles que nem ficamos sabendo”, lembrou.

O especialista adverte que se a sociedade tivesse uma reação consistente, com a participação dos meios de comunicação, haveria possibilidade, mesmo que mínima, que houvesse desistência do projeto.

No entanto, segundo ele, mesmo que esse projeto não seja aprovado após essa pressão, o problema não estará resolvido. “Nada impede que, no futuro, um projeto semelhante seja proposto e aprovado (e dessa vez eles tomem cuidado para que o assunto não vaze para a imprensa)”.

O cientista político explica que é até possível tentar minimizar esses comportamentos de uma forma ou de outra, “o problema é que toda vez que se cria uma restrição mediante uma lei, decreto, portaria, os prejudicados não são os políticos corruptos, que são muito criativos para inventar soluções de forma a driblá-la, mas aqueles que efetivamente querem contribuir de alguma forma e estão amarrados por uma série limitações”.

Garschagen sugere ainda ser muito fácil e barato resolver o problema: “Revoga-se toda a legislação que concede poder e dinheiro aos poderes, instituições e agentes do estado. Sem poder e sem dinheiro extingue-se todos os incentivos que estimulam e viabilizam corrupção, compra de deputados, escolha de vencedores em licitações e concessão de crédito via BNDES etc., etc.

Que se faça a mesma pergunta a qualquer político eleito: o senhor aceitaria permanecer no cargo ou se reeleger se ainda hoje todos esses poderes que o seu cargo lhe concede forem extintos? Se tudo for mantido como está, prolongaremos e repetiremos as mesmas discussões sobre os mesmos problemas ad infinitum”, questiono.

23 de novembro de 2012

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