"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A VOLTA DE RENAN AO COMANDO DA 'CASA DO ESPANTO' AVISA: NAO HÁ PERIGO DE MELHORAR

Não há perigo de melhorar, confirma a escolha de Renan Calheiros para substituir José Sarney na presidência do Senado. Depois de quatro anos sob o comando de Madre Superiora, a Casa do Espanto será gerenciada pelo líder da bancada do cangaço. É mais que a troca de seis por meia dúzia.

É outra prova contundente de que, no Brasil que Lula reinventou e Dilma Rousseff vem aperfeiçoando, o que está péssimo sempre pode piorar.

Em dezembro de 2007, afundado até o pescoço no pântano das maracutaias, Renan renunciou à presidência do Senado em troca da preservação do mandato e, sobretudo, das imunidades parlamentares. Escapou da cassação, livrou-se da cadeia e, passados cinco anos, vai recuperar o cargo graças aos bons serviços prestados ao Palácio do Planalto (e aos dossiês que juntam casos de polícia protagonizados pelos colegas).

Como demonstra o post republicado na seção Vale Reprise, a Casa do Espanto será presidida por mais um prontuário. Como registra o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, a reincidência tem o aval do PT, o endosso da base alugada e o apoio militante da presidente Dilma Rousseff.
Em fevereiro, ela certamente estará ao lado do eleito na cerimônia de posse.

O figurino será parecido com o exibido na solenidade que oficializou a substituição de Ayres Britto por Joaquim Barbosa na presidência do Supremo Tribunal Federal. Os trajes de Dilma parecem sempre o mesmo. O que muda é a cara. Forçada pelas circunstâncias a participar de um festa protagonizada pelo relator do julgamento do mensalão, a chefe de governo apareceu com a carranca de tia rabugenta. Foi uma manifestação fisionômica de solidariedade aos companheiros condenados pelo STF.

Dilma só premiou com um beijinho em cada face e o sorriso possível o revisor Ricardo Lewandowski, agora vice-presidente do Supremo e sempre ministro da defesa dos mensaleiros. Renan Calheiros certamente terá direito a tratamento idêntico.
A campeã brasileira de mau humor até consegue ser gentil com bandidos de estimação instalados em cargos importantes.
A subserviência do Senado, prorrogada por mais dois anos, merece um sorriso de aeromoça e dois beijinhos regimentais.

23 de novembro de 2012
Augusto Nunes

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