O desleixo é um dos maiores obstáculos à modernização da gestão pública nas três instâncias federativas. Os maus exemplos vêm de cima, gerando o efeito dominó da ineficiência.
Veja-se o caso da Lei Seca. Necessária para diminuir o índice de acidentes, no início, a lei correspondeu às expectativas.
Registrou-se sensível queda no número de acidentes. Ao correr do tempo, a fiscalização relaxou, tanto por causa da falta de bafômetros quanto por conta da recusa dos motoristas a se submeterem ao teste. As leis, por aqui, começam agigantadas e acabam banalizadas. Ou, para não perder o contraponto, leis secas acabam molhadas.
A incúria é doença crônica da administração pública. Veja-se o caso das agências reguladoras, criadas para controlar serviços públicos.
Cumprem suas funções? De maneira precária. Exemplo é o caos nos aeroportos em algumas épocas do ano.
A falta de rigor, a leniência e a politicagem ditam o modus operandi dos órgãos de controle de serviços essenciais. Juntando-se o desleixo à esperteza, forma-se a teia dos esquemas de corrupção que se espraiam pela malha administrativa.
CARTÓRIOS
Os cartórios são provas eloquentes do passado ressuscitado. São os bastiões da cultura arcaica. Qual sua serventia se não a de mostrar que a palavra não serve para nada? Hélio Beltrão, em julho de 1979, tentou acabar com essas maracutaias por meio do Programa Nacional de Desburocratização. Perdeu a guerra. Hoje, a pilha de documentos do cidadão atinge os píncaros.
A malandragem avança sob a égide de lições não tanto cívicas: “Faça o que eu digo, não faça o que faço. Aos amigos, pão; aos adversários, pau. Nossa balança tem dois pesos e duas medidas. E e a lei? ah, é pra inglês ver”. (transcrito do jornal O Tempo)
02 de maio de 2013
Gaudêncio Torquato
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