À época, o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho, concorreu pelo PSB assim como Ciro Gomes, ex-tucano convertido para posições de centro-esquerda, concorreu pelo PPS com o apoio do PDT e da Força Sindical. O cenário só não ficou mais bagunçado no rumo do “centro” da política porque com a presença de José Serra, ainda que secundado pela então deputada federal capixaba Rita Camata (PMDB), toda eleição tornou-se tensa e polarizada.
Passada uma década e após a ampliação da base aliada através dos custos da tal da governabilidade (por dentro e com rubrica), o governo da ex-guerrilheira encontra-se perto de um início de ruptura interna. Não se trata apenas da natural antecipação de alianças eleitorais e da legítima pretensão de liderança por partidos políticos. O tema de fundo é a ausência de diferenciação programática e, pior, de prática política.
Qualquer estudante de ciência política ou áreas afins deve conhecer uma das bases do jogo de alianças baseado na interação estratégica:
“o amigo do meu amigo pode ser meu amigo, o inimigo do meu inimigo pode ser meu amigo e o amigo do meu inimigo pode ser meu inimigo”.
O problema na atual “governabilidade” é que quase todos podem ser quase tudo, havendo pouca ou nenhuma diferenciação entre legendas, lideranças e formas de conduta.
Neste país, quem ocupa a aliança de situação posiciona-se de forma transitória, tal e como os postos da oposição. Materializam esta análise as migrações partidárias e a criação do PSD, racha do DEM por executor das tradições udenistas, e agora a legenda de ocasião da ex-ministra Marina Silva.
Quando todos podem ser “amigos” e quase ninguém quer ser “inimigo”, o cenário político é confuso e esvaziado.
É nesta fauna de alianças ocasionais e legendas sem coesão interna que pode aparecer uma “nova” figura de proa, de dentro da base do governo, a exemplo de Eduardo Campos, levando de roldão uma parte considerável da base “aliada”, começando por peemedebistas.
27 de fevereiro de 2013
Bruno Lima Rocha é cientista político
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