"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 25 de junho de 2013

ASILO POLÍTICO AGORA É NO EQUADOR...


Ponto de vista de cima do obelisco que demarca a divisão dos hemisférios - Cidade San Antônio de Pichincha. Fotografia: Fabrizio Albuja (2010)
O Equador é um país às margens do Oceano Pacífico na América do Sul que possui este nome por ter a demarcação geográfica da linha que divide o hemisfério norte do hemisfério sul.  Com cerca de 14 milhões de habitantes e um território muito inferior e extensão à grande maioria dos estados brasileiros, tem se tornado uma dor de cabeça para a governança norte-americana.
Tudo começa no período da Segunda Guerra Mundial, com os conflitos entre os Aliados e o Eixo. O Equador é um país que fez parte do Império Inca e com a desculpa dessa herança histórica, o Peru aproveita essa confusão mundial para invadir a soberania do país.
Em 29 de janeiro de 1942, na cidade maravilhosa, em reunião das nações que iriam discutir questões relacionas à guerra, firma-se um acordo de paz entre Equador e Perú chamado Protocolo do Rio de Janeiro que praticamente retirou toda a área a amazônica pertencente originalmente ao país da equatorial.
Em agosto de 1979, surge no Equador um presidente que poderia ter sido o “Chaves” que deu certo. Jaime Roldós Aguilera, intelectual de ideologia realmente socialista, pronunciou um discurso histórico em duas línguas: Espanhol e Quechua.
Considerando que grande parte da população equatoriana ainda mantém as tradições indígenas das várias tribos que faziam parte do grande estado Inca, discursar no dialeto-mater se torna uma jogada de marketing político fortíssima do conceito nacionalista.
Essa proposta se alia ao pensamento soviético, motivo pelo qual há teorias conspiratórias que indicam que o assassinato do Presidente Roldós, em 1981, fora planejado e executado pelo serviço secreto norte americano.
Mas por qual motivo ele seria o “Chaves” que poderia ter dado certo? Simples, ele não era de origem militar, foi eleito democraticamente, tinha grande conhecimento e competência diplomática e o maior medo dos Estados Unidos, o poder da comunicação.
E qual o interesse que o Equador teria em dar asilo político aos “inimigos” dos Estados Unidos como Edward Snowden e Julian Assange? A resposta está justamente na proteção da soberania.
O Equador é um país com o certificado de zona livre de analfabetismo declarado pela Unesco, com uma das maiores diversidades de fauna nas Ilhas Galápagos , autossuficiente no que se refere a combustíveis e civilidade da população de dar inveja em muitos países, inclusive ao Brasil. Assim, aderem a uma nova geração de nações, a população pensante.
Como já dizia Platão: “pensar é perigoso”.  Perigoso para a terra do Tio Sam.
 
25 de junho de 2013
Fabrizio Albuja é Jornalista e Professor Universitário.

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