Levantamento da CNM aponta que Saúde é área com mais problemas
Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta que quase a metade (46%) de 4.023 dos 5.568 prefeitos brasileiros que responderam a um questionário produzido pela entidade informou ter encontrado uma situação ruim ou péssima nas cidades. Nos últimos dois meses, a CNM apresentou 11 perguntas sobre o retrato das prefeituras.
De acordo com a CNM, 2.450 (62%) de 3.934 prefeitos reclamaram da falta ou do sucateamento dos equipamentos públicos. A área da Saúde, por sua vez, aparece em primeiro lugar entre os maiores obstáculos, segundo 2.105 (47%) dos chefes de Executivo. Já questões relacionadas à infraestrutura vêm em seguida: 1.167 (26%). Para 433 deles (10%), a Educação está na terceira colocação entre as principais dificuldades .
A pesquisa abordou ainda o endividamento dos municípios. Dos 3.897 prefeitos que responderam a esta questão, 2.339 (60%) contaram ter dívidas com fornecedores de, em média, 5,7 meses. A CNM perguntou também se recursos correntes, como Fundo de Participação dos Municípios e ICMS, seriam suficientes para “pôr a casa em ordem” nesses primeiros meses de gestão. Das 3.810 respostas, 2.378 (62%) afirmaram que não.
Em 857 cidades (22%) do total de 3.912, os prefeitos admitiram atrasos na folha de pagamento de pessoal em cerca de 1,73 meses. Os gestores de 597 (15%) de 3.958 cidades contaram que, por enquanto, não pagaram o 13º salário dos funcionários referentes ao ano passado.
— Não adianta fazer apenas reuniões com os prefeitos. Não adianta dar remédio para baixar a febre, se a pneumonia já tomou conta dos dois pulmões. Essa pesquisa mostra a gravidade em que os prefeitos do Brasil iniciarão a gestão este ano — disse o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski.
Para Mônica Pinhanez, professora da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), os números da pesquisa retratam a falta de capacitação:
— Muitos prefeitos não sabem administrar. Às vezes, nem é questão de má fé. Falta treinamento, conhecimento com questões orçamentárias. Tem município que faz fronteira com outros país ou com os próprios estados que não têm computador. A Lei de Responsabilidade Fiscal é firme. Agora, o gestor precisa aprender a gerir neste limite.
De 4.007 prefeitos que responderam, ainda que parcialmente o questionário, 2.066 (52%) são de oposição e iniciaram o primeiro mandato este ano. Deste total, 1.515 disseram ter recebido uma “herança maldita” dos antecessores. Outros 1.941 (48%) foram reeleitos ou eleitos por políticos aliados que já estavam no poder. Destes, apenas 346 admitiram iniciar o segundo mandado em situação ruim ou péssima.
19 de março de 2013
Cássio Bruno - O Globo
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