"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



domingo, 8 de julho de 2012

CRIME DE IMPRENSA

Deu no Balaio do Kotcho: “Crime de Imprensa” lembra a campanha de 2010



O livro “Crime de Imprensa” ainda não chegou às livrarias, nem deve chegar tão cedo. Seus autores, os jornalistas Mylton Severiano, o Myltainho, e Palmério Dória, não estão muito otimistas. Na contra-capa, eles já avisam que se trata de um livro “sobre o qual você não vai ver nenhuma resenha nem menção alguma em nenhum veículo da grande mídia”.

Já que é assim, vamos falar dele em primeira mão aqui mesmo no Balaio. Trata-se do primeiro livro escrito sobre a cobertura jornalística da campanha de de 2010 em que Dilma Rousseff, do PT, foi eleita presidente da República contra a vontade de toda a grande mídia brasileira, que apoiava o candidato derrotado José Serra, do PSDB.

“Um retrato da mídia brasileira murdoquizada” é o sub-título do livro de Myltainho e Palmério, os mesmos autores do best-seller “Honoráveis Bandidos”. Lançado pela editora Plena, pode ser comprado por R$ 35,00 no site www.plenaeditorial.com.br.

Na apresentação da obra de 138 páginas, os veteranos jornalistas com passagens marcantes pelas principais redações do país, anunciam:

“Crime de Imprensa” é o primeiro livro a mostrar, na história das eleições, como se comporta a mídia corporativa antipopular e atrelada a interesses que não coincidem com a vontade do nosso povo. Uma mídia que não hesita em usar os mesmos métodos do inescrupuloso magnata das comunicações Rudolph Murdoch”.

Os autores pretendem transmitir a “perplexidade das pessoas lúcidas deste País, não só com a cobertura jornalística falsamente `isenta´das campanhas eleitorais, mas também com a posição dos grandes veículos de comunicação diante de outros episódios das vida brasileira”.

Os leitores vão descobrir coisas que jamais leram na imprensa nem viram nos telejornais: o candidato que se tornou onipresente, gravando falas em São Paulo e ao mesmo tempo desfilando em carro aberto no Tocantins; a cartilha do MEC espinafrada e até chamada de criminosa por colunistas que leram apenas uma frase de um capítulo ou nem mesmo leram nada.

No capítulo “E os aprendizes de Murdoch não desistem”, o livro reproduz trecho de um texto que escrevi no Balaio às vésperas da eleição de 2010:

“Jamais tinha visto nada parecido na cobertura de uma eleição _ tamanhas baixarias, tantos preconceitos, discursos tão vis e cínicos, textos inacreditavelmente sórdidos publicados em blogs e colunas. No melhor momento social e econômico da história recente do país, chegamos ao fundo do poço na política”.

Um ano depois, podemos constatar que, infelizmente, nada mudou, mas é bom lembrar o que aconteceu para que esta vergonha não se repita nas próximas eleições presidenciais.
Trecho do primeiro capítulo do livro (“A bolinha de papel que pesava 2 quilos”):

“(…) Jacob Kligerman disse à imprensa que não houve ferimento algum, mas providenciou uma tomografia (jamais divulgada) e recomendou repouso _ tirado a seguir numa churrascaria de luxo na zona sul do Rio. Ali, a bolinha de papel atirada pelo anônimo cidadão, tinha virado uma bobina de fita crepe, logo transformada em “uma coisa grande”, que o vice do tucano, Índio da Costa, avaliou em 2 quilos, e a Folha publicou, peso para o qual o candidato Serra deu um desconto camarada: era só meio quilo _ que, a não ser que fosse uma almofada de plumas, de todo modo lhe teria fraturado o crânio.

Colado a José Serra no calçadão de Campo Grande, caminhava Fernando Gabeira, experiente repórter, que afirmou não ter visto “coisa grande” alguma atingir a cabeça do tucano. Naqueles instantes, o ex-guerrilheiro Gabeira, desmerecendo mais uma vez sua biografia, posava como vice virtual de Serra, já que o verdadeiro, o citado Índio da Costa, estava completamente desmoralizado”.

Leia no Balaio.

08 de julho de 2012

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