"A verdade será sempre um escândalo". (In Adriano, M. Yourcenar)

"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o soberno estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade."
Alexis de Tocqueville (1805-1859)



terça-feira, 25 de junho de 2013

CAIXA DA OGX SÓ SUPORTA MAIS UM ANO, DIZ HSBC. E O PARCEIRO LULA, O QUE DIZ?

Empresa de petróleo e gás do conglomerado de Eike Batista pode estar por um fio
 

A OGX, do empresário Eike Batista, diz estar capitalizada até 2013
Empresário Eike Batista poderá injetar R$ 1 bilhão na OGX (Fernando Cavalcanti/Exame)

A OGX dispõe atualmente de recursos que sustentam a operação da empresa por, no máximo, um ano, diz relatório do banco HSBC, distribuído a clientes. “A posição de caixa (1,1 bilhão de dólares) e o consumo trimestral de 500 milhões de dólares são uma preocupação: a atual posição sustenta apenas mais três trimestres ou quatro”, diz o relatório, que considera imprescindível o aporte de 1 bilhão de dólares na empresa, prometido por Eike Batista.
 
Em outubro do ano passado, Eike outorgou à companhia o direito de exigir que ele subscreva, até abril de 2014, novas ações correspondentes a até 1 bilhão de dólares, uma maneira que encontrou de mostrar ao mercado que aposta em seu negócio. Mas, condicionou a operação à avaliação da “maioria dos membros independentes do Conselho de Administração da Companhia”, como destacou no fato relevante.
 
A renúncia dos ex-ministros Pedro Malan e Rodolpho Tourinho, além da ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, do conselho de administração da petroleira, na semana passada, torna, então, mais improvável a injeção de recursos do controlador para ajudar a tirar a empresa da profunda crise financeira em que se encontra. Os três eram conselheiros independentes e, com sua saída, apenas dois integrantes mantêm essa condição. Até abril deste ano, quando o consultor Claudio Sonder também deixou o grupo, eram seis os membros independentes do conselho.
 
Os dois remanescentes (Luiz do Amaral de França Pereira e Samir Zraick), que participam também dos conselhos de LLX, MMX, MPX, OSX e CCX, teriam ambos de exigir o exercício da “put” (opção de venda) prometida por Eike. Os conselheiros devem levar em conta “a necessidade de capital social adicional da companhia e ausência de alternativas mais favoráveis”. Pessoas que acompanham de perto as operações da OGX consideram difícil essa tomada de posição pelos dois conselheiros, egressos de Vale e Caemi, com relação antiga com Eike Batista. A saída de Malan, Tourinho e Ellen Gracie, porém, revela um desprestígio político do grupo EBX. Até agora, as boas relações de Eike com todas as esferas governamentais parecia inabalável.
 
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Ação da OGX cai 78% no ano e lidera perdas nas Américas

 
A OGX não pretende indicar novos conselheiros independentes para as três vagas. Em resposta ao acionista minoritário Willian Magalhães, a área de Relações com Investidores da petroleira informou que os conselheiros renunciaram a seus cargos, sem dar maiores detalhes sobre seus motivos. Segundo o investidor, a empresa disse que não convocará uma assembleia para indicar outros conselheiros. 
 
Detentor de 21 mil ações da OGX, ele afirma, entretanto, que não vê uma relação direta entre a mudança no conselho e o exercício da put (opção de venda) de 1 bilhão de dólares por Eike Batista. Magalhães vem tentando organizar os minoritários para instituir um conselho fiscal na OGX.

Inferno astral - Eike já foi amplamente criticado por ter vendido, recentemente, uma fatia de 2,2% das ações da empresa, fato que levantou ainda mais dúvidas sobre a solidez da petroleira. A notícia foi a propulsora de uma falta de confiança no pagamento das obrigações: os títulos de dívida no exterior de longo prazo chegaram a níveis técnicos que embutem percepção de reestruturação ou calote. O quadro se agravou com os rumores sobre a reestruturação da dívida de companhias do grupo EBX e o rebaixamento, pela agência de classificação de risco Fitch, da perspectiva do rating da OGX para a categoria C, que indica a possibilidade de não honrar suas dívidas.
 
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Mudança de comando - No mercado, no entanto, há quem aposte que o esforço de renegociação das dívidas do Grupo X deve resultar não apenas numa nova estrutura de capital, mas também na saída de Eike do controle dos negócios. Contudo, a falta de transparência no processo de mudança da gestão do grupo tem gerado mais dúvidas em relação à saúde financeira e à sustentabilidade das empresas.
 
Uma reportagem do The New York Times sobre a ascensão e a queda de Eike Batista alerta para a possibilidade de o bilionário acabar perdendo o controle do seu "decrescente império" e destaca que seus credores estão cada vez mais aflitos. Segundo a publicação, com a queda no mercado de ações do Brasil e no valor do real em meio aos protestos que tomaram conta do país, os bilhões de Eike estão "evaporando".
 
"A OGX vive uma crise de fluxo de caixa. Mas, tem projetos interessantes, ativos a vender. Acredito que, em algum momento, deva mudar de dono”", diz o economista Edmar Almeida, do Grupo de Economia de Energia da UFRJ. Para ele, a intensa crise financeira da companhia não corresponde exatamente a sua situação. "“Produção de petróleo é um negócio de alto risco. O problema é o enorme descompasso entre a expectativa vendida pela empresa e o que está sendo entregue."”

25 de junho de 2013
Veja
(com Estadão Conteúdo)

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