Um dia depois de as Nações Unidas reconhecerem a Palestina como Estado observador não membro da ONU em votação histórica na Assembleia-Geral em Nova York, o governo de Israel anunciou a construção de mais 3.000 casas em assentamentos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental. A decisão do governo do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, foi criticada pela administração de Barack Obama, que qualificou a atitude como contraproducente para o processo de paz.
Nas Nações Unidas, os Estados Unidos estiveram no grupo de oito países que, juntamente com Israel, votou contra o reconhecimento do Estado palestino. A favor, foram 138 países, incluindo o Brasil, e 41 optaram pela abstenção. ”Nós reiteramos nossa oposição às construções nos assentamentos e em Jerusalém Oriental”, disse o porta-voz Tommy Vietor, do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. “Reiteramos que essas ações são contraproducentes e deixam ainda mais difícil a retomada das negociações para atingirmos a solução de dois Estados.
Negociações diretas continuam sendo nosso objetivo e encorajamos os dois lados a darem passos para chegarmos a esse objetivo com mais facilidade”, acrescentou depois do anúncio israelense. Desde a administração de George W. Bush, o governo americano vem pedindo para Israel congelar a construção de mais unidades habitacionais nos assentamentos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.
Na semana passada, o governo Obama havia advertido Israel para não anunciar essas construções em resposta à iniciativa apresentada pelos palestinos nas Nações Unidas em busca do reconhecimento. Ao todo, cerca de 500 mil israelenses vivem nestas regiões em meio a 2,5 milhões de palestinos. As novas casas serão construídas em uma área conhecida como E-1, em Maaleh Adumim, no subúrbio de Jerusalém.
Na prática, essas construções impedirão a existência de um território contínuo de cidades como Belém e Ramallah a Jerusalém Oriental, servindo como uma barreira para aproximar a parte árabe da cidade ao restante do território palestino. Israel considera Jerusalém sua capital indivisível. Os palestinos reivindicam a parte oriental da cidade, majoritariamente árabe cristã e muçulmana, como a capital de seu Estado.
Os Estados Unidos defendem que o status final da cidade, considerada sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos, seja definido em negociações entre os dois lados e mantêm as suas embaixadas em Tel-Aviv e Ramallah.
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Por Gustavo Chacra, no Estadão:
01 de dezembro de 2012
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