Inadimplência em banco público bate a
de banco privado. Banco do Brasil contesta.
Os balanços dos
bancos relativos ao exercício 2012 deixaram uma dúvida no ar: por que a
inadimplência das instituições públicas encerrou o ano em níveis tão inferiores
aos dos bancos privados, levando em conta que as primeiras foram muito mais
agressivas na concessão de crédito?
Um trabalho elaborado pelo economista Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, indica que a resposta está na composição da carteira de empréstimos de cada grupo de instituições.
Um trabalho elaborado pelo economista Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, indica que a resposta está na composição da carteira de empréstimos de cada grupo de instituições.
Mais:
o levantamento
mostra que os índices de calote nos bancos públicos são mais elevados.
Fazendo a ressalva de que não se trata de duvidar da veracidade dos dados dos bancos públicos, Pessôa explica a hipótese sobre a qual trabalhou.
Fazendo a ressalva de que não se trata de duvidar da veracidade dos dados dos bancos públicos, Pessôa explica a hipótese sobre a qual trabalhou.
O crédito no
Brasil é composto por recursos livres (de mercado) e direcionados (dinheiro
do governo voltado para algum segmento específico, como, por exemplo,
empréstimos imobiliários).
Historicamente, a taxa de inadimplência no crédito com recursos direcionados é bem inferior à taxa com recursos livres. Como os bancos públicos têm em suas carteiras um peso maior de crédito direcionado, a conclusão de Pessôa é de que "a inadimplência geral nessas instituições é mais baixa por um efeito de composição".
Quando a comparação se restringe apenas ao crédito concedido com recursos livres, os números apurados por Pessôa mostram inadimplência mais alta nos públicos do que nos privados. Na hipótese em que a inadimplência do crédito com recursos direcionados é de 1%, o índice de calote nos recursos livres ficaria em 6,8% nos bancos públicos em dezembro, ante 5,2% nos privados.
"Aparentemente, os bancos públicos são menos eficientes do que os privados quando operam com recursos livres", disse o pesquisador. Ele observa que não é possível afirmar categoricamente que essa conclusão é verdadeira porque os dados divulgados pelo Banco Central (BC) não permitem uma avaliação mais profunda da situação.
Os dados do trabalho de Pessôa englobam, entre as instituições públicas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A taxa de inadimplência de 1% nos créditos com recursos direcionados utilizada na hipótese do pesquisador foi obtida justamente a partir de números dos balanços do BNDES.
Ao final do quarto trimestre de 2012, a inadimplência acima de 90 dias no Itaú estava em 6,9% nas operações para pessoas físicas.
Historicamente, a taxa de inadimplência no crédito com recursos direcionados é bem inferior à taxa com recursos livres. Como os bancos públicos têm em suas carteiras um peso maior de crédito direcionado, a conclusão de Pessôa é de que "a inadimplência geral nessas instituições é mais baixa por um efeito de composição".
Quando a comparação se restringe apenas ao crédito concedido com recursos livres, os números apurados por Pessôa mostram inadimplência mais alta nos públicos do que nos privados. Na hipótese em que a inadimplência do crédito com recursos direcionados é de 1%, o índice de calote nos recursos livres ficaria em 6,8% nos bancos públicos em dezembro, ante 5,2% nos privados.
"Aparentemente, os bancos públicos são menos eficientes do que os privados quando operam com recursos livres", disse o pesquisador. Ele observa que não é possível afirmar categoricamente que essa conclusão é verdadeira porque os dados divulgados pelo Banco Central (BC) não permitem uma avaliação mais profunda da situação.
Os dados do trabalho de Pessôa englobam, entre as instituições públicas, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A taxa de inadimplência de 1% nos créditos com recursos direcionados utilizada na hipótese do pesquisador foi obtida justamente a partir de números dos balanços do BNDES.
Ao final do quarto trimestre de 2012, a inadimplência acima de 90 dias no Itaú estava em 6,9% nas operações para pessoas físicas.
No Bradesco, era
de 6,2%, e no BB, em 2,6%.
Ontem, em sua primeira nota de crédito de 2013, o BC informou que a inadimplência do sistema financeiro caiu de 8% em dezembro para 7,9% em janeiro nas pessoas físicas.
Posição do BB.
Ontem, em sua primeira nota de crédito de 2013, o BC informou que a inadimplência do sistema financeiro caiu de 8% em dezembro para 7,9% em janeiro nas pessoas físicas.
Posição do BB.
O Banco do
Brasil e a Caixa Econômica Federal contestam as conclusões de Pessôa. "A
afirmação não procede no caso do BB, que divulga a inadimplência por segmentos
de mercado (pessoa física, pessoa jurídica e agronegócios) e em todos eles os
índices situam-se abaixo da média do mercado, mesmo considerando apenas créditos
livres", afirmou o banco, em nota.
O BB diz ainda que não teve acesso à metodologia utilizada na pesquisa e está à disposição para analisá-la.
O BB diz ainda que não teve acesso à metodologia utilizada na pesquisa e está à disposição para analisá-la.
Leandro Modé O Estado de S. Paulo
27 de fevereiro de 2013
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