Lula, corrupção e o "NYT": Governo do PT envolvido em novo escânda
- Folhapress
Apesar da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, ter agido de modo enérgico para acabar com a corrupção em seu governo, um novo escândalo está vindo à tona, centrado em acusações de tráfico de influência por uma ex-assessora do popular ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As mais recentes revelações colocaram o Partido dos Trabalhadores (PT) novamente na defensiva, à medida que os investigadores expõem um esquema de propina nos altos escalões do governo.
O esquema envolvia a venda de laudos e pareceres de órgãos públicos necessários para projetos de transporte, se estendendo até a Advocacia-Geral da União, o Ministério da Educação e agências reguladoras para aviação civil e portos, segundo a Polícia Federal. Foram executados mandados de busca e apreensão em gabinetes do governo em São Paulo e na capital, Brasília, nos últimos dias.
A amplitude do escândalo está sacudindo as instituições de governo no momento em que chega ao fim o julgamento histórico dos réus de outro escândalo, um esquema de compra de votos envolvendo o ex-ministro da Casa Civil de Lula. O mais recente escândalo não foi tão vasto quanto a conspiração para compra de votos –chamada de mensalão, em uma referência aos subornos regulares recebidos pelos legisladores– que foi a julgamento. Mas aponta para quanto a corrupção continua entranhada no sistema político brasileiro.
“Talvez o mensalão não seja o divisor de águas que foi celebrado, mas sim algo que mudou parcialmente o jogo”, disse David Fleischer, professor emérito de ciência política da Universidade de Brasília.
Assim como o mensalão, o escândalo deste mês já tem um apelido, com os jornalistas políticos o chamando de “Rosegate”, uma mistura de Watergate com o nome encurtado de Rosemary Nóvoa de Noronha, a ex-chefe do gabinete da Presidência em São Paulo, que despontou no centro da atenção.
Lula escolheu Rose em 2003 para chefiar seu gabinete em São Paulo, e a presidente Dilma Rousseff a manteve no cargo até sua demissão no último sábado (24). Ela enfrenta acusações de tráfico de influência. Vários outros altos funcionários foram forçados a deixar seus cargos, incluindo o Nº 2 na Advocacia-Geral da União, José Weber Holanda Alves.
Ao longo dos anos, Rose ganhou destaque nas rodas do governo graças à sua proximidade de Lula. Era ela a responsável por fazer o agendamento de reuniões do ex-presidente em São Paulo, a capital financeira do Brasil e o lar de Lula, antes da chegada à Brasília. Rose obteve passaporte diplomático e o acompanhou em viagens a 23 países de 2007 a 2010.
Os investigadores também dizem que ela também ajudava Paulo Vieira, a autoridade reguladora que organizava o esquema de documentos falsos, ao arranjar reuniões com ele. Em troca, eles disseram que ela recebeu viagens em cruzeiros marítimos, cirurgia plástica, dinheiro e orientação legal para um divórcio. Ela também conseguiu cargos estratégicos para pelo menos dois funcionários no esquema, incluindo Vieira, além de cargos públicos bem remunerados para sua filha e marido.
Importantes membros do PT disseram ser errado associar Lula a Rose. José Chrispiniano, um porta-voz de Lula, se recusou a comentar o assunto, dizendo que não foi encontrado nada ligando o ex-presidente à investigação.
01 de dezembro de 2012
Simon Romero
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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