Contra emoções, os argumentos são quase sempre ineficazes. Mas diante das fotos e do artigo de Helena Bocayuva sobre a tortura no regime militar é necessário, a bem da verdade histórica, ressaltar alguns aspectos.
Sou militar da reserva e emprego aqui os termos que já li em algum lugar: tenho nojo de torturadores. Nunca um companheiro de armas regozijou-se de ter cometido a violência contra outro ser humano impotente. Mas tenho também nojo dos terroristas; e são terroristas, sim, todos os que, mesmo sem pegar em armas, colaboraram com o terror. São coautores.
O jornalismo e militância confessa de Helena Bocayuva, por outro lado, são incompatíveis e fragilizam os depoimentos colhidos. O que fizeram estas senhoras para serem presas e torturadas, sem que isto justifique, apenas explique a tortura? Que informações detinham? Por fim, é impossível não lançar à D. Lúcia uma pergunta final: se é aterrador descobrir que por trás da tortura havia a defesa de um Estado autoritário, como ela se sentia, já adulta, defendendo a implantação de um estado comunista, um autoritarismo mais homicida que o nazismo?
O espaço que às vezes me concede A TARDE não permite que eu me alongue, sob pena de, ao resumir o texto para edição, mutilem as minhas idéias, mas dele me sirvo para estimular outros leitores a refletir sobre esta tal verdade, que vem sendo, autoritariamente imposta.
30 de maio de 2013
Roberto Maciel é General de Divisão na Reserva
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