Candidatura de Paulo Teixeira à presidência do PT prega renovação, mas sem falar de mensalão. ‘Queremos um debate pós-Ação Penal 470’, afirmou deputado ao GLOBO
Apesar de se apresentar como um nome de renovação, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) lançará sua candidatura a presidente do PT, na próxima sexta-feira, sem abordar o escândalo do mensalão, que sangrou o partido nos últimos sete anos e culminou com a condenação de ex-dirigentes da sigla no ano passado. Teixeira, da corrente Mensagem ao Partido, disputará a eleição em novembro com o atual presidente e candidato à reeleição Rui Falcão, que é apoiado pela ala majoritária, a Construindo um Novo Brasil (CNB).
— Queremos um debate pós-Ação Penal 470 — afirmou Teixeira ao GLOBO, seguindo o discurso petista de não usar o termo “mensalão” e de querer virar a página.
Embora a disputa pela presidência do PT seja uma tradição no partido — considerada por eles um sinal de vitalidade partidária e importante para promover o debate — a candidatura de Teixeira desagradou integrantes da ala majoritária. Desta vez, eles queriam transformar o Processo de Eleições Diretas (PED) em uma grande festa, como sinal de unidade após o julgamento do mensalão.
O PT também pretende usar o PED para fazer um ato de pré-campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, e integrantes da corrente majoritária temem que a disputa pela presidência do partido acabe ofuscando essa agenda. A reeleição de Falcão tem o apoio de cerca de 60% do partido.
Na prática, a candidatura de Teixeira tem o objetivo de marcar posição, mas até certo ponto:
— Não queremos um ambiente de disputa fratricida. Vamos fazer um debate de atualização programática, mas em clima de unidade partidária. E o fundamental é a defesa do governo Dilma — afirmou o deputado, que assumiu no mês passado a Secretaria Nacional de Comunicação do PT.
Principal liderança da Mensagem, o governador Tarso Genro (RS), conhecido pelas críticas ao próprio partido, estará presente no encontro nacional de sua corrente, na sexta-feira, quando será lançada a candidatura de Teixeira. Em 2005, com o escândalo do mensalão, Genro assumiu a presidência do PT e passou a defender a “refundação” do partido. Recentemente, criticou os colegas que reclamaram do julgamento no Supremo.
Falcão, da corrente Novos Rumos, que atua junto com a CNB, assumiu a presidência do PT em abril de 2011, devido ao afastamento, por motivo de saúde, do então presidente José Eduardo Dutra. No último PED, em 2009, Dutra derrotou o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pertencente à Mensagem.
19 de março de 2013
Fernanda Krakovics - O Globo
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