José Dirceu abalou-se até Brasília. Sem alarde, desembarcou na Capital há dois dias. Reuniu-se com líderes estudantis e almoçou com 15 deputados federais do PT. Organiza sua infantaria para reagir à condenação que lhe foi imposta pelo STF: dez anos e dez meses de cadeia pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa.
A repórter Maria Lima recuperou os passos de Dirceu. Conta que o almoço com os petistas foi servido na casa do líder Jilmar Tatto, futuro secretário de Transportes do prefeito eleito Fernando Haddad. Deu-se nesta quarta (21). O condenado pediu mobilização–dentro e fora do PT.
Na noite da véspera, Dirceu reunira-se com os presidentes da UNE, Daniel Iliescu; da União da Juventude Socialista, André Tokarski; e da Juventude do PT, Jefferson Lins. A tróica comprometeu-se a organizar a rapaziada para atos públicos pró-Dirceu. Coisa para dezembro.
Um dos presentes ao repasto da casa de Tatto, o deputado Zeca Dirceu, filho do condenado, disse: “ Os inimigos do meu pai querem tirá-lo da política. Mas a saúde dele vai ajudar que ele atravesse isso. Minha avó tem 92 anos e está lúcida. Ele só tem 66, tem muito tempo pela frente.”
Inadvertidamente, Zeca utilizou uma expressão parecida com a que era usada por Fernando Collor na fase pós-impeachment. Apeado da Presidência nas pegadas de uma CPI que teve em Dirceu um de seus protagonistas, Collor dizia: “O tempo é senhor da razão.” E Zeca: “O tempo é o senhor da verdade. A História já foi recontada várias vezes e mais uma vez será recontada por meu pai.”
Abordados na saída, alguns dos participantes do almoço soaram como se não digerissem muito bem a ideia de ver a proximidade com Dirceu exposta no noticiário. Líder de Dilma Rousseff na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse que fora à casa de Tatto, não ao almoço com o réu.
“Tenho que voltar correndo para a Câmara. Converse com outros deputados. Eu não acompanhei todo o evento”,desconversou Chinaglia, apressando o passo em direção ao carro. “Eu não vim para almoço de Zé Dirceu. Vim matar a fome. Mas o PT apoia todos os seus militantes”, ecoou o deputado Luiz Alberto (PT-BA).
A caminho do automóvel, a companheira Benedita da Silva (PT-RJ), passos largos, também não quis muita conversa.“Vocês acham que Zé Dirceu está abandonado? Meu Deus do céu! Não está, não!”Tem vergonha de participar do almoço? “Vergonha do Zé Dirceu? Que é isso? Jamais!”
Benedita disse, de resto, que Dirceu não lhe pareceu preocupado com a pena que acaba de receber. “De jeito nenhum, Dirceu é cabeça feita.” O anfitrião Tatto e alguns dos comensais –entre eles o próprio Dirceu e Ricardo Berzoini (PT-SP)—preferiram sair pela garagem.
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