Um assunto recorrente nos dias de hoje é a tal “crise na escola”. O que
muitos não se dão conta, é que esta crise decorre não do esgotamento natural de
um sistema, mas da destruição paulatina daquilo que entendemos por educação. E
essa destruição ocorre de forma dissimulada.
O fato é que está em andamento um processo complexo, que preconiza o desmantelamento da educação tal como a conhecemos. Trata-se de uma série de ações em que as demandas por um “novo tempo” rechaçam o engrandecer do espírito de reflexão do individuo, tendo como foco o jovem em formação.
Tudo em nome de adequações culturais (o que é extremamente questionável do ponto de vista antropológico) e conceitos igualitários louváveis em sua essência, mas discutíveis quanto à forma pela qual se propõe a aplicá-los.
Esse processo embute o solapamento da consciência do individuo em favor de uma espécie de pensamento único, com bandeiras bem claras. Este pensamento único reivindica-se dono de uma verdade absoluta.
Neste contexto, qualquer intento de permitir ao jovem em formação compreender seu papel no mundo, estimulá-lo a disciplinar seu pensamento, a valorizar a importância de sua autoconsciência, tudo é considerado um atraso, um atentado à liberdade da criança e do adolescente em escolher, por si mesmo, o que julga importante para a sua vida.
Considerando-se essa situação, não é de surpreender o comportamento autodestrutivo crescente do jovem de hoje. Afinal, que valor ele deveria dar a vida, se jamais lhe foi proposto refletir sobre ela, sopesando as consequências de seus atos sobre a sua existência e à dos demais que lhe estão próximos? E, mais importante: que percepção ele terá sobre o que estão fazendo com a vida dele, uma vez que jamais foi encorajado a desenvolver seu senso critico?
“LIBERDADE”
Em tempo, o uso que se faz da palavra liberdade lhe revelam novos sentidos, por demais elásticos e, assim, convenientes em qualquer situação, na qual outros termos, menos dignos, porém mais apropriados, caberiam melhor.
Reparem a forma como nossos jovens são tratados e retratados na mídia. O espantoso reside no fato de que uma amostra de meia dúzia de indivíduos, alienados de seu histórico familiar, guiados por um roteiro prévio onde todos sabem que opiniões devem ser as mais adequadas (elementar pressão de grupo) é tomada, em regra, como representante dos anseios de todo um universo. A partir daí, isto se torna mais uma arma para aqueles que defendem a derrubada de qualquer outro modo de pensar que não se coadune com os “novos tempos”, tão caros a determinados segmentos, mas deliberadamente tornados obtusos quanto ao que realmente significam.
Não que o jovem não deva ter voz. Contudo, não há por que ter receio em afirmar que não estão preparados para atuar sobre tudo. Por duas razões: em primeiro lugar, sempre foram alvo daqueles que os tinham (e os têm) como massa de manobra para fins nem sempre dignos; em segundo, há de se considerar a experiência de vida, que sempre tem muito a nos dizer. Se os mais experientes aprendem a cada dia, reavaliam suas crenças e opiniões, por que acreditar que jovens imaturos devem ser os fieis da balança de nossos dias?
O jovem rebelde é tudo, menos um super-homem. Sua rebeldia nada mais é do que um sinal de sua fragilidade, do tatear de quem começa a lidar com o mundo. E é justamente esta característica que o torna presa fácil dos vampiros de números, que precisam de multidões que deem a aparência de legitimação aos seus interesses. A multidão fascina…
O objetivo maior, hoje, é a derrubada, sem critério algum, de toda e qualquer forma de tradição (atualmente palavra maldita) em favor de novas maneiras de pensar e agir, em nome dos anseios de uma “nova era”. O que é uma contradição, em si. Pois se algo se tornou tradicional é porque resistiu às mudanças temporais, consolidou-se a despeito da fluidez dos costumes.
Uma tradição pode ser questionada. Mas questionar é muito diferente de extirpar e classificar como peças de museu vivas aqueles que se arriscam a defender a relevância de certos valores, sobretudo numa sociedade carente de um norte, perdida e atônita, que olha para a frente e não tem a menor ideia do que está por vir.
Uma vez abandonados num caminho escuro, os jovens devem se lançar nele sem qualquer apoio, ou amparando-se naqueles para quem as trevas são simples estorvo, pois conhecedores do caminho?
