Se algum bilionário internacional quisesse fazer um ótimo investimento em
esporte profissional e avaliasse diversos mercados, o Brasil seria o país ideal.
Pela popularidade do futebol, pela qualidade dos jogadores e a paixão das
torcidas, nem seria preciso gastar em propaganda. Com a economia bombando, não
haveria mercado melhor, seria impossível não dar certo - a menos que se fizesse
como as elites dirigentes que dominam o futebol brasileiro como famiglias
mafiosas.
Hoje um time de futebol é um negócio, um grande negócio que não pode se confundir com um clube social recreativo, por total incompatibilidade de atividades, objetivos e recursos. Quem dá dinheiro ao time e valor à marca não são os sócios nem o clube, são os milhões de torcedores que pagam ingresso, compram camisa, boné e pay-per-view, movidos por paixão e fidelidade. Eles é que deveriam eleger o presidente do clube.
É o que farão os "sócios-torcedores" do Fluminense, aplicando uma jogada de sucesso do Barcelona, que tem quase 200 mil associados. Por uma módica mensalidade, eles ganham descontos em ingressos e lojas e acesso aos treinos. E votam! Um gol de placa democrático e empresarial do presidente Peter Siemsen, virando o jogo.
Profundos conhecedores do mundo do futebol, os cronistas Juca Kfouri e Renato Maurício Prado e o técnico Carlos Alberto Parreira publicaram esta semana artigos cabeludos sobre o futebol brasileiro - sem falar em bola, juiz ou jogador. Só sobre negócios, administração e gestão, porque quase todos os clubes são deficitários ou estão quebrados e só sobrevivem às custas de patrocínios. No rico país do futebol.
Por que só no Brasil os times de futebol não podem, ou querem, ser empresas? Aqui os clubes sociais não pagam impostos nem podem ter lucros, só prejuízos, e os presidentes são eleitos por restritos conselhos deliberativos, que elegem os presidentes das federações, que elegem o da CBF, como nas quadrilhas.
Enquanto isso, em Brasília, o deputado Romário tenta viabilizar a CPI da CBF, driblando a "bancada da bola" da Câmara, que bem merece o nome, com duplo sentido.
23 de novembro de 2012
Nelson Motta - O Estado de S.Paulo
Hoje um time de futebol é um negócio, um grande negócio que não pode se confundir com um clube social recreativo, por total incompatibilidade de atividades, objetivos e recursos. Quem dá dinheiro ao time e valor à marca não são os sócios nem o clube, são os milhões de torcedores que pagam ingresso, compram camisa, boné e pay-per-view, movidos por paixão e fidelidade. Eles é que deveriam eleger o presidente do clube.
É o que farão os "sócios-torcedores" do Fluminense, aplicando uma jogada de sucesso do Barcelona, que tem quase 200 mil associados. Por uma módica mensalidade, eles ganham descontos em ingressos e lojas e acesso aos treinos. E votam! Um gol de placa democrático e empresarial do presidente Peter Siemsen, virando o jogo.
Profundos conhecedores do mundo do futebol, os cronistas Juca Kfouri e Renato Maurício Prado e o técnico Carlos Alberto Parreira publicaram esta semana artigos cabeludos sobre o futebol brasileiro - sem falar em bola, juiz ou jogador. Só sobre negócios, administração e gestão, porque quase todos os clubes são deficitários ou estão quebrados e só sobrevivem às custas de patrocínios. No rico país do futebol.
Por que só no Brasil os times de futebol não podem, ou querem, ser empresas? Aqui os clubes sociais não pagam impostos nem podem ter lucros, só prejuízos, e os presidentes são eleitos por restritos conselhos deliberativos, que elegem os presidentes das federações, que elegem o da CBF, como nas quadrilhas.
Enquanto isso, em Brasília, o deputado Romário tenta viabilizar a CPI da CBF, driblando a "bancada da bola" da Câmara, que bem merece o nome, com duplo sentido.
23 de novembro de 2012
Nelson Motta - O Estado de S.Paulo
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