"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

E NO DE(S)CÊNIO DA FARSA E FALSIFICAÇÃO...

Inadimplência em banco público bate a de banco privado. Banco do Brasil contesta.
 
Os balanços dos bancos relati­vos ao exercício 2012 deixa­ram uma dúvida no ar: por que a inadimplência das institui­ções públicas encerrou o ano em níveis tão inferiores aos dos bancos privados, levando em conta que as primeiras foram muito mais agressivas na concessão de crédito?

Um trabalho elaborado pelo economista Samuel Pessôa, pes­quisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, indica que a resposta está na composição da carteira de empréstimos de cada grupo de instituições.
Mais:
o levantamento mostra que os índices de calote nos bancos pú­blicos são mais elevados.

Fazendo a ressalva de que não se trata de duvidar da veracidade dos dados dos bancos públicos, Pessôa explica a hipótese sobre a qual trabalhou.
O crédito no Bra­sil é composto por recursos li­vres (de mercado) e direciona­dos (dinheiro do governo volta­do para algum segmento especí­fico, como, por exemplo, em­préstimos imobiliários).

Historicamente, a taxa de ina­dimplência no crédito com re­cursos direcionados é bem infe­rior à taxa com recursos livres. Como os bancos públicos têm em suas carteiras um peso maior de crédito direcionado, a conclu­são de Pessôa é de que "a inadim­plência geral nessas instituições é mais baixa por um efeito de composição".

Quando a comparação se res­tringe apenas ao crédito concedi­do com recursos livres, os núme­ros apurados por Pessôa mos­tram inadimplência mais alta nos públicos do que nos priva­dos. Na hipótese em que a ina­dimplência do crédito com re­cursos direcionados é de 1%, o índice de calote nos recursos li­vres ficaria em 6,8% nos bancos públicos em dezembro, ante 5,2% nos privados.

"Aparentemente, os bancos públicos são menos eficientes do que os privados quando ope­ram com recursos livres", disse o pesquisador. Ele observa que não é possível afirmar categori­camente que essa conclusão é verdadeira porque os dados di­vulgados pelo Banco Central (BC) não permitem uma avalia­ção mais profunda da situação.

Os dados do trabalho de Pes­sôa englobam, entre as institui­ções públicas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A taxa de inadimplên­cia de 1% nos créditos com recur­sos direcionados utilizada na hi­pótese do pesquisador foi obtida justamente a partir de números dos balanços do BNDES.

Ao final do quarto trimestre de 2012, a inadimplência acima de 90 dias no Itaú estava em 6,9% nas operações para pes­soas físicas.
No Bradesco, era de 6,2%, e no BB, em 2,6%.

Ontem, em sua primeira nota de crédito de 2013, o BC informou que a inadimplência do sis­tema financeiro caiu de 8% em dezembro para 7,9% em janeiro nas pessoas físicas.


Posição do BB.
O Banco do Bra­sil e a Caixa Econômica Federal contestam as conclusões de Pes­sôa. "A afirmação não procede no caso do BB, que divulga a ina­dimplência por segmentos de mercado (pessoa física, pessoa jurídica e agronegócios) e em to­dos eles os índices situam-se abaixo da média do mercado, mesmo considerando apenas créditos livres", afirmou o ban­co, em nota.

O BB diz ainda que não teve acesso à metodologia utilizada na pesquisa e está à disposição para analisá-la.
Leandro Modé O Estado de S. Paulo 
27 de fevereiro de 2013 

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