19 de março de 2013
Ricardo Dantas Faria
O fato é que está em andamento um processo complexo, que preconiza o desmantelamento da educação tal como a conhecemos. Trata-se de uma série de ações em que as demandas por um “novo tempo” rechaçam o engrandecer do espírito de reflexão do individuo, tendo como foco o jovem em formação.
Tudo em nome de adequações culturais (o que é extremamente questionável do ponto de vista antropológico) e conceitos igualitários louváveis em sua essência, mas discutíveis quanto à forma pela qual se propõe a aplicá-los.
Esse processo embute o solapamento da consciência do individuo em favor de uma espécie de pensamento único, com bandeiras bem claras. Este pensamento único reivindica-se dono de uma verdade absoluta.
Neste contexto, qualquer intento de permitir ao jovem em formação compreender seu papel no mundo, estimulá-lo a disciplinar seu pensamento, a valorizar a importância de sua autoconsciência, tudo é considerado um atraso, um atentado à liberdade da criança e do adolescente em escolher, por si mesmo, o que julga importante para a sua vida.
Considerando-se essa situação, não é de surpreender o comportamento autodestrutivo crescente do jovem de hoje. Afinal, que valor ele deveria dar a vida, se jamais lhe foi proposto refletir sobre ela, sopesando as consequências de seus atos sobre a sua existência e à dos demais que lhe estão próximos? E, mais importante: que percepção ele terá sobre o que estão fazendo com a vida dele, uma vez que jamais foi encorajado a desenvolver seu senso critico?
“LIBERDADE”
Em tempo, o uso que se faz da palavra liberdade lhe revelam novos sentidos, por demais elásticos e, assim, convenientes em qualquer situação, na qual outros termos, menos dignos, porém mais apropriados, caberiam melhor.
Reparem a forma como nossos jovens são tratados e retratados na mídia. O espantoso reside no fato de que uma amostra de meia dúzia de indivíduos, alienados de seu histórico familiar, guiados por um roteiro prévio onde todos sabem que opiniões devem ser as mais adequadas (elementar pressão de grupo) é tomada, em regra, como representante dos anseios de todo um universo. A partir daí, isto se torna mais uma arma para aqueles que defendem a derrubada de qualquer outro modo de pensar que não se coadune com os “novos tempos”, tão caros a determinados segmentos, mas deliberadamente tornados obtusos quanto ao que realmente significam.
Não que o jovem não deva ter voz. Contudo, não há por que ter receio em afirmar que não estão preparados para atuar sobre tudo. Por duas razões: em primeiro lugar, sempre foram alvo daqueles que os tinham (e os têm) como massa de manobra para fins nem sempre dignos; em segundo, há de se considerar a experiência de vida, que sempre tem muito a nos dizer. Se os mais experientes aprendem a cada dia, reavaliam suas crenças e opiniões, por que acreditar que jovens imaturos devem ser os fieis da balança de nossos dias?
O jovem rebelde é tudo, menos um super-homem. Sua rebeldia nada mais é do que um sinal de sua fragilidade, do tatear de quem começa a lidar com o mundo. E é justamente esta característica que o torna presa fácil dos vampiros de números, que precisam de multidões que deem a aparência de legitimação aos seus interesses. A multidão fascina…
O objetivo maior, hoje, é a derrubada, sem critério algum, de toda e qualquer forma de tradição (atualmente palavra maldita) em favor de novas maneiras de pensar e agir, em nome dos anseios de uma “nova era”. O que é uma contradição, em si. Pois se algo se tornou tradicional é porque resistiu às mudanças temporais, consolidou-se a despeito da fluidez dos costumes.
Uma tradição pode ser questionada. Mas questionar é muito diferente de extirpar e classificar como peças de museu vivas aqueles que se arriscam a defender a relevância de certos valores, sobretudo numa sociedade carente de um norte, perdida e atônita, que olha para a frente e não tem a menor ideia do que está por vir.
Uma vez abandonados num caminho escuro, os jovens devem se lançar nele sem qualquer apoio, ou amparando-se naqueles para quem as trevas são simples estorvo, pois conhecedores do caminho?
19 de março de 2013
Ricardo Dantas Faria
Nenhum comentário:
Postar um comentário