"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



sábado, 1 de dezembro de 2012

BARGANHE COMO UM SOMALIANO

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Caso seja rápida, chance de que acordo seja ruim para umas das partes é alta (Reprodução/The Economist)

Como negociar com piratas no Chifre da África

O sequestro de navios por piratas na costa da Somália pode ter caído recentemente, mas o interesse de cientistas sociais e economistas pelo país não foi reduzido.
O fato de a região estar destituída de um estado há tanto tempo fornece um território de teste para teorias sobre como as pessoas se comportam face a ausência de um governo.

Uma dessas questões é como duas partes negociam quando nenhuma das duas tem acesso a informações de qualidade. Negociações entre proprietários de navios e piratas somalianos se adequam bem a essa descrição.

Os economistas têm se interessado pelos modos de livre mercado dos piratas há algum tempo. No ano passado uma equipe de três economistas fez um estudo baseado em dados oriundos de mais de 10.000 negociações realizadas entre 1575 e 1793 entre piratas norte-africanos e monges agindo em nome de famílias espanholas.
Eles descobriram que os espanhóis conseguiam pagar preços mais baixos ao prolongar as negociações. Dados a respeito das atividades dos piratas contemporâneos são mais, digamos, esparsos. Para preencher a lacuna, os autores de um novo estudo reuniram dados de piratas negociadores.

Eles descobriram que piratas somalianos fingem ser mais sofisticados do que são, enquanto que os proprietários de navios fingem ser mais pobres. Hoje em dia, ambas as partes têm interesse em uma resolução rápida, uma vez que uma negociação prolongada gera custos.
Para os proprietários de navios, a carga pode estragar e os navios se depreciam. Para os piratas, a tripulação capturada tem que ser alimentada e a carga vigiada. E os piratas não duram muito sem uma recarga deqat, que é tão importante para eles quanto o rum o é para um marinheiro. Caso a negociação seja finalizada muito rapidamente, as chances são altas de que a acordo será ruim para uma das partes.

A intervenção governamental pode perverter os incentivos. A Espanha pagou um resgate de US$ 1,2 milhão para um navio pesqueiro, o Playa del Bakio, em 2008 – mais do que o dobro do valor anteriormente pago por uma embarcação desse tipo – e estabeleceu um novo preço mínimo.
De fato, embora o número de navios sequestrados tenha caído, os piratas se adaptaram mediante a cobrança de valores mais altos por liberação. Também há sinais de que eles estão se deslocando para dentro do continente e visando trabalhadores humanitários e outros estrangeiros que não contam com a proteção das armas da Marinha americana.

01 de dezembro de 2012
Fontes:The Economist-Bargain like a Somali

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