A saída de investidores estrangeiros do Brasil, que apenas em junho tiraram do país US$ 4 bilhões, deixa um rastro de destruição, sobretudo para os pequenos poupadores e para as aposentadorias.
A Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&Bovespa) levou ontem um tombo de 3,01% e fechou aos 49.769 pontos — foi a primeira vez que o indicador ficou abaixo dos 50 mil pontos desde agosto de 2011.
Com o resultado, o primeiro semestre caminha para ser o pior desde o auge da crise de 2008, quando o Ibovespa, índice que reúne as principais ações brasileiras, afundou 42,25%.
Esse derretimento pode atrapalhar ainda a aposentadoria de brasileiros que aplicaram seus recursos em fundos de previdência ancorados em ações — no ano, a perda dessa modalidade de investimento chega a 10,17%. Para quem apostou nos fundos que compram títulos do governo, o prejuízo também foi grande.
Os Fundos de Renda Fixa Índices, que são formados por papéis emitidos pelo Tesouro Nacional chamados de NTN-B, encolheram 2,30% em 2013.
Até mesmo a tradicional poupança não tem se apresentado como opção por não conseguir bater a inflação. Os brasileiros que colocaram o dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em ações da Vale e da Petrobras também registraram perdas — até o momento, elas chegam a 16,17%.
"A situação da BM&FBovespa está um pouco crítica", disse Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset Securities, citando preocupações, no cenário interno, com o crescimento da economia abaixo do previsto, inflação e juros em alta, além da recente desvalorização do real. "Acho que a situação tende a piorar antes de melhorar", avaliou.
Fator externo
Para analistas, o Ibovespa pode cair ainda mais nas próximas semanas e chegar a 45 mil pontos. Além de receios em relação ao Brasil, a recuperação dos Estados Unidos tem provocado mudança nos fluxos de capitais no mundo. Quanto mais a economia norte-americana se recupera, mais investidores tiram recursos de países emergentes para colocar em títulos públicos dos EUA, considerados os mais seguros.
Essa migração de recursos para fora do país pode se intensificar ainda mais diante da possibilidade de que os principais bancos centrais do mundo comecem a retirar estímulos.
Todo esse movimento tornou a bolsa brasileira a de pior desempenho.
No ano, a BM&FBovespa derreteu 18,35%, um contraponto ao resultado de Tóquio, que apresentou valorização de 28,11% impulsionado pelos programas de incentivo do governo japonês, que promete desaguar US$ 605 bilhões ao ano no mercado.
"No Brasil, a intensidade de queda da bolsa aumentou pela recente perspectiva negativa para o rating soberano, o que evidencia a falta de segurança do investidor com nossos formadores de políticas públicas", ponderou Marcelo Torto, analista da Ativa Corretora.
Dia turbulento
As ações nos Estados Unidos fecharam ontem em queda num pregão volátil após o banco central do Japão decepcionar os mercados ao anunciar que não irá alterar o ritmo de seu programa de estímulo. A decisão da autoridade monetária japonesa gerou turbulência em diversos mercados. Nova Iorque fechou em baixa de 0,77%, Frankfurt, por sua vez, recuou 1,03%
Rastro de prejuízos (Em % ao ano)
Investidores estão vendo o patrimônio minguar, diante da falta de credibilidade do governo
A Bovespa está na lanterna
Mercado acionário brasileiros foi o que mais perdeu em 2013
Tóquio 28,11
Buenos Aires 17,33
Nova Iorque 15,40
Zurique 12,47
Frankfurt 8,01
Paris 4,66
Milão 0,08
Madrid -0,96
Shangai -2,57
México -8,67
São Paulo - 18,35
Aposentadoria ameaçada
Várias das principais aplicações da classe média estão no vermelho
FGTS com ações da Vale e da Petrobras -16,17
Fundo de ações Ibovespa -12,95
Fundos de previdência com ações -10,17
Fundos multimercados -7,18%
Fundo de renda fixa índices -2,30
Fonte: Mercado
12 de junho de 2013
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